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sou apenas um rapaz com 15 anos que odeia a vida que tem, mas o seu maior medo é a morte.

estava uma linda noite para ficar em casa a ler e a beber chá quando recebi uma chamada inesperada.

era o Jack a dizer que precisava de falar comigo imediatamente e para nos encontrarmos no subway ao fundo da minha rua. ele já lá estava. ao telemóvel percebi um palpitar da voz e um choro pouco nítido.

vesti o meu casaco preto, desci as escadas, disse à minha mãe que vinha já e fechei a porta sem ela ter oportunidade de dizer algo.

estava com medo porque o Jack sempre foi um dos meus melhores amigos e sou uma pessoa demasiado sensível. sinto a tristeza dos outros, mas mais que isso estava com medo de chegar a casa pois eu nunca tinha saído de casa sem perguntar à minha mãe.

ela habituou-me a estar em casa desde que o meu pai morreu. tinha eu 9 anos. tenho uma vaga ideia de como ele era antes de morrer. foi um pai pouco presente mas de qualquer forma era meu pai, certo?

mas bem, o que eu estava a dizer era que quando chegasse a casa ia ouvir da minha mãe, mas isso para mim não era problema.

o que eu queria saber era como o Jack estava e o que se passou

* * *

já faltava pouco tempo para chegar ao subway mas já conseguia avistar o jipe do Jack.

eu e o Jack temos diferença de 4 anos, ele é mais velho. por isso é que ele tem carro e eu não.

como nos conhecemos foi um bocado irónico. lembro-me perfeitamente desse momento.

eu andava na escola primária e ele estava no 1° ciclo. estavamos os dois no recreio, eu com o meu carro. sem querer, deixei-o escorregar das mãos o que fez com que este andasse sozinho e fosse fazer com que Jack, que estava a correr, desse um pontapé no meu carro e ele voasse para cima de uma árvore. fiquei a olhar para a árvore com uma lágrima no olho e Jack veio a correr para mim a pedir-me desculpa e imediatamente, saltou para a árvore e deu-me o carro. olhamos os dois para a camisola um do outro e apercebemos-nos que eram iguais.

a partir desse momento ele falava muito comigo. nos recreios ficávamos juntos a falar e andar pela escola.

eramos inseparáveis

* * *

já no subway, sento-me na mesa mais próxima do vidro, pois era nessa mesa que Jack se encontrava a olhar para a lua, que naquele dia estava cheia, e os seus olhos encontravam-se aguados. ele sempre foi um rapaz capaz de não mostrar muito os seus sentimentos, mas para os olhos dele se encontrarem assim, é porque algo de mau se tinha passado.

sentei-me na sua frente, mas ele nem conseguia olhar para mim. uma lágrima caiu e aconcheguei-lhe o braço fazendo-o dizer:

- acordei e não vi a Alexa do meu lado. estranhando, pensei que ela tinha ido sair para fazer algo de importante por isso, aproveitei para tomar banho e vestir-me. achei que se estava a passar algo de estranho porque não via nada dela em nenhuma parte da casa. enquanto vestia as calças, reparei num papel em cima da mesinha de cabeceira - diz ele estremecendo a voz sem conseguir dizer o resto.

- mas o que se passa Jack?! o que dizia o papel?!

Jack mete a mão no bolso do seu casaco de ganga e tira o papel, metendo-o em cima da mesa

- lê...

''Jack

eu sei que namoramos há mais de 2 anos, mas há uns tempos (como deves ter reparado) estou diferente, não sinto o mesmo que sentia por ti. já tenho outra pessoa em mente. desculpa, eu não queria que isto acontecesse. espero que sejas feliz com alguém melhor que eu.

Ale''

o nome ''Alexa'' não estava explicito pois uma lágrima o cobria.

pensei mais do que uma vez como Jack se podia estar a sentir naquele momento. coitado... eu sei bem o quanto ele gostava dela. não havia um momento em que ele não falasse dela. mas eu sempre desconfiei de algo naquele ser humano. nunca pareceu amar o Jack da maneira que ele a amava.

com pena dele, digo para ele vir para minha casa porque não o queria ver triste nem queria que ele se sentisse sozinho.

quando cheguei a casa já passava da meia noite, estava com receio do que a minha mãe fosse dizer, algo sobre a estadia do Jack no meu quarto, mas como ela sempre gostou dele não devia haver problema.

entrei em casa e Jack continuava com os olhos vermelhos do choro. a minha mãe estava na sala a ver o Factor X.

ela aceitou a estadia do Jack, não só por hoje, mas pela semana toda.

fui buscar o colchão cama ao armário e pú-lo à beira da minha cama. Jack nem disse mais nada. deitou-se na minha cama e adormeceu. e eu revoltado, dormi no colchão cama.

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não × kian&jack [pt]Onde histórias criam vida. Descubra agora