Agonia

Capítulo 1.

Era uma noite chuvosa de março,dirigir com raios e trovões não era o recomendado pelo meteorologista do jornal da tarde,mas eu tinha um propósito que era chegar na casa dos meus pais. Até hoje lembro do dia em que eles praticamente me impediram quando eu disse que ia me mudar para outra cidade...até que foi engraçado.

...prometi passar o fim de semana com eles...

Além deles não tenho mais ninguém então é o mínimo que posso fazer,isso serve até mesmo para tirar as preocupações tanto do emprego quanto da vida adulta. Naquele momento eu buscava no rádio do carro por uma estação,pensava em ouvir algo agradável,mas devido à chuva nada além de uma má sintonização.

— Talvez depois. — Digo desligando o aparelho.

A floresta escura dava a entender que a qualquer momento algum bicho poderia cruzar a estrada,os relâmpagos psicodélicos desenhavam figuras assustadoras nas árvores altas. Num instante começo a lembrar um pouco do tempo em eu não precisava passar três horas na estrada para chegar na minha cidade natal...me pergunto como foi que fugi de tudo aquilo.

— Eu tenho que parar com isso. — Solto um longo suspiro.

...de repente,como se não bastasse a chuva,meu carro para de funcionar no meio do caminho...

— Porcaria. — Começo a religa-lo — Vamos,anda.

Desesperado tento diversas vezes. Os trovões pareciam ecoar mais intensamente cada vez que eu girava a chave,numa última tentativa a lata velha liga novamente.

— Isso. — Comemoro.

Eu estava tão feliz com a volta do funcionamento do carro que nem presto atenção no raio atingido uma árvore bem ao lado do veículo. Assustado com o estrondo encaro sem reação o tronco caindo em cima do carro...sim,eu deveria ter acelerado,mas ao invés disso fiquei parado esperando acontecer.

...o fracote Jhon mais uma vez se deixou levar de novo...

...

A princípio eu me senti caindo infinitamente,tudo se resumia a uma escuridão total,mas nada era tão real quanto o vento em meu rosto e a sensação de queda. Ao parecer chegar no limite acordo de repente como se aquilo tivesse sido um pesadelo,deitado em uma cama eu tentava reconhecer o lugar.

— Ei,esse é meu quarto. — Afirmo.

Não dava para acreditar,eu estava mesmo no meu antigo quarto. Os pôsteres de bandas de rock e personagens de filmes,meu guarda-roupa,minha escrivaninha,as peças de roupas espalhadas pelo chão...nada havia mudado.

Dando uma passeada pelo lugar abro a janela,estava de dia,mas a neblina dava um aspecto acinzentado. Olhando meu bairro pela janela começo a lembrar um pouco da minha adolescência.

— Para onde foi todo mundo?. — Estranho o extremo silêncio.

Eu não fazia ideia de como tinha chegado na casa,nem ao menos lembro de ter visto os meus pais. A viagem até aqui deve ter sido tão cansativa que talvez eu nem lembre de ter chegado ontem a noite.

Nem ao menos coloquei roupas confortáveis para dormir,ainda estou usando o mesmo casaco verde musgo,a calça comprida com tons em marrom e o sapato completamente desgastado. Saio para fora do quarto e ando pelo corredor até chegar na ponta da escada para ir ao primeiro piso...

...o silêncio da casa e o clima sombrio não me deixavam nenhum pouco confortável. Descendo os degraus a madeira fazia aquele ruído irritante,procuro por meus pais,mas não estavam em lugar nenhum.

— Será que saíram?. — Questiono para mim mesmo.

Como de costume ao acordar sempre gosto de ver televisão,queria ter algo para me entreter antes deles chegarem. Assim que ligo o aparelho estranho a tela azul que aparece,além disso todos os canais estavam assim.

A única explicação é que meu pai gosta de mexer nesses aparelhos,mas o homem não tem experiência alguma,talvez tenha desconfigurado os canais. Sem sucesso desligo a tv,levanto do sofá e antes de fazer qualquer coisa ouço um barulho vindo do segundo andar.

...parece que alguém caiu e está se debatendo no chão...

Curioso decido verificar. Paro no primeiro degrau da escada e me apoiando no corrimão espero algo acontecer,quando o barulho novamente é ecoado subo de vez. O som vinha do quarto dos meus pais...alguma coisa me fazia ter receio de abrir aquela porta.

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(O Próximo Capítulo Sai Em Breve)