Capítulo I

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William Sherlock Scoot Holmes

Holmes abre a porta do seu apartamento e o adentra, observando o redor. Nada. Inspira o mais fundo que consegue até sentir que seus pulmões vão estourar se enxerem-se mais de ar e expira lentamente. Se aproxima das poltronas, percebendo que uma sempre está vazia desde que John foi embora. É assim mesmo. A poltrona vazia e ele também.

Sherlock se senta em uma delas, seus olhos fixados na outra, enquanto uma dor atinge seu peito. Não queria estar sozinho. Mas ele causou isso. Não quer mais. Quer alguém. E não é qualquer alguém.

Seu dia foi difícil e estressante, sua cabeça está quase explodindo e Holmes, estacionado em um mesmo caso há meses. Sente saudades dos velhos tempos em que ele e seu colega desvendavam mistérios, era maravilhoso. John Watson e Sherlock Holmes, ninguém podia separar esses dois. Bom, quase ninguém podia.

O detetive se levanta e vai até a cozinha procurar algo para comer, não se alimenta desde o café da manhã. Agora são sete horas da noite. Está faminto.

Vasculha a geladeira e os armários, mas não há nada de interessante. Na verdade não há nada de interessante que ele saiba fazer, apenas leite, achocolatado e pão amanhecido. Esse é o prato dele de quase todos os dias.

Senta-se à mesa e toma seu "café-da-noite". Minutos depois vai até o banheiro e entra no chuveiro. Sente a água quente cair sobre seu corpo e relaxar cada músculo do mesmo. Sua pele fica avermelhada à medida que ele gasta alguns minutinhos a mais debaixo da sua cachoeira de água quente.

Quando termina o banho, se seca e vai direto à cama. Pousa sua cabeça no travesseiro e seus olhos vão se fechando lentamente enquanto ele cai em um sono profundo gradativamente deixando de lado todas as preocupações do dia.

...

Holmes abre seus olhos lentamente, sentindo a claridade os cegar. Os raios de sol inundam o ambiente, ele nem se lembrou de fechar a janela na noite anterior. Boceja e se espreguiça antes de sentar na cama. Depois vai encostando lentamente seus pés quentes no chão gelado. Sente um arrepio percorrer o corpo.

O detetive caminha arrastando os pés até o banheiro, admirando seu reflexo no espelho. Ele deve admitir que já esteve melhor. Sua barba não vê uma gilete há semanas e seu cabelo está tão comprido que sua franja quase o impede de enxergar. Ele passa as mãos pelos fios para tentar ordená-los, mas falha. Então faz suas necessidades e vai para a cozinha.

Começa uma nova história da saga "Procurando Qualquer Coisa Que Ele Saiba Fazer e Que Ainda Esteja no Prazo de Validade" e, por fim, encontra algumas torradas. Estão um pouco velhas e murchas, mas ainda são torradas.

Depois abre a geladeira, pegando uma caixa de leite. Enche uma xícara com o líquido e o mistura com um pouco de achocolatado. Senta-se à mesa e alimenta-se só. Como sempre. Joga a louça na pia junto a uma pilha de talheres e copos que estão se acumulando há dias e ele não consegue reunir forças para lavar.

Suas pernas o levam até seu computador, o fazendo sentar em sua cadeira. Silêncio. Ele abre a tela do aparelho, voltando a pesquisar sobre o caso no qual está trabalhando. Silêncio. E mais silêncio. Ele nunca se sentiu tão incomodado com isso antes.

Não ter mais a voz irritante do seu colega atrapalhando sua linha de raciocínio o faz pirar. E não poder o atormentar o deixa pior ainda. O relógio faz barulho e isso é a única coisa que pode ser ouvida no ambiente. Merda. Sherlock odeia estar sozinho, ele gosta de ter alguém para impressionar, gosta de chamar a atenção e, acima de tudo, gosta mais ainda da pessoa que sempre atura tudo isso, Watson.

Sabe, depois de tanto tempo, Holmes ainda sente falta do seu amigo. John anda muito ocupado com tudo e faz muito tempo que não aparece no 221B. Ele disse que nada iria mudar entre os dois, mas as coisas nunca mais foram as mesmas desde que ele se casou.

O detetive fecha a notebook com força e começa a andar freneticamente pela sala. Ele está mal. Normalmente não se sente assim, algumas vezes apenas. Mas elas estão ficando cada vez mais frequentes. Tão frequentes que uma péssima ideia toma conta de seus pensamentos.

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