O grande dia

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Era hoje. Meu Deus.
Eu não conseguia respirar direito de tanta ansiedade. Hoje a noite seria o melhor dia da minha vida. Ainda eram 6h da manhã, mas não importava, as horas passariam rápido, e logo eu estaria enterrada nos braços de Norman. Finalmente.
Fui para a escola super ansiosa. Chegando lá, me encontrei com Robert e meu amigo, Sebastian, que eu havia feito ao longo desses dias.

- Oi gente! - eu disse animada, me aproximando deles
- Oi, Luce - eles disseram em uníssono - Ansiosa para hoje? - completou Robert
- Nem me fale. Eu não aguento mais esperar. - bufei
- Calma - disse Robert com um sorriso, me abraçando - as horas passam rápido, você vai ver.
- Espero que sim - e o abracei de volta, dando-lhe em seguida um beijo na bochecha
- Ah, por favor vocês dois - disse Sebastian revirando os olhos verdes

Nós rimos e em seguida cada um seguiu seu caminho para as salas. Tudo parecia finalmente se encaixar. Eu estava transbordando alegria em cada pedaço do meu corpo. Estava tudo perfeito.
Assim que bateu o sinal de saída, eu fui correndo me encontrar com os meninos. Até que enfim, amigos.

- Chegando em casa, se arrume, coma algo e fuja. - disse Robert animado
- Ai, cara. Vai ser tão engraçado - comecei a rir alto, imaginando a cena

Sebastian chegou logo em seguida, me olhando com uma sobrancelha levantada

- Qual o motivo da risada?
- Eu. Correndo do Traste. - apoiei as mãos no joelho para recuperar o fôlego
- Que menina rebelde - Sebastian riu e balançou a cabeça
- Preciso ir - eu disse olhando para o relógio - Até mais tarde!

Não esperei resposta e corri em disparada, serpenteando pelos corredores da escola, que pareciam infinitos. Eu corria pelas calçadas com um sorriso no rosto e com o vento batendo nos cabelos, imaginando como seria, finalmente, estar nos braços do meu ídolo. Quando cheguei em casa, abri a porta e Traste estava encostada na bancada da cozinha, me esperando

- Coma logo alguma coisa e vamos - ela franziu o cenho
- Ta, ta - eu disse balançando as mãos no ar, dispensando-a
Lorraine resmungou algo e saiu de casa para fumar. Ela que se dane. Corri para o meu quarto, jogando a mochila do lado da cama, e em seguida comecei a despir meu uniforme rapidamente. Coloquei uma camiseta dos Rolling Stones, que era minha banda preferida, e um jeans rasgado. Assim que comecei a calçar os sapatos, meu pai entrou no quarto

- Eu quero que ocorra tudo bem na viagem, então não me arranje encrenca - disse Samuel com uma expressão preocupada
- Ta, pai. Mas por que eu tenho que ir?
- Você vai aprontar se eu te deixar sozinha. Não discuta, apenas vamos. - ele disse suspirando e virou as costas para sair do quarto

Assim que ele desapareceu no corredor, eu levantei rapidamente da cama e escancarei minha janela. Era agora. Subi no parapeito e passei as pernas para o outro lado, me impulsionando para fora. Assim que saí do quarto, olhei em volta para verificar se não havia ninguém por perto. O caminho estava livre.
Comecei a andar lentamente entre os galhos que se estendiam no chão, para não fazer muito barulho, e caminhei até a frente da casa, na calçada.
Verifiquei a rua uma ultima vez e corri na direção oposta da casa, logo sumindo entre as esquinas. Eu lembrava vagamente o endereço de onde eu encontraria Norman, e então fui serpenteando pelas ruas até chegar a um ponto de ônibus.
•••
Depois de cerca de 30 minutos, desci do ônibus e caminhei até um homem careca, que estava encostado na parede de uma lanchonete.

- O-oi, pode me dizer onde vai ser o encontro com Norman Reedus? - cheguei timidamente ao seu lado e cutuquei-o de leve no braço
- Para lá, mocinha - ele apontou o dedo para a esquerda, numa rua larga e cheia de gente
- Obrigada - me virei e corri, me infiltrando na rua movimentada

