O sol já ia se por e eu estava completamente desprotegida, com um corte profundo na minha perna e uma terrível dor de cabeça, cambaleando no meio de uma rua qualquer concentrando todas as minhas forças em não desmaiar devido a perda de sangue.
Isso porque eu havia tentado encontrar medicamentos e água numa velha farmácia no centro, mas parte do teto desmoronou sobre mim. Uma prateleira caiu sobre a minha perna esquerda fazendo um corre profundo, e um grande pedaço de concreto acertou a minha cabeça e me fez desmaiar. Fiquei apagada durante o dia todo, e por sorte acordei com apenas uma hora de sol sobrando. Foi tempo suficiente de eu sair da farmácia e correr - ou melhor, mancar - pela avenida, correndo contra o tempo para encontrar qualquer lugar seguro.
Eu precisava me esconder em algum lugar, mas onde? Olhei em volta procurando qualquer lugar que poderia me proteger das aberrações sanguinárias que uivavam e gritavam furiosos para mim nas portas e janelas dos prédios a minha volta, apenas esperando os últimos raios de sol se perderem na escuridão para me atacar.
Não havia nada por perto que poderia me servir. Eu estava quase sem tempo. Meu primeiro instinto foi o de correr para o mais longe dali o possível, mas a minha perna machucada não me permitia fazer nada mais do que mancar.
Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto coberto de suor e poeira. Eu sabia que era o meu fim. Mesmo assim, aproveitei cada segundo de luz que me restava, indo sempre para oeste onde o sol se escondia lentamente. Atrás de mim, alguns Zangados saíam dos seus esconderijos, se atirando nas pequenas poças do sangue que escorrida da minha perna, gritando palavras sem nexo, correndo de um lado para o outro, ou mesmo lutando entre si.
Eu estava completando cercada. Havia centenas deles, de todos os lados, escondidos nas sombras esperando o momento de me atacar.
Mas nada disso me importava. Eu havia virado uma esquina, e lá estava a minha salvação: um velho caminhão abandonado no fim da avenida. Era a minha única chance de salvação; um esconderijo alto o suficiente para me proteger dos Zangados.
Cada segundo parecia voar. A perda de sangue me fez ficar zonza, mas eu tinha que continuar, cambaleando com dificuldade e me apoiando nos carros abandonados e imundos. O pouco de luz que me restava estava cada vez mais fraca, e os monstros noturnos se aproximavam cada vez mais, furiosos e selvagens. Eu podia sentir seus olhos famintos e cruéis sobre mim.
Um deles correu na minha direção e se jogou sobre mim, ignorando a luz fraca do sol que me protegia, é acabou se queimando. Um odor insuportável de carne podre queimada encheu os meus pulmões, e ele soltou um grito terrível de dor antes de lançar suas unhas sobre o meu rosto, me arranhando. Eu lutei contra ele com todas as forças, mas era completamente inútil, ele era forte demais, e eu estava muito enfraquecida.
Outros Zangados de aproximavam, furiosos, mas se afastavam da luz assim q a alcançavam Mas aquele restinho de luz logo desapareceria. Aquele era o meu fim. Lancei um último olhar para o caminhão no fim da rua, triste e irritada ao mesmo tempo. Aquele veículo estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe! A minha salvação estava há apenas alguns metros, e o eu ainda tinha alguns segundos de luz que mantinha os outros Zangados afastados, e aquele que me segurava queimando como queijo numa frigideira.
Eu não ia desistir.
Avistei uma pedra no chão ao meu lado. Estiquei a mão direta pata pegá-la enquanto usava a esquerda para manter aquele queijo fedido e que gritava de dor e ódio sem parar o mais afastado de mim o possível. Alcancei a pedra. Não era muito grande mas era suficiente. Bati em sua cabeça com todas as minhas forças uma, duas, três vezes e ele parecia nem sentir. Quatro, cinco, seis, e ele ficou meio zonzo. Sete, e ele abaixou a guarda. Oito, e quando meu braço já não tinha mais forças. Nove, e ele vacilou o suficiente para eu conseguir o empurrar. Me levantei com um pulo e manquei o mais rápido o possível na direção do caminhão.
O último raio de sol se apagava. Uma onda enorme de Zangados vinha de todos os lados, gritando e uivando, empurrando uns aos outros e atropelando qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Concentrei todas as minhas forças na perna boa, subi num carro a tempo de me esquivar do ataque de dois deles. Por sorte - ou destino -, o caminhão era de pequeno porte, de modo que quando as aberrações que queriam me matar estavam perto o bastante para me alcançar, dei um pulo e consegui alcançar o caminhão e segurar na borda do parte traseira e alta do veículo. Eu tive alguns segundos de vantagem sobre os Zangados que se amontuavam entre os carros abandonados, bloqueando a passagem até o caminho e atrasado o seu ataque mortal.
Não sei de onde tirei forças para me erguer e subir por completo no caminhão, mas eu consegui. Estava a salvo. Em questão de segundos a onde de Zangados alcançou o meu refúgio, batendo furiosamente e atirando os próprios corpos corroídos e cobertos de feridas contra a veículo de metal que era a minha proteção.
Respirei aliviada por alguns segundos, sem acreditar que realmente havia escapado. A noite recaia finalmente, e logo a rua se tornou um mar de Zangados que saíam como baratas de todos os prédios ao redor. Logo, os monstros que atacavam o meu caminhão se esqueceram de mim e se distraíram uns com os outros.
Tudo que eu tinha que fazer era continua em completo silêncio para não chamar mais a atenção daquelas coisas que um dia, foram pessoas. A última coisa que me forcei a fazer apesar do cansaço e da tontura que me dominavam completamente, foi rasgar um pedaço da barra da minha camiseta coberta de sangue e poeira, e amarrar o mais forte que pude ao redor do ferimento. Eu sabia que precisava estancar o sangramento.
Depois disso, cai deitada no aço frio e coberto de pó. Eu estava exausta e fraca.
E eu nem podia imaginar que aquela noite, em cima de um caminhão no meio de um mar de Zangados, perdendo litros de sangue enquanto encarava as estrelas brilhantes no céu enquanto perdia lentamente a consciência, seria a noite de sono mais tranquila que eu teria muito tempo.
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The End
Science Fiction"Tudo tem um começo e um fim, certo? Está na hora da humanidade encontrar o seu." Num dia, Anne era uma garota normal com um pai alcoólatra e problemas comuns de uma adolescente. Não havia nada de mais sobre ela. Não era feia nem bonita, não era pop...