O maquinista

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Ao entrar naquela pequena casa e olhas o sofá tão próximo da porta, o garoto então lembra de seus pais em uma de suas brigas diárias:
-EU NÃO TIVE CULPA DE TÊ-LO ESTRANGULANDO E O AFOGADO EM UMA BANHEIRA, ELE ME TRAIU E TEVE QUE SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS
Dizia uma atriz famosa em uma novela não tão famosa assim, a audiência só seria alta pela sua beleza, seu corpo não estava nos padrões, mas seu rosto tinha algo de diferente que deixava os homens e as crianças encantadas, mas, a atuação não era tão boa.
Meu pai acabara de chegar em casa após fazer a manutenção de um último trem naquela tarde da noite. Eu e minha mãe estávamos sentados no sofá enquanto meu pai passava na nossa frente indo direto ao banheiro lavar seu rosto e todo o resto, ele veio trazendo terra em suas botas, o que irritou minha mãe, mas, ela se conteve para obviamente iniciar uma discussão sobre como ele era descuidado e desrespeitoso com ela. Não é defendendo ele, mas, se fosse eu no lugar do meu pai, a última coisa que eu iria querer ao chegar em casa depois de um dia estressante seria um outro alguém estressado comigo.
Nossa casa era bem próxima da floresta, que fazia um arco de encontro com a cidade, o governador estava com planos de derrubar tudo aquilo e construir um grande prédio no lugar, ele até tinha começado, mas, acabou desistindo pela imensidão quase infinita da floresta. No meio das brigas, ao invés de me trancar no quarto como todos os meus amigos faziam, eu fugia correndo para a floresta, me escondendo por lá até sentir que tudo tivesse acabado.
Nessas noites eu costumava ver alguns pontos de luz em que diziam ser fadas no meio das árvores, dando um pouco de iluminação ao lugar. -o que será que elas vigiam e protegem?
Poderia ser nada, ou, poderia ser tudo... eu deitava sobre as folhas das árvores para passar o tempo, ainda conseguia olha para a lua crescente daquela noite. Haviam várias flores rosas por toda a floresta, eram lindas sobre a luz da lua, as abelhas gostavam delas tanto quanto eu. Tão calmamente, eu me levantei, deixando cair a terra sobre as folhas verde-escuras que ali me deitara, quando então resolvi seguir uma das fadas-vagalume que ali me cercara. Ela me levou ao fundo da floresta, mas algo me fez voltar, comecei a ouvir gritos nos quais eu pensara vir da floresta adentro, porém, eram apenas meus pais dizendo para que eu voltasse. Antes de voltar, decidi pegar um pequeno arco de folhas que ali estava, coloquei sobre minha cabeça e fui embora.

O rei de lataOnde histórias criam vida. Descubra agora