Fruto de um Amor

Capítulo 1

 O dia havia sido corrido como sempre, dois empregos e ele mal conseguia sustentar a casa, mas mesmo com o cansaço tomando conta do corpo aos poucos, ele fazia questão de fazer uma bela refeição para a filha e aproveitar o tempo com a mesma até que, literalmente, caísse de sono, segurando uma de suas bonecas ou brinquedos aleatórios.

Sasuke nunca achava um incômodo brincar com a filha, não queria ser ausente, mas sempre se pegava desejando que a garotinha tivesse menos energia. No entanto, mesmo exausto, ela ainda era quem o fazia sorrir, apesar de tudo.

Após terminar de lavar os pratos, se sentou no chão da sala, apoiando a lateral do corpo no sofá, segurando um urso que era, supostamente, o animal de estimação da boneca de Naomi. Ela tagarelava sem parar, fazendo Sasuke rir vez ou outra. A garota o encarava com os grandes olhos azuis enquanto tirava a cabeleira negra do rosto. Ela falava e falava, sequer tendo certeza do que dizia, ou se misturando entre as palavras. Ela apenas queria falar, não importava o que.

Enquanto movia o urso e soltava suas falas na brincadeira, Sasuke se permitiu pensar. Tantas coisas poderiam ter sido diferentes, tomou tantas decisões erradas para chegar ali, mas afirmava com toda a força que a única certa foi ter dado à luz, por mais dificuldades que teve, Naomi ainda o iluminava.

Aconteceu quando Sasuke estava no segundo ano da faculdade de arquitetura. Desde que entrou na mesma, uma cabeleira loira sempre chamou sua atenção, por pior que fosse admitir. Naruto foi sua primeira paixão, e não entendia bem o sentimento. Era ardente e macio, como se agitasse seu peito ao mesmo tempo que o confortava. Considerou esse seu primeiro erro.

Quando passou para o segundo ano, Sakura, que mantinha contato com o loiro e alguns de seus amigos, marcou um encontro para alguns colegas, alegando que Sasuke estava muito isolado e "privado de diversão" desde que começou na faculdade, e que precisava sair. Ele acabou cedendo por impaciência. Mais um erro.

Quando ficou cara a cara com o loiro, Sasuke ficou tão nervoso que apenas aceitava qualquer copo que lhe fosse empurrado. O papo fluía tão bem que ele sequer se dava conta que estava se soltando pela bebida. Pelo jeito Naruto também não percebeu, pois ia ficando na mesma do moreno. Copos e copos depois, eles ainda não paravam, porque a conversa era muito boa, e a companhia era simplesmente indescritível. E ele estava fodidamente apaixonado. E o calor de seu peito se espalhou pelo corpo, subindo à cabeça. A partir daí foi um erro atrás do outro.

Naruto morava por perto. Depois de uns beijos do lado de fora do bar, ele se deixou ser timidamente arrastado para o apartamento do loiro. Um ômega impaciente e um alfa com desejo. Não demorou para que Naruto tomasse sua virgindade e seu coração de vez.

No dia seguinte, Sasuke acordou primeiro. Ele considerou ficar mais um pouco, os lençóis muito macios e o ambiente muito aconchegante, bem como Naruto. Mas achou melhor falar com Naruto em uma outra oportunidade, quando não estivesse com uma tremenda dor de cabeça e os sentidos confusos. Então ele apenas saiu.

A oportunidade não surgiu, a semana de provas se aproximando e ambos muito ocupados. Até então, Sasuke estava feliz. Achou que realmente tinha encontrado um companheiro com quem passaria o resto da vida.

Não podia estar mais enganado.

Um tempo depois, ele se sentia mal. Começou com ânsias ocasionais. Depois seu cio atrasou. Depois ele não conseguia comer. Por fim, temeroso com nunca, fez um teste de gravidez. O resultado positivo arrancou o chão e o ar de Sasuke. Ele caiu no chão frio do banheiro e sofreu um ataque de pânico ali mesmo, se abraçando enquanto esperava passar, incapaz de se mover. Ele chorou tanto que pela manha podia jurar que se sentia totalmente seco.

A partir dali ele evitou Naruto o tempo todo. Após o período de sufoco na universidade, eles conseguiram respirar. Naruto foi atrás dele. Muitas vezes. Vezes demais. Mas Sasuke simplesmente não conseguia. Ele não conseguia ver um senário em que aquilo acabaria bem. Um alfa engravidando um ômega qualquer por causa de uma maldita gravidez.