Rute e Boaz - A fanfic

Capítulo 3 - Conhecendo um Novo Amor

Rute

Ao meio da tarde, depois de muito trabalho e poucas pausas, somos todos chamados para a refeição: ordem do senhor Boaz. Ainda estou muito grata pela sua bondade comigo, não sei o que fiz para alcança-la, mas sei que Deus está envolvido nisso. Eu poderia ter ido para qualquer campo nessa cidade, mas fui expressamente orientada por diversas pessoas a vir até este.

Certamente por conhecerem minha história e de Noemi as pessoas fizeram questão de me orientar a vir até aqui pela fama de bondade que segue o senhor Boaz. Desde que ele falou comigo, notei uma mudança no comportamento dos servos. Não fui tratada com desrespeito antes, mas agora eles me ofereciam água fresca dos poços, me orientavam para ir ao lugar com espigas melhores, mesmo que eu só pegasse a sobra. Sou muito grata por toda a atenção e cuidado que ele ordenou aos seus servos.

Quando chego ao local em que o alimento é servido, vejo Boaz sentado a mesa junto aos seus servos e essa imagem é muito inesperada para mim. Jamais vi um senhor se sentar com os servos para uma refeição e comer a mesma comida que eles.

- Venha cá, sente-se conosco e coma. – esse ordem é ainda mais impensável, uma mulher junto ao senhor e aos ceifeiros?

Apesar da surpresa obedeço a seu pedido, indo até onde estão e me sirvo com a comida. Sou autoriza a comer até ficar satisfeita e é isso que faço, o trabalho hoje foi árduo, preciso repor as energias gastas.

Quando ocorre uma pausa na conversa de Boaz e seus servos, lhe faço uma pergunta com voz baixa:

- O que fiz para merecer tamanha benevolência? Sou apenas uma viúva estrangeira – Boaz sorri e vira chamando o chefe dos servos.

- Gael me contou tudo que fez: sua fidelidade constante a Mara, sua renúncia de seus costume e família e todo seu árduo trabalho nos campos hoje. Que o SENHOR, o Deus de Israel, sob cujas asas você veio se refugiar, a recompense ricamente pelo que você fez. – sorrio imensamente grata por suas palavras.

- Meu senhor, fico muito grata com suas palavras gentis! Espero continuar recebendo sua bondade, mesmo não sendo uma de suas servas.

Ao fim da refeição voltamos ao trabalho e fico muito grata, pois posso ver que tudo que Malom, Quiliom e Elimeleque me ensinaram sobre esse Deus de Israel era verdade. Fico feliz pelas dificuldades, pois consegui ver sua poderosa benignidade sobre mim e Noemi em todo tempo.

Em momentos como esse não posso evitar lembrar de Órfa... Será que está bem? Fico triste de pensar que ela pode estar em uma situação ruim. Não a julgo por ter ficado, qualquer um diria que era a escolha mais inteligente a se fazer, mas hoje vendo tudo que esse Deus fez por mim e Noemi, só posso ser grata.

Boaz

Vejo Rute voltar aos campos para a última parte do dia de serviço e reúno meus servos.

- Veem aquela mulher? – todos acenam – Rute deve ser muito respeita por vocês. Que mulher vocês já viram ser tão fiel a sogra? Que mulher sem ser minha serva já trabalho tanto quanto ela? Quem já trabalhou, entre vocês, mais que essa mulher? – todos os servos compreendem o que quero dizer – Por isso, permitam que ela pegue espigas entre os feixes e não só as sobras, deixem cair algumas espigas maiores para que ela as pegue. De forma alguma a atrapalhem.

Ao fim do dia, depois de ter debulhado as espigas que colheu, vi que tudo que Rute colheu deu quase um cesto cheio e fiquei satisfeito. Mandei que a ajudassem a embalar tudo, que entregassem a sobra de sua refeição afim de levar para Mara e enviei um de meus servos velar discretamente sua volta até a cidade.

Gael se aproxima enquanto observo da varanda de minha casa, Rute ir embora sorrindo, certamente contente por ter vindo até aqui.

- Então... – ele diz com um sorriso zombeteiro nos lábios – Percebi que Rute causou uma boa impressão

- Gael – digo em tom de aviso

Meu administrador sorri. Ele sabe que já sou velho e nunca me casei, verdadeiramente nunca me interessei dessa forma por uma moça, mas sei que isso não é o correto: Joaquim é o resgatador. Além disso, uma moça jovem como ela pode encontrar um rapaz jovem e trabalhador para lhe fazer companhia e nunca exigir o cumprimento da lei do resgatador.

- Senhor Boaz, nunca o vi tão interessando em ajudar uma moça, sei que Mara é sua parente, mas isso é diferente. O senhor está diferente desde que a viu trabalhar.

- Só estou impressionado com sua dedicação, Gael. Sou muito velho para uma moça como ela, isso nunca seria possível.

- Bom, se o senhor diz... – ele prossegue sorrindo – Mas foi notória a admiração nos olhos dela ao vê-lo comer conosco e quando a elogiou? Ficou muito surpresa com suas palavras. Todos nós ficamos, apesar do senhor sempre ser gentil com todos os necessitados, suas ordens sobre ela? Com certeza pegaram todos de surpresa... Tem certeza de que não tem algo mais?

Olho firme em seus olhos.

- Não, Gael. Agora vá para casa, sua esposa deve estar lhe esperando. – ele vira para descer as escadas – E pare de suposições sobre minha vida.

Ele solta um sorriso.

- Sim, senhor.

Era só o que me faltava, meus servos conspirando sobre minha vida pessoal.