O escritório era enorme. Grandes janelas com cortinas bordadas que davam visão para a cidade, delas luz caia para dentro da sala iluminando o chão de madeira escura. Prateleiras de livros que iam do teto ao chão de cada lado. Em uma grande mesa de madeira estavam pilhas de papeis, cartas e livros e logo atrás o Conde repousava em sua cadeira em roupas militares lendo um informe.
Estava sentado em um sofá claro de madeira nobre e logo a minha frente no mezanino com tampo de vidro repousava uma fina xícara de chá de porcelana, trazido pelo servente que havia me guiado até ali. Eu observava a carta que trazia comigo. O selo vermelho parecia um sinal ruim. Embora eu já sabendo o que estava escrito, ela parecia pesar chumbo em minhas mãos.
"Claudier. Mande a inspeção para ver esse navio que acabou de chegar e peçam para serem rápidos. Sem erros." Sr. Casttelar falou pela primeira vez para o homem que me acompanhara até aquela sala "Ressalte para não cometerem erros." Seu tom se tornou mais pesado enquanto ressaltava o que falava.
Me encolhi mais enquanto o ouvia falar. Seu tom sério me assustava e sua voz era mais grave do que imaginara. Seus olhos se viravam em minha direção e aguardava me pronunciar perante ele. Claudier vendo minha hesitação falou primeiro:
"Senhor esse garoto apareceu hoje a porta." Disse com havidez "Ele traz uma resposta em nome dos antigos barões. Os Briglanth."
"Deixe-o falar." O conde o cortou "Gostaria de saber a resposta deles."
Me levantei de uma vez caminhando até a mesa e estendendo a carta e sua direção com a cabeça baixa. Era aquele momento que temia mais que tudo. Senti aqueles olhos de aço me observarem antes de aceitar a carta.
Não importava o quanto estivesse cansado ou o quanto tivesse me preparado mentalmente. Ele era diferente. Mais duro. Cético. O conde possuía uma aura carregada o que tornava mais difícil conseguir falar. Havia uma pressão que eu não sabia lidar.
"S-Senhor e-eu trago a resposta da casa Briglanth sobre a dívida e também opções de como paga-las." Gaguejei e me amaldiçoando em seguida "Claro se o senhor aceitar."
Momentos se passaram desde a abertura da carta e a leitura por parte do Conde. Ele lia e relia, com seus olhos passando rapidamente pelas palavras e cada vez ficava mais irritado com as respostas que estava ali. Tudo que pude fazer foi abaixar a cabeça e esperar a tempestade.
"ISSO É INADMISSIVEL!!" Gritou para os presentes se levantando bruscamente, especialmente para mim "Eles não podem simplesmente e deliberadamente fazer esses termos e me empurrarem por uma carta entregue por um garoto de 10 anos!"
A fúria era inevitável e eu não podia falar ou fazer algo para ameniza-la já que o culpado de tudo isso era eu no fim. Suas mãos bateram na mesa com extrema força antes de soltar o ar de fixar seu olhar e até mesmo Claudier, mordomo do Conde, se afastou levemente esperando a fúria de seu mestre passar
"Você! Garoto!" Disse me chamando, ainda com a raiva expressa na voz "Qual o seu nome e não espere que eu vá engolir essa desculpa esfarrapada que os barões querem me mandar."
"Dievo, Senhor. Dievo Briglanth" Respondi me encolhendo mais, somente com meu chapéu em mãos "Entendo que não era o que o Senhor esperava de resposta, mas... Mas não temos mais nada para dar."
"Explique-se" foi só o que ele disse. Com suas palavras tão afiadas quanto aço.
Olhei de um lado para o outro desnorteado tentando encontrar palavras para acalmar o Conde, mas tudo me fugia. Ele, aquele lugar, tudo ao meu redor era estranho. Eu estava assustado. Assustado demais para falar. Tudo o que eu conseguia observar era o chão sentindo um tremor passar por mim.
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Letters
Storie d'amoreUm projeto que iniciei inspirado nos Aestetics de Violet Evergarden plus um doujin que a qual prefiro não citar. Projeto atualmente ta parado pro motivos de incompetência mas eu simplesmente amo esse inicio e ideia e resolvi postar. Um relação entre...