William Sherlock Scoot Holmes
Sherlock vai ao quarto e pega uma seringa. Sabe que não deve fazer isto, ele sabe, mas que escolha tem? Ou isto, ou a tortura de não ter mais Watson. Ergue a manga da sua blusa, passa um pouquinho de álcool no local e injeta. Senta-se na cama e espera, espera aquela sensação. E... ela finalmente chega. É, parece que está funcionando. Ele se sente melhor agora. E mais confiante. E mais feliz.
Corre novamente ao computador, continuando a investigação, mas alguém bate à porta. Ele engole em seco, porque sabe quem é e sabe que essa mesma pessoa odeia quando ele se entope de cocaína. Pigarreia, ajeitando a roupa, e vai até a porta. Começa a destrancá-la lentamente.
Rosie, Mary e John surgem na sua frente e parecem felizes. Que bom, porque Holmes está um caco. Bem, nem tanto, por conta da droga. A pequena garotinha de cachos loiros o abraça apertado, ele a retribui. Watson dá alguns tapinha nas costas de Sherlock. Isso, porque eles são irmãos, né? Não, inferno, Holmes não quer isso. Mas isso é o que isso é.
Um tempo se passa e agora Mary está brincando com Rosie. Ela a faz rir a cada cinco segundos. Meu Deus, Mary cuida tão bem da garotinha. Holmes apenas observa as duas lá da cozinha.
— Ela é incrível, não é? — indaga Watson, fazendo Sherlock dar um pulo.
O detetive assente. Muito incrível. Muito além do Sherlock. Do que ele pode dar. Não é de se assustar que Watson acabou escolhendo ela, porque Mary está num nível que o pobre detetive do 221B nunca vai conseguir chegar. E ela ama John. Mas jamais como Sherlock. Sherlock o entende como ninguém, sabe de tudo. Bem, Holmes sabe de tudo sobre todo mundo, mas com John é diferente. Ele sabe e sente. Pela primeira vez, ele sente.
Watson se aproxima um pouco mais dele, alguns centímetros apenas, e o coração do detetive quase sai pela boca, seu corpo começando a suar. Não, ele não pode, já perdeu sua chance. Disse que o maior erro humano era os sentimentos e agora está pagando as consequências, porque John Watson está casado e tem uma linda filha.
Sherlock bate os pés até o quarto e fecha a porta com toda a força que tem, nem se importa com o estrondo. Depois taca tudo o que vê pela frente, no chão. Watson o segue, porque também sente. Ele sente Holmes. John abre o pedaço de madeira e que bagunça!
— O que você está fazendo, Sherlock? — pergunta, as sobrancelhas franzidas.
— Você sabe — murmura, encarando seu amigo com um olhar ferido, que exala arrependimento.
E Watson realmente sabe, sempre soube.
— Tarde demais, Sherlock.
— Eu sei, John.
Holmes preferiria estar morto a ver seu John com outra pessoa. Ele está feliz e Sherlock deveria estar feliz por ele, mas isso é impossível. Ver John feliz com outra pessoa o deixa triste. Ele é egoísta. Quer que John seja feliz apenas ao lado dele. Ou apenas esteja magoado. Magoado por não ser mais o único na vida do seu homem. E sozinho como sempre esteve, claro. Sempre sozinho.
John fixa seus olhos nos de Sherlock e começa a se aproximar lentamente. Tudo está silencioso e não há ninguém que possa incomodar. Ele sabe o que está fazendo, mas não se importa. Sherlock menos ainda. Eles sempre quiseram isto.
As suas respirações se chocam uma contra a outra e não há palavras, eles não necessitam delas. John passeia seus lábios pelo queixo de Holmes até o seu maxilar. Depois sussurra em seu ouvido:
— Ninguém é como você.
Mentira. Bom, isso é o que Holmes pensa. Ele acha que Mary é perfeita, que não há ninguém como ela e não como ele. Mas fica calado. Watson leva sua mão até o pescoço de Holmes e puxa seus fios de cabelo. Sherlock geme e não tenta conter. Foda-se, para que esconder se os dois sabem o que sentem?
O detetive cerra os olhos para aproveitar o momento enquanto Watson passeia com os lábios pelo seu pescoço. John fita a boca de Holmes e não pode acreditar que está prestes a fazer isto. Ele sempre desejou este momento, mas Sherlock nunca o deu esta oportunidade.
Watson junta seus lábios aos de Sherlock lentamente enquanto sua respiração aumenta o ritmo a cada segundo. Holmes também está assim, os pulmões suplicando por ar como alguém suplica por água em um deserto. O detetive não sabe o que fazer com as mãos, é a sua primeira vez, então John as leva até a sua cintura.
A temperatura do ambiente começa a aumentar à medida que o beijo deles fica mais intenso. Suas línguas bailam juntas. Essa é uma experiência única, nenhum deles se sentiu assim antes. John se separa e Sherlock, ainda de olhos fechados, procura por ele novamente, mas não o encontra, porque já está longe. Quando abre os olhos, Watson está à porta nos braços dela, Mary.
— Sherlock é nome de menina — suplica o detetive.
— Eu também, Holmes.
Watson precisa ir embora, mas não quer e nunca quis. Mas precisa. E diz para a sua esposa que eles têm de voltar à casa. Mary o encara confusa, porque ela não sente John. Apenas Sherlock faz isso.
"Tchau, Sherlock" é a única coisa que o caro Watson diz antes de virar as costas e descer as escadas ao lado de Rosie e Mary. Adivinha! Sherlock Holmes não tem mais ninguém, so-zi-nho. Isso nunca acaba. Ele nasceu assim e vai morrer assim. No máximo algumas flores em cima do seu túmulo. Bom, pelo menos terá a companhia delas.
Ele volta ao seu quarto, as lembranças do beijo ainda vagando pela sua mente e seu membro começa a clamar por atenção. Que isso? Ele não sabe, nunca se tocou. Mas é curioso o suficiente para ir até o banheiro e se despir por completo, mirando seu membro. As únicas vezes que o olhava era para tomar banho, nunca fazia isso com outras intenções.
Leva sua mão até ele e começa os movimentos. Isso é realmente muito bom, no entanto não é exatamente o que Holmes quer. Ele quer Watson.
Morde seu lábio inferior à medida que vai chegando ao ápice, até que finalmente o atinge. Suspira enquanto imagina seu querido amigo ali com ele. Depois veste sua boxer e se senta no chão. Ele não quer mais levantar, pois não tem motivos para isso.
A mancha na lente, a mosca na sopa, o erro humano. Sherlock, que tanto confiou nessas três frases, acaba de perceber que o seu pior erro é ter acreditado, durante toda a sua vida, nelas.
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Always Alone
FanficSeis anos se passaram desde o casamento de John e Mary. "Você sabe que nada vai mudar entre nós, né, Holmes?" era o que Watson dizia ao detetive, no entanto parece que as coisas não funcionaram exatamente assim. Sherlock chega de mais um dia cansati...