Pina se diverte com as colegas da escola. Não avisto Pietra e pergunto a ela onde sua gêmea está. Ela dá de ombros e continua a se divertir. Resolvo dar uma volta para procurar minha irmã que, apesar de gostar das brincadeiras infantis não hesita em abandoná-las depois de um período para se sentar em algum lugar. Em algumas vezes ela prefere coordenar o que as outras farão a entrar de fato na folia.
Caminho até a entrada da fazenda quando ouço sua voz soar além da cerca.
— O que ela está fazendo lá fora?
A porteira baixa me permite olhar além dela sem precisar abri-la, e é assim que encontro Pietra e Zander um ao lado do outro conversando sentados no chão.
— Sim, todo mundo tem pernas iguais, não acha legal ter uma perna diferente? — escuto Pietra dizer. Deus do céu, por que ela está falando sobre a perna dele?
Ergo a corrente que segura as folhas da porteira para abri-la. No entanto, detenho-me quando ouço a frase seguinte de Pietra.
— Queria ser diferente de vez quando. Não é legal ter sempre que falar que eu sou a Pietra.
Nunca me passou pela cabeça que Pietra já se sentira desconfortável. Ela é tão apegada a Pina, as duas gostam de dividir a mesma cama, usar as mesmas roupas, que nunca... Aperto os olhos quando me dou conta de que é Pina quem sempre pede para se vestir como a irmã.
Continuo a escutá-los.
Causa-me estranheza como Pietra parece à vontade com Zander, ela não é de se abrir com quem acaba de conhecer. Mas, o que me chama mais atenção é Zander explicar como ele é capaz de diferenciá-la de Pina. Detrás da porteira, sorrio ao ouvi-lo, é preciso tempo de convívio para acertar quem é quem, fico admirada que ele consiga.
— Acha que eles conseguem trabalhar com alguém diferente? — pergunta ele, fazendo com que o sorriso em meus lábios se desfaça. Pietra o responde com outra pergunta enquanto eu tento compreender sobre o que os dois estão refletindo.
Por fim, abro a porteira entrando no campo de visão de ambos.
— Estava procurando você, Pietra — digo, acenando com a mão para que se levante.
— Eu não queria brincar de correr — responde ela.
— Mesmo assim é a sua festa, não deveria estar com suas amigas?
Percebo os olhos de Zander grudados em mim, quando o encaro ele desvia e fala com Pietra:
— Conversamos bastante por um dia, vá brincar com suas amigas.
Pietra se levanta a contragosto e antes de passar por mim olha para ele mais uma vez.
— Não esqueça de que aqui na fazenda todo mundo é diferente.
Ele sorri de canto e lhe oferece um breve aceno de cabeça. Pietra sai em disparada cruzando a porteira. Penso em sair correndo como ela, mas ao contrário disso, aproximo-me um passo.
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Sem Destino
RomanceUm livro romântico e cheio de amor, que fará seu coração bater mais forte a cada capítulo. Se você gosta de romance e um enredo que mistura amor, paixão, drama e momentos divertidos conheça Zander e Pilar. Seguir carreira no exército foi o destino...