Fugitiva

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Acordei com a cabeça latejando. Parecia que estava prestes a explodir. Olhei para o relógio, que marcavam 5:27 AM. O céu ainda estava escuro e fazia muito frio. Eu resolvi levantar da cama para respirar um pouco de ar fresco. Mas claro, tudo no maior silêncio possível, para não acordar Traste e evitar futuros sermões.
Caminhei lentamente até a entrada, que ficava na cozinha, e abri a porta. Me surpreendi ao ver a grande quantidade de neve que caía do céu da California. Era lindo, apesar da pouca visibilidade. Entrei rápida e silenciosamente em casa, e fui até meu quarto. Peguei o primeiro casaco que vi e me enrolei nele, caminhando novamente para fora de casa.
Senti no rosto o vento e as pequenas partículas geladas que voavam suavemente pelos ares. Fechando a porta atrás de si, comecei a caminhar pela minha calçada, até que me acomodei em um canto onde não caía muita neve.
Meu primeiro pensamento foi Robert. Será que eu estava mesmo apaixonada por ele? Não devia pensar nessas coisas agora. Tenho que manter o foco nesse meu sonho que está, finalmente, acontecendo.
Mas era difícil desviar os pensamentos de Robert, pois ele esteve comigo o tempo todo, foi ele quem me ajudou. E eu serei eternamente grata por tudo o que ele fez.
•••
Faltava apenas uma semana para o grande dia. Eu não conseguia acalmar meus nervos! Acordava ansiosa todos os dias, contando cada segundo, e cada dia ficava mais próxima de Robert. Talvez ele também estivesse gostando de mim.
O tempo passou rapidamente enquanto eu estava perdida nos meus pensamentos, quando olhei no relógio já eram 6:17 AM. Levantei correndo da calçada e entrei em casa, me deparando com Traste.

- O que pensa que estava fazendo? - disse ela olhando-me com uma expressão sádica
- E-eu estava só tomando um ar - fiquei um pouco nervosa e comecei a andar rapidamente até meu quarto
Ela segurou meu ombro com força, não me deixando ir
- Ai! - eu disse tentando me soltar
- Da próxima vez que sair de casa de madrugada, eu te encho de tapa - ela começou a apertar meu ombro com mais força
- Me solta, sua louca! - empurrei a mão dela e sai correndo com lágrimas brotando nos meus olhos.
Bati a porta do quarto e tranquei-a, me jogando na cama.
- Por que, Deus, minha vida é tão ruim? O que eu fiz para merecer essa merda que eu chamo de madrasta? - comecei a lamentar e chorar, mas em seguida percebi que deveria ser forte. Enxuguei meus olhos e levantei, me arrumando para ir ao colégio, ignorando o mundo a minha volta.
De repente escuto um tranco na porta, e a voz esganiçada de Lorraine

- Seguinte, fedelha. Dia 26 vamos viajar para a casa da sua tia Aryane e vamos passar o final de semana lá. Eu quero que você esteja de malas prontas e sem chiar!

Minha tia, irmã do meu pai, morava do outro lado da California. Eu não gosto dela, e ela também não gosta de mim. E eu odeio viajar, ainda mais ao lado de uma pessoa que eu não suporto. Até que eu me toquei, que dia 26 era quando eu iria conhecer Norman. Maldito dia 26!

- Lorraine eu não vou!!! - eu me encostei na porta e gritei
- Seu pai quer que vá, então cale a boca porque você não tem opções.
- Eu não vou - falei pausamente
- Quantas vezes vou ter que te dizer que você não tem opções, menina idiota?!

Eu ignorei-a e comecei a chorar de novo. Essa não! Era só o que me faltava... Estava tudo perfeito até essa estúpida vir me falar que nós vamos viajar. Eu precisava pensar em algo, e rápido.
Corri para a escola sem nem tomar café da manhã. Fui direto procurar Robert, ele era o único que conseguiria me acalmar numa hora dessas, e o único que conseguiria me ajudar a pensar em algo para fugir das garras daquela decrépita.
Avistei-o no final do corredor, e disparei em sua direção, ignorando as pessoas em minha volta me olhando como se eu fosse um animal.
Ele me viu, e percebeu que eu estava chorando, abrindo os braços para me acolher. Me enterrei nele e o segurei com força.

- O que aconteceu?! - ele perguntou-me desesperado

Eu não conseguia responder de tanto que chorava e soluçava

- Vamos. Eu vou te tirar daqui. - ele começou a caminhar comigo até a porta da escola, e saiu.

Continuou caminhando até uma distância considerável, onde não tinha ninguém para nos atormentar.

- Meu Deus, Luce. O que aconteceu? Por favor não chore, isso acaba comigo - consegui sentir o coração acelerado dele.

Ele me abraçou com mais força e acariciou meu cabelo com a maior doçura do mundo, o que fez com que eu me acalmasse um pouco.

- E-eu - era difícil continuar falando - n-não vou mais.. - e comecei a soluçar novamente
- Não vai mais o que? - Robert estava muito assustado. Coitado, eu não queria deixá-lo tão preocupado
- Não vou mais conhecer Norman - e eu desabei em lágrimas. Minha cabeça estava latejando de tanto que eu chorava.
- Por que não ?!

Eu lhe expliquei a história e ele pareceu frustrado

- Fuja de casa. - ele disse olhando nos meus olhos
- Como assim?

Ele posicionou-me de frente para ele e segurou meus braços

- Fuja, Luce. Apenas fuja. Quando chegar o dia, não olhe para ninguém e fuja assim que surgir a oportunidade.
- Você está louco..? Vou fugir para onde? E eles vão me procurar. E quando acharem, estarei ferrada
- Eu não vou permitir. Não vou deixar que isso acabe com o seu sonho. Você vai conhecer Norman, e tem que arriscar tudo para isso. E eu estarei do seu lado para te ajudar.

Dito isso eu afundei novamente em seus braços. Ele tinha razão.

- Quer saber? Foda-se o mundo. Eu vou conhecer Norman independente de qualquer coisa
- Assim que se fala! - Ele sorriu e segurou meu rosto
Lentamente desmanchando o sorriso e olhando-me nos olhos, Robert inclinou a cabeça até que seu nariz ficasse de encontro com o meu. Meu sangue começou a pulsar mais rápido.

- Eu amo você - falamos em uníssono

E ele me beijou. Fiquei um pouco desajeitada no começo, já que nunca havia beijado ninguém. Mas... foi a melhor coisa da minha vida. Ele passou os braços em volta da minha cintura, me puxando contra ele. Respondi com um sorriso no meio do beijo e envolvi meus braços em seu pescoço.
Ficamos assim por mais uns 10 minutos e corremos de mãos dadas de volta para escola. Estávamos atrasados, mas não importava. Nada mais importava agora.

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Estamos na reta final, leitores! Esse foi o penúltimo capítulo. Obrigada de coração quem leu a fanfic até aqui.
Por favor, apertem a estrelinha para eu saber se estão gostando, vai me ajudar muito.
Um beijo, amo vocês

MarlboroOnde histórias criam vida. Descubra agora