Depois de um tempo correndo, me deparei com uma grande fila, protegida por uma grade. Só podia ser ali. Fiquei atrás de uma menina com cabelos loiros e lisos, cheios de mechas azuis. Eu já havia colocado meu documento falso e o ingresso no bolso da calça ontem a noite, para evitar complicações hoje.
Ainda faltava muito tempo para os portões serem abertos, então resolvi me sentar e me recostar na parede, assim como muita gente estava fazendo.
•••
19h. Os portões estavam abrindo. Passei a tarde toda mexendo no celular, e a bateria estava quase acabando. Decidi desliga-lo para economizar, e para depois render algumas fotos com Norman. A fila lentamente começou a andar, deixando minha respiração acelerada, e o coração batendo com força.
Chegando na frente da fila, fiquei nervosa ao pegar o documento falso. Minhas mãos tremiam enquanto eu o entregava junto com o ingresso para o segurança

- Acha que eu não sei fazer conta? - o homem me olhou com desprezo, me devolvendo a identidade
- O-o que? - o desespero começou a tomar conta do meu corpo
- Você tem 17 anos. Boa tentativa. Próximo, me de a identidade por favor - ele me dispensou com o olhar e pegou os documentos das outras pessoas

Não pode ser. Não acredito que aquele inútil errou o ano do meu nascimento. Lágrimas começaram a brotar nos meus olhos, e eu olhei em volta procurando alguma salvação, quando de repente eu vejo uma viatura, e reparo que o policial estava segurando uma foto minha, me procurando. Droga.
Entrei em desespero e corri novamente até a entrada, driblando o segurança e entrando sem permissão. Logo eu o ouvi gritando e chamando outros caras para virem atrás de mim. Eu ignorei e continuei correndo com toda a velocidade, serpenteando pelos corredores e seguindo a indicação das placas, até chegar em um lugar espaçoso, cheio de cadeiras e um palco, onde havia uma mesa e uma placa com o nome "Norman Reedus".
Continuei correndo entre as pessoas e ouvia de longe os passos rápidos e gritos dos seguranças. Acelerei o passo, e com essa mesma velocidade, subi no palco e fui até o fundo, me enfiando atrás das cortinas. Passando por lá, dei de cara com um corredor curto, cheio de lâmpadas brancas e um papel de parede amarelo. Hesitei por um segundo e segui por esse caminho à toda velocidade. Ao final do corredor, encontrei uma pequena sala, onde só havia um sofá acompanhado de uma mesa de centro, vasos de plantas e um bebedouro. E no sofá, estava Norman, tranquilamente sentado, esperando a hora de ir para o palco.

- Ai caralho - eu gritei e fiquei paralisada, assustando Norman, e meu olho encheu de lágrimas
- Q-quem é você? - ele se ajeitou no sofá, claramente confuso

Corri até ele e me joguei em seus braços, desabando em lágrimas, que foi o tempo de um grupo de seis seguranças chegarem na sala e começarem a gritar "ali está ela!" e andarem rapidamente em minha direção.

- Não! - minha voz estava tremula de tanto que eu chorava - deixem-me ficar!

Os seguranças começaram a puxar meu braço com força, me soltando de Reedus

- Larguem ela - Norman se levantou do sofá

Ninguém me soltou, mas afrouxaram a mão nos meus braços, que agora estavam marcados

- M-mas Norman, ela não tem permissão para estar aqui. Além disso, invadiu este estabelecimento, e têm policiais esperando por ela do lado de fora. - disse um dos guardas. Ele não era muito alto, mas era bem forte, tinha cabelos negros e bem aparados e uma pequena tatuagem na mão

- Já disse para largarem a menina - Norman falou com tranquilidade, e me puxou delicadamente para perto - estão dispensados.

Todos pareceram frustrados, mas viraram as costas e saíram. Desabei em lágrimas novamente, e abracei Norman com todas as forças que me restavam.

- Qual o seu nome, querida? E por favor não chore. Está tudo bem agora. - ele acariciou meus cabelos e isso só fez com que eu chorasse mais
- L-Luce. Luce Martin. - me afastei dele o suficiente apenas para olhá-lo nos olhos, e sorri com a maior felicidade possível
- O que acabou de acontecer aqui? - ele riu e sentou-se no sofá, indicando com o dedo o outro lado, para que eu me sentasse junto com ele.

Expliquei-lhe a história, o que arrancou dele muitas risadas. Perguntei se ele se incomodava de eu tirar algumas fotos com ele, e claro que Norman negou. Chegou o momento em que ele devia ir ao palco, então saí pelos fundos para não chamar a atenção.
Antes de sair, eu o abracei com toda a força. Estava acontecendo. Podiam ter seis seguranças esmagando meu braço, uma viatura atrás de mim e uma madrasta raivosa querendo me esganar. Eu podia ter infringido a lei, podia ter me machucado. Mas nada mais importava agora. Eu estava finalmente junto da pessoa que eu amava com coração e alma.

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⏰ Última atualização: Jan 12, 2015 ⏰

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