Escondida.

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A única fresta de luz que saia dali, parecia tão fraquinha, que eu sentia que talvez fosse só uma miragem. Uma ilusão de uma mente já cansada e desesperada pra algo real, algo que trouxesse a lembrança do que era luz e liberdade.

Sentindo a poeira tanto no cômodo inteiro, quando em mim. Soterrada. Suja e difícil de se estar por perto.

Tampei os olhos para não entrar em contato com toda a areia e sujeira. Mas meus olhos ainda coçavam e estavam vermelhos como nunca.

Eu bati na janela várias vezes, esperando. O som depois de um tempo se tornou corriqueiro. Ninguém nunca escutou, só incomodou aos meus ouvidos. Tempos depois, não mais, pois já estavam tampados com toda a nuvem de fuligem. Eu me perguntava de onde Vinha.

Eu tentei ficar consciente durante todo o tempo. Eu esperei bastante. Eu vi alguns vestígios do que seria o lado de fora, mas acho que nunca consegui enxergar de forma verdadeira.

Hoje eu bati pela última vez.
O som continua corriqueiro.
A única fresta de luz se apagou.
É noite.

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