Algol

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[...]

Chegando em casa, mandei uma mensagem, não ansiei nada, sabia que não iria me responder muito cedo.

  Já era cinco da tarde, ninguém estava presente, apostei que poderiam estar no mercado, então subi as escadas, desatento à tudo. Abri a porta de meu quarto, fui até a escrivaninha, observei os pôsteres na parede, sentia o vento vindo da janela. Peguei um papel, procurei por uma caneta e, decidi escrever algo, para ela, para Ana.

"Pareando sobre a noite
Notei a fonte
Sobre o céu
Como um imenso véu
Infinito e singelo no olhar

As estrelas a brilhar
Com pégasus em seu lugar
Alpha para proteger
Beta para assustar

Vou assegurar
A minha procura de dor
Vinda do meu ser
Sem sabor

Presencio como os egípcios viam Algol
A minha solidão é mórbida
Como a praga da luz de Perseu

Mesmo assim
Diante de toda dificuldade
No meu paradoxo de Perseu
Vivo em Beta
Te amo em Alpha"

Sempre soube que ela ama constelações, o jeito que ela fala com felicidade, dos imensos astros espalhados pelo céu, que só vemos com clareza, à olho nu de noite.

Mas, me martelava na cabeça, quem era aquela mulher acamada? No último quarto de sua casa. Estava nitidamente triste. Seria a mãe de Ana? Tia? Prima de 2° grau? Então por quê não me contou sobre ela?

Essas perguntas prevaleciam em minha mente como mosquitos que cercam durante a noite.

Ela não me respondeu, fui dormir sem mesmo escutar meus avós chegando em casa, estava tão cansado.

[...]

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