Capítulo 4 - Zander

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Admiro o céu absurdamente azul, sem rastro de nuvens ou nada que o macule, um azul denso, quase palpável

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Admiro o céu absurdamente azul, sem rastro de nuvens ou nada que o macule, um azul denso, quase palpável. No horizonte, os morros forrados com plantações num tom de verde menos carregado. O verde oliva que dá cor a imensidão de oliveiras cultivadas que avisto desde que chegamos à região. Tamanha a harmonia das cores, é como um quadro vivo diante dos meus olhos, como se essas plantas escolhessem esse lugar dentre todos os outros.

— Se não estiver muito cansado mais tarde vamos à fazenda de Pilar e Martim. É bom que dê uma olhada no lugar.

— Tudo bem — respondo. Apoio a mão sobre minha coxa, analisando se vou conseguir me locomover de maneira decente num terreno acidentado como o de uma fazenda.

Não demora e tia Suria estaciona em frente à sua casa, não deixando dúvidas de que estamos no meio de um município interiorano. Sua casa fica bem próxima à igreja matriz e, apesar de estarmos no ponto central da cidade a rua é calma, sem trânsito e quase sem pessoas.

Assim que desço do carro noto que o clima é frio e afronta o sol no céu sem nuvens, imagino que por estarmos numa região serrana seja sempre assim. Talvez tenha de usar calças mais vezes, mesmo detestando-as por me atrapalharem a andar com a prótese.

— Vem, Zander! — Tia Suria cruza o pequeno portão de ferro. Eu observo a fachada da casa colorida num tom bordô, com portas e janelas em branco. A casa antiga, construída no centro do terreno é rodeada de roseiras amarelas, brancas e rosas, além de outras flores e do verde vindo das trepadeiras nos muros que a cerca.

A sala de estar combina com o estilo de tia Suria; jarros com água abrigam as flores que ela colhe de seu jardim, quadros coloridos ajudam no visual cheio de cor. Reconheço alguns dos móveis da casa dos meus avós de quando ainda eram vivos. É como se eu tivesse voltado no tempo.

— Esses eram da sua avó — diz ela, apontando para o aparador cheio de fotos antigas.

Aceno com a cabeça e me aproximo do móvel para olhar as fotos. Ela com o falecido marido, meus avós, minha mãe, pai e muitas fotos minhas desde bebê até a adolescência.

— Preciso de fotos suas como está agora — profere, parando ao meu lado. — Vou mostrar seu quarto.

Caminhamos por um corredor com chão de madeira escura e tão brilhante que me dá a impressão que alguém acabou de encerá-lo. Ela abre a penúltima porta e me deparo com um quarto pronto e mobiliado.

— Estava me esperando? — indago, sorrindo.

— Deixo este quarto pronto para quando recebo alguma amiga vinda da capital. Estou feliz que desta vez é você quem vai usá-lo — fala, dando-me tapinhas nas costas, incentivando-me a entrar. Os móveis claros destoam do chão escuro e a roupa de cama segue o mesmo tom colorido do restante da casa.

— Quando seus pais enviarem seus aparelhos de exercício, colocaremos na área coberta dos fundos. Vai conseguir se exercitar aqui exatamente como fazia na casa dos seus pais. Quero que se sinta bem aqui, ouviu?

Sem DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora