Eu uma floresta suja e obscura, onde a mata o persegue e os demônios noturnos cantam canções de ninar, surge um menino perdido.
Este então, com medo, com frio e com fome, sobe as colinas montanhosas radiante escarlates com seu amontoado de folhas na cabeça e um pequeno pedaço de pano cobrindo seus ombros. Seus olhos estão como vendados para se proteger da luz da lua que queima como o sol seus olhos sensíveis.
A floresta é densa, apenas sendo pouco iluminada pela luz da lua que atravessa as folhas das grandes arvores de baobás, iluminando sua pele. É possível escutar lobos uivando, predadores caçando e rasgando a carne de suas presas. Seus demônios ainda gritam por ajuda; ele ainda se lembra.
Sem nenhuma noção de tempo o espaço, é impossível saber a quanto tempo ele vaga pela escuridão. Começou como uma fuga sem planejamento, "tudo aconteceu tão rápido...", e agora mesmo, está totalmente perdido.
Como forma de se conectar com a natureza, a jovem criança deita sobre a terra, com seu ouvido colado sobre as plantas e a terra molhada que ali estivera, é possível escutar as minhocas fazendo seu trabalho, as cobras rastejando por perto, são inofensivas, porém assustadoras...
-A lua parou de brilhar-lhe, minha princesa, que tu me guarde e me alimente, seu rei ainda zela por ti e deseja teu bem, meu bem. Disse o projeto de reizinho dialogando com uma árvore sem folhas que estranhamente se parecera com sua mãe. -Sinto falta de ti, não vou parar de rezar...
A árvore começa a ranger como se estivesse irritada, ou estava apenas chorando. -eu entendo tua tristeza, meu rapazinho. O garoto imaginou sua resposta. -mas não sou sua mãe. E após uma respiração funda, engolindo o choro mas não superando a tristeza, o rapazinho então segue seu caminho pela escuridão daquele lugar.
Com o rosto ainda sujo pela terra, ele limpa seu rosto e passa seus dedos para retirar a venda, que estava tapando apenas um dos olhos, que havia uma grande cicatriz que a pouco estivera sangrando. Após retirar a venda, era possível ver uma pequena cachoeira, a água estava com um tom esverdeado. O órfão, estende seus braços sobre a pequena cachoeira para saciar sua sede, a lua baixa seus raios incandescentes, sendo possível enxergar melhor sem que seus olhos derretessem sobre o rosto. Quando então percebe um pequeno reino ali diante de seus olhos. O reino não muito próximo dali estava completamente destruído e acabado, não parecendo nada com sua cidade, que tomada agora por homens armados.
Naquele reino, bem lhe parecera que ali não fosse habitado e tão pouco visto por ninguém além do jovem menino. Todos foram embora.
Ele então, confuso e desnorteado com o que acabara de ver, se pergunta o que diabos aquele pequeno reino fazia ali diante de toda a sujeira e corrupção da floresta. Começara a pensar que fosse imaginação, ou até mesmo um delírio seu.
Ao chegar na cidade sem nome ele então começa a passar por cada pequena rua do pequeno reino, ali se encontrara inabitável para qualquer humano, a sujeira que havia nas ruas era tamanha que horrorizava o jovem. Não era comida comum que era jogada por lá, tinham cascas de pinhas, flores mordidas e pequenas nozes-de-bancul.
As casas eram pequenas, com pequenas portas e pequenas maçanetas. Em cada casa haviam pequenos cômodos com pequenas colheres de barro mal moldado. A mesma sujeira que haviam nas ruas era ainda pior dentro das pequenas casas.
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O rei de lata
FantasyNo ápice de uma total distopia, tomada por regimes autoritários de uma ditadura militar rigorosa na 1977 de uma realidade alternativa. Um jovem menino órfão, foge pela floresta à procura de um lar e comida. Acompanhado apenas de sua coroa de lata, t...