02.4

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A risada de Brooke e de Lia na sala preenchia meus ouvidos mesmo com a porta fechada. Harry ligou a televisão para que eu parasse de pensar nisso, mas não funcionou. "Podemos sair daqui?"

"Pra onde quer ir?" Ele me questiona.

"Quero ir para qualquer lugar, só preciso sair daqui." Digo e ele afirma, passando a mão no rosto e se levanta. Eu sei que está cansado e tenho pena de fazer com que me leve para algum lugar, mas sinto que vou surtar com elas aqui.

"Eu tenho uma ideia." Ele diz, colocando um casaco. Ele joga um outro moletom e eu agradeço, colocando de bom grado. Ele estica a mão para mim e eu entrelaço nossos dedos. Harry abre a porta e em segundos estamos na sala, todos param de rir e nos olham. "A gente vai sair."

"Bom passeio." Lia fala, virando uma garrafa de cerveja na boca. Eu e Harry andamos para fora do apartamento sem dizer mais nada.

Quando entramos no carro, fico confusa. "Pra onde vamos?"

"Nós vamos ficar aqui." Ele diz, gesticulando com as mãos, como se isso fosse uma ideia fantástica.

"Eu já disse que sexo no carro não é uma coisa tão boa assim, Harry, as janelas atrapalham e dá última vez o seu porteiro viu e foi bizarro-"

"Não é isso que eu estou dizendo!" Ele me interrompe. "Vou te ensinar a dirigir."

"Sexo no carro parecia uma ideia melhor." Bufo.

"Podemos ver isso depois, raio de sol." Ele fala, piscando para mim, e eu gargalho com seu jeito de falar.

"Você realmente quer me ensinar a fazer isso?" Tombo a cabeça, preguiçosa. Ele afirma, eu respiro fundo, mas concordo. "Então vamos lá."

(Um mês depois)

Aprender a dirigir com Harry foi realmente mais divertido do que com a instrutora da autoescola, e provavelmente mais eficiente porque fui elogiada desde o começo. Eu acabei sendo aceita e agora estou naquele período em que se eu bater o carro ou algo assim, perco a carteira, mas pelo menos eu tenho uma carteira de motorista. "Olha só, dirigiu o caminho inteiro sozinha pela primeira vez!"

"Eu sou um talento, meu amor." Falo para Harry, e damos um high five antes de descer do carro. Ando até o Harry e seguro sua mão com carinho, beijando sua bochecha. "A propósito, muito obrigada por vir até esse jantar."

"Vai ser legal."

"Você sabe que não vai." Falo e ele dá risada, afirmando com uma careta adorável. Hoje é aniversário da minha avó e vamos passar a noite celebrando isso. Algumas das minhas tias estarão na minha casa e eu prevejo que vai haver uma sessão de perguntas sobre meu namoro.

Abro a porta de casa, e logo escuto as vozes da minha mãe, avó e tias comemorando nossa chegada. Puxo Harry pela mão e sorrio ao ver como está tranquilo, muito diferente de quando começamos a namorar.

"Eles chegaram!" Vovó comemora, se levanta e anda até Harry e eu. "Oi, querida."

"Tudo bem, vovó? Feliz aniversário!" Digo, a abraçando com força. Faço vários desejos de aniversário para ela, que agradece provavelmente sem prestar atenção à uma palavra, já que logo em seguida segue até o Harry e segura seu rosto com as duas mãos.

"Como é possível? Esse menino fica mais bonito a cada dia!" Ela fala, Harry gargalha. "Como você está, anjinho?"

"Estou muito bem, Maggie, muito obrigado. Parabéns para você." Ele a abraça e eu sorrio com a cena adorável. "Lara trouxe um presente."

"E você, não me trouxe nada?" Ela pergunta para ele, brincando.

"Ele me ajudou a escolher." Entrego o pacote e ela sorri, animada.

"Vou abrir o presente depois, muito obrigada. Falem com os convidados, por favor." Vovó diz e em minutos dissemos oi para todos meus primos e tios. Tive a impressão de que minha prima de treze anos ficou encantada com Harry e eu honestamente não a culpo.

"Conta para eles sobre sua faculdade, Harry." Minha mãe diz para meu namorado, quando estamos conversando com meu tio Roger e minha tia Tânia, pais da minha prima de treze anos. "A Penny está querendo cursar o mesmo curso que você."

"Você quer Direito?" Ele pergunta e ela afirma. Em seguida, Harry começa a explicar sobre as disciplinas e como conseguiu passar na NYU.

Ao observar a cena, minha tia Tânia me olha. "Arrumou um namorado bonito demais."

"Eu sei." Suspiro. Eu sei que Harry escutou porque ele sorriu rapidamente, mas continuou falando com a minha prima.

"Estão juntos há quanto tempo?" Ela pergunta.

"Quase dois anos e meio."

"Ah, ele é o mesmo namorado que te levou para Londres para ir para o casamento da mãe dele?"

"É ele sim, mas o casamento foi da irmã."

"Ah, isso, desculpa." Minha tia fala, dizendo logo depois que anda meio atrapalhada. Eu balanço a cabeça, sem ver problema, até que ela volta a falar. "Mas e a mãe do Harry, você conhece?"

Eu vejo que Harry continua conversando com a minha prima, mas suspira e parece um pouco incomodado quando sua mãe é mencionada. Ele tentou conversar com Anne para resolver as coisas, mas ela insistiu que não se arrependia pelo que fez sobre Oxford e eles tiveram uma discussão feia. Não se falam há dois anos.

"Eu..." Respiro fundo. "Sim, eu conheço a mãe dele."

"Sua mãe deve sentir muito sua falta, não é? Morando em outro continente já há quanto tempo, três anos?"

"É, faz quase três anos que eu vivo aqui, mas minha mãe não sente minha falta." Ele fala, a voz rancorosa, levantando-se do sofá. Merda. "Eu vou até o banheiro."

O Harry deixa o lugar e eu fecho os olhos, sabendo que ele está aborrecido. Minha tia pega na minha mão. "Ele não tem mais a mãe? Eu disse algo errado?"

"Não, ele tem. Ela está viva." Falo e ela parece aliviada. "É só complicado."

"O que aconteceu?" Minha prima pergunta.

Intrometida.

"Acredite em mim, vocês não querem saber."

Goosebumps: The Sequence - HSOnde histórias criam vida. Descubra agora