Capítulo 4 Marido e mulher

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As trevas caíram sobre a cidade em ondas suaves, como se refletissem a suave ondulação do mar que cercava as margens desta cidade. O cheiro de sal, areia e brisa do mar entrava pelas janelas abertas das pessoas que terminavam o dia, e toda a cidade relaxou sob o som calmante da água acariciando a costa. 

Na calma aparentemente inabalável, um carro branco corria em direção ao centro da cidade. Uma jovem de óculos escuros, duma camisa folgada e casual e dum jeans azul claro estava sentada no banco do passageiro, observando a linha do horizonte pela janela. Ela fechou os olhos e respirou fundamente, seus cabelos longos caindo pelos ombros. 

Nayeon passou o dia inteiro com a mãe e estava na hora de retornar à família Kim. Ocasionalmente, ainda tinha a sensação de viver num sonho. O fato de ter retornado ao seu país natal flutuava como o som de música distante em sua cabeça. 

Foi-se Roma, com suas basílicas e ruas de paralelepípedos brilhando sob a iluminação das ruas. Agora estava na Cidade G, um lugar que era familiar e estranho ao mesmo tempo para ela. 

O carro girou bruscamente e entrou em seu destino, tirando Nayeon de suas reflexões. Um grande jardim a recebeu quando o veículo entrou numa das melhores comunidades da cidade. Todo o local foi projetado em estilo gótico e a porta de ferro vermelho foi aberta para receber a visita dela. No jardim haviam flores de todos os tipos, o que dava uma atmosfera calorosa e acolhedora. 

Os proprietários da propriedade, a família Kim, eram sem dúvida uma família de muitos recursos. Além disso, muitas pessoas os consideravam os mais poderosos da cidade. 

A mansão ergueu-se como uma fortaleza impenetrável, produzindo admiração e reverência a quem estivesse lá. As paredes brilhavam com o pôr do sol e luzes deslumbrantes brilhavam através dos vidros das janelas. Nayeon sentiu seu estômago revirar apesar da vista magnífica que se desenrolava à sua frente. A família Kim, apesar do seu estado social invejável, não tinha trazido um pouco de felicidade à vida dela. Reuniu coragem quando sentiu o carro parar. Mais uma vez estava de volta nesse lugar miserável. 

"Senhora Kim (esposa do Kim Taehyung), chegamos", disse o motorista em voz baixa. 

Depois de estacionar o carro, o homem saiu e abriu cerimoniosamente a porta para Nayeon. 

Nayeon deu um sorriso educado ao cavalheiro e saiu do carro. Tirou os óculos escuros e olhou para a casa do tamanho dum castelo, com um leve sorriso frio quase imperceptível nos lábios. 

'Senhora. Kim', ela zombou, que irônica. Parecia que eles ainda estavam dispostos a manter a farsa. 

"Nayeon está de volta!" anunciou uma voz no meio da sala. 

Na sua frente não havia outro senão Horace, seu sogro, o chefe da família. Os anos deixaram seu rastro no rosto dele: linhas profundas que se estendiam na testa e enrugavam os cantos dos olhos, mas que, em vez de dar ao Horace uma aparência de velhice, deram a ele um charme cavalheiresco, semelhante ao do vinho velho. Seu rosto revelou um sorriso suave quando ele a recebeu. 

"Nayeon, finalmente você voltou!" Ele exclamou quando a viu, abrindo os braços, mas antes que ele pudesse cercá-la, uma exclamação aguda ecoou por trás. "Oh meu Deus, o que você está vestindo agora?" , disse uma voz feminina. 

Usando um vestido macio e solto que caracterizava tipicamente as mulheres da classe alta, Jill Xie caminhou até o lado do marido Horace, erguendo uma sobrancelha perfeitamente arqueada para as roupas da Nayeon. Nem se incomodou em esconder seu descontentamento enquanto olhava para Nayeon. 

Jill era a esposa do Horace, uma dama de grande estima, e era impensável para ela parecer vestida como a sua nora. Ela olhou com horror para Nayeon, parando na camisa de algodão e jeans, como se a existência dessas roupas fosse um crime impensável. Era absolutamente incomum uma dama de sua posição se vestir de trapos. 

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