03.2

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"Mãe, Harry e eu somos perfeitamente capazes de nos virar sozinhos, e não há nada que possa fazer para me convencer que isso é uma ideia ruim." Eu falo, o tom de voz mais confiante do que estou na verdade.

"Está sendo um pouco incisiva." Harry fala, morde seu sanduíche, e volta a falar. "Precisa ser mais doce. Quando formos falar com ela, você tem que ser mais legal."

"O que você falaria?"

"Eu falaria o que disse para Anne quando falei que ia para os Estados Unidos." Ele diz, e eu me incomodo com a forma como se referiu à sua mãe. Ele tem que conversar com ela, faz tanto tempo que brigaram. "Eu disse que ela havia me ensinado a ser responsável, e era hora de provar para ela."

"Hum." Cerro os olhos, afirmando. Eu vejo a hora no meu celular e sei que é a hora de ir até o ginásio para o meu primeiro dia no estágio. "Tá, então... Você me buscar aqui mais tarde?"

"Sim, aí depois a gente vai pra sua casa." Ele se levanta, pegando sua mochila e deixando nas costas. Ando até o Harry e fico na ponta dos pés para colar nossos lábios.

"Eu te amo."

"Eu também te amo, colega de casa." Diz e me beija mais uma vez, e dá alguns passos para trás.

"Colega de casa?" Cerro os olhos. "Eu prefiro o termo colega de quarto."

Harry dá risada. "Colega de cama, então?"

Faço um sinal de positivo com a mão, e ele anda de novo e segura meu rosto com as duas mãos, me beijando com força. "Agora, sim, tenho que ir. Não me troque por um jogador de basquete!"

"Não vou prometer nada!" Brinco, ele sorri e pisca para mim antes de deixar meu campo de visão.

Eu não sei exatamente por onde começar então fico apenas em silêncio sentada na arquibancada, ninguém na quadra ainda. Uma meia hora se passa até que os primeiros garotos começam a chegar e eu anoto mentalmente que posso chegar um pouco mais tarde todos os dias para não ter que ficar esperando de novo.

Hunter é o último a chegar na quadra. Minha tarefa principal é observar seu comportamento, então em um certo ponto ele percebe que estou olhando pra ele. "Merda."

Eu vejo que o garoto se aproxima de mim. "Oi."

Suspiro, sem ter um pingo de vontade de falar com ele. "Oi."

"É a garota do Styles, não é?" Cruza os braços. "Te vi aqui ontem com ele."

Garota do Styles. Ele pode enfiar esse título na bunda dele.

"Meu nome é Lara." Afirmo, ele não muda de sua expressão cínica de quem acha que é gostoso. Talvez ele até fosse se eu não fosse apaixonada pelo meu namorado, mas aos meus olhos este cara é só um garoto fortinhos no meio de outros garotos fortinhos. "Mas, sim, ele é meu namorado."

"Ele é um cara legal, vai em poucas festas, mas é sempre divertido." Ele fala, se apoiando na grade que separa a quadra e a arquibancada onde eu estou. "Você nunca vai nas festas da NYU."

"É porque eu vou nas festas da Columbia."

"Ah, você é a estagiária da Columbia." Ele parece absolutamente orgulhoso de sua descoberta. "Me deixa adivinhar, sua tarefa é analisar meu comportamento. É isso?"

"Como sabe?" Franzo a sobrancelha.

"Bem, ou você estava me olhando por isso, ou porque o Styles não tá sendo suficiente para você, o que eu acho que não é o caso, certo?"

"Certo." Cruzo os braços também. Ele é irritante.

"Bom, você pode dizer para Roth ir se foder." Ele se afasta da grade em que estava se apoiando, agora só mantém uma das mãos ali. "Aquela velha preguiçosa quer arrumar uma forma de me mandar pra fora do time só porque eu já dei uma surra no queridinho dela, mas como ele também bateu, não poderia me tirar."

"Eu não vou dizer isso à ela."

"Deveria." Solta a mão da grade e dá alguns passos para trás. "É o seu trabalho falar como eu me comporto."

"Honestamente não entendi como pode ser amigo daquele cara." Falei ao Harry enquanto eu dirigia seu carro até minha casa. "Ele fica nervosinho jogando, falou aquelas coisas para mim e também vi ele empurrando os outros meninos. Ele parece ter vindo direto do fundamental."

"Não sou amigo dele, a gente conversa quando estamos bêbados. Iria gostar dele assim, ele fica engraçado e não tão bravo." Explica. Eu estaciono o carro na frente de casa e respiro fundo, com medo de que minha mãe ou meu pai surtem por eu estar de mudança.

"Estou com medo." Admito.

"Eu também." Ele sorri, pegando na minha mão. "Se não der certo, tudo bem... A gente continua como sempre foi."

"Vai dar certo." Garanto, entrelaçando nossos dedos, mas logo temos que soltar nossas mãos para sairmos do carro. O Harry anda até mim e pega minha mão de novo e eu sorri, respirando fundo quando abro a porta de casa. "Mãe, pai! Vocês estão aqui?"

"Sim, Lara, estamos na cozinha!" Escuto a voz do meu pai. Puxo o Harry pela mão até o lugar e minha mãe fica especialmente feliz em ver ele.

"Harry, oi! Há quanto tempo não te vejo? Uma semana?" Ela brinca e ele dá risada. Harry cumprimenta meu pai e então eu suspiro. Minha mãe percebe que estou estranha. "O que é que você tem?"

"Nós queremos falar com vocês sobre uma coisa." Vou ficar muito chateada se eles lidarem mal com isso. "Quero que fiquem calmos."

"Ah, Deus." Meu pai parece absolutamente aterrorizado. "Você está grávida?"

"Lara, eu juro por Deus, se você estiver grávida." Minha mãe coloca a mão no coração. "Nem terminaram a faculdade ainda! Aí, Jesus."

Se isso não fosse trágico seria engraçado.

"Não, gente, calma." O Harry diz, olhando para os dois. "Não vamos ter um bebê tão cedo."

Tão cedo?

Não vamos ter um bebê.

Nunca.

Mas esse não é o ponto da conversa. "É, mãe, eu não engravidei, não. É que a gente quer morar junto."

"Graças a Deus." Meus pais falam ao mesmo tempo e eu me sinto numa sitcom. Eles se abraçam, aliviados por não virarem avós agora, e eu e Harry ficamos de pé com cara de paisagem.

Goosebumps: The Sequence - HSOnde histórias criam vida. Descubra agora