Capítulo 20

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-Fale...

-Você tem duas, e apenas duas opções - ele começa e eu quase reviro os olhos pelo tanto de suspense. - Opção um: lutar comigo na arena - o rei me encara para testemunhar minha reação, mas eu fiz apenas uma careta confusa. - Ou se casar comigo.

Engasgo com alguma coisa e começo a tossir. Após me recuperar eu o encaro para dar a resposta dele imediatamente, mas meu instinto inteligente deu um tapa mental na minha cara e disse para que eu aceitasse o mês de liberdade, mesmo que eu já tivesse decidido.

-Certo, pensarei com calma sobre suas opções - respondo e ele assente. - Posso partir? - pergunto.

-Sim - o rei diz. - Nos vemos em um mês, Rebecca - ele dá ênfase no meu segundo nome e eu ignoro andando o mais rápido possível até a porta de entrada/saída.

Mas antes de sair, me viro para ele:

-Onde está a companheira de meu pai? - pergunto e o rei entorta a cabeça.

-Ela vive em uma pequena aldeia em Ahgnares - ele responde e eu abro a porta. Antes que eu a fechasse o ouço: - Boa sorte.

Em velocidade lupina corro até a fronteira de Sargenis e, por meio da minha ligação com Nick, falei:

Tenho um mês de liberdade, começando agora. Mas nos veremos apenas em alguns dias, me deseje sorte - aviso e paro bruscamente na ponte Gollvar, a ponte entre os continentes Loxigan e Ahgnares.

Respiro fundo algumas vezes, e antes de começar a andar, ouço a resposta de Nick.

Pense bem no que vai fazer. Seja racional, seus irmãos estão preocupados, merecem pelo menos uma despedida - Nick diz com a voz tensa.

Não o respondo e começo a caminhar pela ponte. Ela era longa, muito longa. E não tinha uma decoração, era apenas uma ponte de vidro. Aos meus dois lados eu podia ver o mar desconhecido, ou mais conhecido como Mar dos Pesadelos Incessantes.

O mar desconhecido tem fama de nunca deixar um navio de pé por mais de dois dias. A correnteza é forte demais e existem animais de espécies que, segundo alguns estudiosos: você não quer conhecer.

Uma vez eu pesquisara, na casa de Ash, sobre os oceanos em Leghonar. As águas eram cristalinas e muito azuis. Aqui, as águas são negras, tão escuras que você não vê nem a areia no raso das praias, ou as próprias mãos ao tentar lavá-las, experiência própria.

Quando me dou conta que estou bem no meio da ponte, me apoio no corrimão da mesma e encaro o horizonte norte sentindo meus cabelos e meu vestido serem balançados pelo vento sulista intenso. Suspiro novamente ainda encarando a bela visão sem pássaros, algo me dizia para correr mas eu apenas ignorei.

Por que a sinto? - ouço a voz do meu companheiro soar confusa.

Porque você pediu para me sentir até meus últimos momentos - digo me impulsionando para o mar.

Por que não sinto sua dor? - ele sussurra.

Porque não vai doer - sussurro de volta.

Onde está, princesa? - ele pergunta e eu ignoro o apelido.

Também não o respondo. Fecho os olhos e espero, não sei exatamente o que, mas apenas espero. Alguns minutos se passam e então sinto uma gota gelada pingar na minha bochecha.

Chuva? Sério?

Mas quando abro os olhos... O mar estava transparente, uma onda gigante se projetava em minha frente, com isso dou alguns passos para trás.

Escolhida para lutarOnde histórias criam vida. Descubra agora