Capítulo I

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Eu tinha tudo, tudo na medida do possível. Era feliz. Tinha uma casa, que dividia com meu namorado, um bom emprego, uma vida ativa, praticava exercícios, que sempre foram a minha paixão, sempre gostei de me manter ativo, sempre cuidei do meu corpo e da minha saúde. Como eu era feliz e não sabia. Até aquele maldito dia…O maldito dia do acidente, que foi causado por uma discussão idiota entre eu e meu namorado.  O maldito acidente que me deixou preso nessa cadeira de rodas A partir desse dia, minha vida desceu ladeira abaixo.

Não pude mais trabalhar, como que um detetive irá exercer sua função preso a uma cadeira de rodas? E olha, eu era um dos melhores. Não pude mais praticar esportes. Não posso fazer mais nada. E ainda tem os olhares de pena sobre mim, como eu odeio isso. Odeio que sintam pena de mim. E para piorar minha situação, não possuo mais uma vida sexual ativa. Sinto como se não fosse mais um homem completo. Sou metade de um homem. Meio homem inútil. E sinto que estou prendendo meu namorado a um relacionamento fadado ao fracasso. E preciso falar com ele sobre isso. Preciso o libertar dessa prisão que é ficar comigo.

Estou esperando ele chegar do trabalho, ele é professor de educação infantil. Ele sempre teve jeito com crianças. Tem uma paciência. Como eu o admiro e o amo. E por amá-lo tanto, não posso prendê-lo. 

Estamos juntos a tanto tempo, a quase 10 anos. Nos conhecemos na academia para aspirantes a policiais. Mas como ele sempre foi calmo e não gostava de violência, nem nada do tipo, não se adaptou e preferiu mudar de ramo, foi fazer o que realmente gostava, lecionar.

Mesmo com personalidades tão diferentes, nós nos completamos. Sempre fomos sozinhos e um acabou tirando o outro da solidão. Passamos por muitas coisas, preconceitos. Eu por ser policial e ele por ser professor de crianças. Viam como mal exemplo para as crianças. Foi difícil ele conquistar o seu espaço. Mas ele conseguiu e hoje é professor numa das melhores escolas. Tenho muito orgulho dele.

Enquanto o espero chegar, estou tentando me concentrar em um livro que já li milhares de vezes, mas mesmo assim, sempre que posso, leio novamente. Mas está impossível. Estou ansioso e nervoso. Sei que ele não irá reagir bem a minha decisão. Estou, pode-se dizer, com medo. O grande Kakashi Hatake estava com medo de falar com Iruka Umino. Pois é, Iruka sabe ser bem assustador quando quer, principalmente quando fica nervoso.
Sou tirado dos meus pensamentos ao ouvir a porta de abrir e um Umino com aparência cansada entrar.

-Boa noite meu amor, tudo bem? Como passou o dia? Pergunta Iruka me dando um selinho.

-O mesmo. Não fiz nada de novo, nem se quisesse poderia. Acabei soando mais ríspido do que gostaria.

-Parece que alguém está de mal-humor hoje.

-Iruka, precisamos conversar. - Não podia mais adiar. Estava me sentindo sufocado.

Iruka me olhou sério, parecia que estava pressentindo que algo ruim estava para acontecer.

-Pode falar amor. Está com alguma dor? Sentiu algo diferente, algum movimento nas pernas? - perguntou preocupado.

-Não Iru, não é nada disso. Infelizmente. Nós precisamos terminar. - falei de uma vez, antes que perdesse a coragem.

Iruka me olhou assustado, tentando processar o que havia dito, procurando talvez algum sinal de que eu estava brincando.

-Você não está falando sério. Porque isso agora? Eu fiz algo que te magoou, estou te deixando faltar alguma coisa? Me diga. - disse Iruka tentando controlar seu nervosismo e as lágrimas que começavam a se formar no canto dos seus olhos.

-Você não fez nada Iru. Sou eu. Eu que estou atrapalhando sua vida. Como que você pode ter um vida preso a alguém na minha situação? Não te ajudo com as despesas da casa, não posso te ajudar em praticamente nada em casa, e principalmente não posso te amar, te satisfazer, te dar prazer. Você está preso a um inválido e merece muito mais do que estou podendo te oferecer no momento. - falei. Falei tudo o que estava sentindo, o que estava preso na minha garganta.

-Pare. Pare de dizer besteiras. Você não está atrapalhando a minha vida. Em nada. Você me ajuda sim com as despesas e sabe disso. E eu não ligo de fazer as coisas de casa, eu gosto e você também sabe. E por último eu estou com você porque eu te amo e não porque você tem um pau no meio das pernas. - disse Iruka 

-E até quando isso será o suficiente? Você tem seus desejos, suas vontades que eu sei.

-Já chega! Você está sendo um idiota, sabia? Se quer um motivo para terminar, me dê um motivo concreto, não essa besteiras. Diga que não me quer mais porque fui eu que coloquei você nessa cadeira de rodas. Era eu que estava dirigindo a porcaria do carro na hora do acidente. Diga que é minha culpa por termos discutido.  Eu já me culpo, então me culpe também. - Iruka disse entre lágrimas.

-Eu não te culpo por nada. Foi um acidente. Aconteceu infelizmente. Mas temos que lidar com as consequências. Eu estou preso a essa cadeira e você tem toda uma vida pela frente.- tentei argumentar.

-Mas eu quero passar o restante da minha vida com você. Não jogue fora tudo o que conquistamos, tudo que passamos juntos, todas as dificuldades. Não faça isso apenas pela falta de sexo. - 
-Eu não quero te ver frustrado, num futuro ver você pensando que você podia ter consigo algo melhor, ter feito algo a mais na sua vida.

-Eu não vou Kakashi, entenda.

-Como pode ter certeza?

-Porque você não tem certeza? Porque não acredita nos meus sentimentos?

-Iruka eu te amo, e por isso não quero prendê-lo a um inválido.

-Você não é um inválido. Se me ama, então fique comigo, não desista de nós.

-Iruka…

-Hoje eu vim para casa entusiasmado pois tinha um novidade para te contar, mas eu estava esperando para te falar depois do jantar. Você se lembra da Dra. Tsunade, não é? 

Kakashi fez que sim com a cabeça.

-Então, ela está desenvolvendo um novo método para tratamento de lesões na coluna, como a sua. E está disposta a te ajudar, tratar a sua lesão, sem nenhum custo. E eu disse que você aceitaria.

-Porque fez isso Iruka? Não quero ter novamente falsas esperanças e me decepcionar depois.

-Dessa vez não irá, por favor, por você, por nós?

-Como você consegue me desarmar desse jeito?

Iruka sentou-se no colo do Hatake antes de responder com um sorriso vitorioso no rosto:

-Porque você me ama e eu te amo. E nós iremos superar mais essa batalha. Juntos. Só peço que não desista de você ainda. Nem de mim.

Depois de dizer isso, começamos um beijo um calmo, que logo foi se aprofundando, minhas mãos passeavam por todo o corpo do Iruka, chegando a sua bunda, redondinha, onde apertei com força e o ouvi soltar um gemido entre o beijo. Enquanto uma mão permanecia na sua bunda, deslizei a outra até seu membro, o sentindo duro, o apertei de leve, sobre a calça, massageando ele, ouvi Iruka suspirar e sussurrar no meu ouvido.

-Você ainda pode usar suas mãos e sua boca, não é?

-E você sabe ser bem pervertido quando quer, não é?

-Aprendi com você.

Meio HomemOnde histórias criam vida. Descubra agora