Capítulo 2 - Brincadeira

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Alguns soldados, que conseguiram escapar do último ataque, correram em direção ao líder Hokar, tentando acertá-lo com golpes ágeis. No entanto, nenhum deles conseguiu nem mesmo se aproximar de suas vestes.

— Que desperdício de tempo. Por que eu esperava mais que isso?! — disse o jovem líder enquanto cortava o pescoço de um guerreiro lagarto. Sua frustração era palpável.

Uma voz zombeteira, bastante conhecida por ele, soou em sua mente.

"Eu avisei."

A risada o fez bufar e com um simples "Cale-se", ela cessou.

Mais e mais guerreiros avançavam em sua direção, transformando o cenário com a adição de novos cadáveres e o vermelho vivo do sangue.

Um olhar assassino e um sorriso malicioso lhe tomaram a face quando o mesmo avistou, não muito distante, a besta furiosa, conhecida também como Shokfa. Seu olhar recaiu sobre o que estava em suas mãos e uma grande interrogação surgiu em sua mente.

"Como isso veio parar aqui?"

O machado de duas lâminas brilhava com uma luz prateada e isso não era o reflexo da luz solar, mas provinha da própria arma.

"Ora, ora. Parece que as coisas não são tão tediosas nas terras de Tumidah", soou a voz com certa curiosidade.

"Vamos descobrir isso com aquele lá", ele olhou na direção em que Shapta fugiu. Seu sorriso tornou-se ainda mais pronunciado com a menção do reptiliano. "Agora preciso acabar aqui primeiro."

Shokfa não hesitou e com um salto iniciou seu ataque. A lâmina do machado cortou rápido e perigosamente o ar. O som de carne sendo fatiada foi nítido, mas não veio de quem ele esperava. No chão, estava apenas o corpo de um de seus homens partido ao meio. Sua intenção assassina tornou-se ainda mais espessa, quase palpável para os guerreiros mais próximos.

— Como...?!

— Ops. Parece que você errou dessa vez. — falou o mais jovem com um sorriso zombeteiro — Bonito o machado. — a arma brilhou ainda mais com o aumento do ódio do lagarto. Hokar era alguém de poucas palavras, mas quando seu espírito assassino o dominava, ele se tornava um tagarela sem igual, provocando e enlouquecendo suas vítimas até o momento exato de sua morte. E a vítima da vez era ninguém menos que o líder dos Kiitcha.

— Vou destruir você, e nem mesmo seu corpo restará! — a luz do machado tremeluziu, e a velocidade dos golpes aumentou. — Vá para o inferno! — vários ataques vieram subsequentes, cortando o ar com velocidade e agilidade, e ainda assim nenhum acertando a quem ele queria.

— Muitas palavras para pouca mente — falou o jovem líder, posicionado atrás de Shokfa, enquanto agachado, limpava sua adaga na roupa de um inimigo morto. Ele olhou para a lâmina e esfregou-a mais uma vez na roupa do cadáver antes de bufar. — Sangue de répteis é realmente irritante de limpar.

O peito do lagarto subia e descia rapidamente, evidenciando sua fadiga óbvia. Ele havia usado sua velocidade reptiliana máxima, no entanto, o monstro diante dele não demonstrava o menor sinal de cansaço. Seus olhos começaram a se encher de terror, e ele se lembrou da forma desesperada com que seu irmão agira antes de ser cegado por seu ódio.

— Ah, mas já acabou?! — a expressão do mais jovem era aterrorizante, o sorriso maníaco nunca deixando seus lábios. — Achei que aguentaria mais — disse com falsa tristeza, pressionando o dedo na ponta afiada de sua adaga. Uma gota de sangue escorreu, e ele lançou um olhar oblíquo em direção ao seu adversário — Então acho que agora é a minha vez.

Apenas aquele olhar fez as pernas de Shokfa amolecerem. Nele continha a mais fria escuridão e do meio dela a morte caminhava lentamente com sua longa foice em busca da sua vida miserável.

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