Keep it sweet in your memory

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Draco sentia seus longos cabelos serem trançados pelos dedos ágeis de Pansy, que enrolara algumas flores junto das mechas loiras. Seus olhos quase fechados, controlando a si mesmo para não acabar ronronando como um pequeno gatinho.

— Então o estranho que ficava te encarando finalmente te chamou pra sair? — disse um Blaise completamente alheio, com os olhos grudados no televisor que transmitia algum de seus musicais favoritos — Isso é um avanço enorme.

— É sim, vocês precisavam ver os olhinhos de Draco brilhando — contou Luna, com a cabeça para fora da cama macia do amigo e os pés escorados na parede em um tom neutro. Draco as vezes se perguntava como ela ficava confortável naquela posição — E o Harry parecia um príncipe de contos de fada.

— Um príncipe punk — disse Pansy, risonha. Deixou um beijinho na testa do melhor amigo mas não saiu da posição em que estava, permitindo que ele continuasse deitado em seu colo.

— Meu príncipe punk, quem sabe — comentou Draco, rindo baixinho — Só aceitei sair com ele um dia, pessoal. Não vamos namorar e casar nem nada disso, parem de sonhar alto ou até mesmo eu vou acabar me iludindo.

— E lá vamos nós de novo — Blaise revirou os olhos, jogando uma almofada que acertou Draco em cheio — Para de ser bobo, eu quero ser padrinho do filho de vocês dois.

Malfoy apenas fez uma careta, mas não deixou de pensar na possibilidade.

[...]

Harry estava sentado na varanda ao lado do pai que tentava arrumar o motor da moto velha. James estava com as roupas cheias de óleo de motor, o que provavelmente ocasionaria uma pequena briga com Lily.

— Me fala mais desse garoto, filhão. Você disse que ele era alto? Alto tipo o Moony ou mais puxado para Sirius?

— Alto tipo o padrinho, e bonito. Ai pai, será que é possível me apaixonar por alguém que só vi longe?

— É sim, querido. Amor é uma coisa inesperada e única, as circunstâncias pra você se apaixonar são diversas e quando menos espera... BUM! — James arregalou os olhos, notando a expressão entediada do filho — Quando você era criança te assustar era bem mais fácil. Mas é isso filho, você nem percebe e quando vê já está fisgado. Veja sua mãe e eu, por exemplo. Ela me odiava mas não resistiu ao meu charme muito tempo.

— Pai... — Harry riu, balançando a cabeça em negação. O Potter mais velho levou os dedos até os cabelos do filho e os bagunçou ainda mais.

— O que vocês estão aprontando? — a voz suave de Lily chamou a atenção dos dois, que sorriram para a mulher grávida, James prontamente levantando para ajudá-la a descer as escadinhas da varanda — Estou grávida mas posso cuidar de mim mesma, James Potter! — brigou, estreitando os olhos verdes quando o marido projetou um beicinho dengoso — Desculpe amor, são os hormônios. Mas então, o que meu bebê e meu marido estão fazendo?

— Harry estava me contando sobre nosso genro. É alto como o Sirius, e muito muito muito — deu ênfase no último "muito" — Bonito.

— Chamei o garoto da floricultura pra sair, mãe. Essa é minha novidade — contou ao coçar a barba, fechando um dos olhos quando Lily espalmou a mão no peito, de forma dramática.

— Oh meu garotinho cresceu tão rápido. Veja Jay, além de pilotar uma moto sozinho sem as rodinhas de apoio já está chamando o namoradinho pra sair. Me sinto velha.

— Mãe — Harry riu novamente, contando os detalhes sobre Draco Malfoy para seus pais, que ouviam atentamente.

[...]

O dia estava chegando ao fim e a noite já se preparava para tomar seu lugar quando o celular de Draco vibrou sobre a mesinha da sala. Estava ao lado de Lucius, que mostrava algumas decorações para o filho em busca de aprovação. Narcissa e ele estavam preparados para finalmente desocupar o antigo escritório e transformá-lo em algo mais útil.

— O que achava desse verde? Sua mãe gostou mais desse aqui — apontou para a cartela de cores, olhando para o filho apenas para perceber que o garoto estava alheio olhando para o aparelhinho que piscava — Pode atender, Draco. Vou dizer que você optou pelo meu tom favorito e sua mãe não poderá discordar — Lucius falou vitorioso, dando uma piscadela para o filho antes de recolher as pastas com imagens de móveis, tintas e afins.

— Não conto que você trapaceou, pode deixar — Draco riu, avançando sobre o aparelho celular apenas para perceber serem mensagens dos amigos no grupo em que estavam juntos. Sentiu as esperanças quase saírem de seu corpo quando novamente o aparelho tocou, dessa vez com um som diferente do anterior — Alô?

"Draco, oi!" disse Harry na ligação "Então, queria saber se você topa ir comigo no barzinho amanhã? Meus amigos vão ir também, e seria legal ter você comigo. O que acha?"

A voz de Potter parecia entusiasmada de uma forma que contagiou Draco, fazendo com que o loiro concordasse antes mesmo de conseguir formar uma frase coerente.

— Ah, claro. Posso levar os meus amigos também? Eles querem te conhecer — soltou sem querer, arregalando os olhos ao notar o que havia deixado escapar.

Ouviu um riso no outro lado da linha, completamente livre de maldade, apenas divertido. Suas bochechas pareciam pegar fogo.

— Querida, você sabia que nosso filho está namorando? — a voz de Lucius soou provocativa quando o homem passava pelo mais novo, que momentaneamente esqueceu da presença do pai no mesmo cômodo, e então sumiu quando ele adentrou a porta que despontava na cozinha.

Por alguns segundos Draco quis afundar no piso encerado e virar parte da mobília, apenas para sumir.

"Draco? Ainda está aí? Adoraria conhecer seus amigos também, margarida. Os meus não aguentam mais ouvir minha voz falando sobre você."

— Oi, hã estou — disse, se recuperando brevemente antes de mordiscar o lábio — Uhm, eu adoraria conhecê-los direito. Então, amanhã?

"Isso, passo pra te pegar, tá? Me envia o endereço por mensagem."

— Hum, Harry? — perguntou curioso, brincando com a bainha da camiseta de algodão que vestia — Por qual razão você não me enviou uma mensagem perguntando tudo isso?

"Isso é fácil, bobinho. Te liguei porque queria ouvir sua voz." A entonação de Harry ainda era divertida. "Te vejo amanhã, então. Boa noite, Draco."

— Boa noite, Haz — disse baixinho, sentindo o coração dar pequenos pulinhos dentro da caixa torácica.

Draco jogou o corpo no sofá, como se estivesse vivendo um sonho que não gostaria de acordar tão cedo. Era bobo se sentir daquela forma por alguém que havia conhecido há tão pouco tempo, mas como sua mãe disse uma vez, não há como mandar no que se sente e muito menos controlar o coração.

Sunflower, Vol. 6Onde histórias criam vida. Descubra agora