Então ela me olhou.
Os olhinhos brilhando, as sardas também. Como estrelas. Ela era infinita. E eu nunca cansaria de olhar para ela. Eu era uma fiel admiradora do seu céu.- Eu poderia beijar todas as suas sardas para sempre, sem cansar.
- Eu poderia conviver com você me beijando para sempre.
Eu ri, e depois dali eu não sei o que aconteceu.
Porque de repente, eu senti ela enxugando minhas lágrimas. E eu ri de novo. Como se nunca mais fosse parar. Ela franziu o rosto em confusão mas riu um pouco comigo também.- Você tá' bem?
Eu estava.
- Eu estou.
Talvez fosse os olhos dela. O jeito que o vento balançava seus cabelos negros. A forma como ela me olhou como se eu fosse a pessoa mais incrível e interessante. Como se eu fosse importante. Talvez tudo isso, e um muito mais, tenha me enchido de sentimentos naquela noite. Eu me senti transbordando tanto, que não conseguia colocar para fora. E isso me assustou. Me assustou pensar que eu nunca conseguiria fazer ela ver o quanto eu a amava. E o quanto eu era grata por ela me amar também.
- Não chora...
Ela me abraçou.
- Não vou.
Eu me escondi no ombro dela.
- Mas você tá chorando...
Ela falou, triste. Eu me sentia uma idiota por estar chorando em sua frente, mas eu não podia fazer nada. Naquele momento, era a única forma de colocar pra fora tudo o que ela me fazia sentir. E se eu não colocasse, eu sentia que poderia explodir. Me engasgar com explosões e borboletas.
- Eu vou parar de chorar em um minuto.
Não sei se ela entendeu minha fala embolada pelo choro mas ela me embalou nos seus braços.
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Dor em parcelas
RandomPorque que não consigo gritar minhas dores de outra forma. Porque nessa forma eu sou completamente livre.