Agonia

Capítulo 3.

Eu ainda perambulava por aquele bairro procurando por algo útil. Embora estivesse mais atento do que nunca sentia que alguém me observava de longe,nada que eu fazia tirava essa sensação e já atordoado sento na calçada escorado em um poste de luz.

Coloco as duas mãos sob o rosto e penso um pouco,entre uma respiração profunda começo a ouvir alguém gritar...o grito mais agoniante do que qualquer outra coisa. Ao me recompor vejo a silhueta de uma criatura quadrúpede parada,ela está olhando para mim e seus gritos se tornam cada vez mais altos.

...rapidamente me levanto e fico de pé...

De repente outras criaturas começam a surgir de determinados lugares. De dentro de bueiros,de baixo de carros,saindo de becos...eu simplesmente não podia permaneçer ali e logo fujo o mais depressa possível.

Eu não olhava para trás,tão pouco sabia se aquelas criaturas estavam vindo atrás de mim...nada me fazia parar de correr. De forma desajeitada pulo as grades de um muro e entro em um beco,me escondo do lado de uma lata de lixo para repor o fôlego. Ao ouvir a correria dos monstros me encolho no canto e espiono por uma pequena brecha as criaturas passando pelo beco.

...quando o tumulto acaba permaneço no mesmo lugar...

— Foi por pouco. — Diz uma voz masculina praticamente do meu lado.

Levanto a cabeça e procuro pela pessoa. Um homem de pele branca e cabelos grisalhos sai detrás de outra lata de lixo,ele provavelmente se escondeu das criaturas. O tipo barbudo vestia roupas sociais,uma camisa branca e uma calça comprida preta combinado com os sapatos.

...numa situação como essa é até estranho ele estar tão bem vestido...

— Eu vi toda a correria de longe e me escondi aqui,sabe,cuidado sempre é bom. — Diz o homem — Me chamo Epaminondas.

— Muito prazer,eu sou Jhonatan. — Respondo.

...o homem logo me olha de cima à baixo com uma expressão esquisita...

— Pelo visto é um recém chegado. — Ele afirma.

— Recém chegado?. — Faço uma expressão confusa — Do que está falando?.

— Bom,Jhonatan,eu tenho muito para explicar a você,venha comigo.

...

Eu caminhava ao lado de Epaminondas enquanto o mesmo me explicava o motivo de tudo isso. Ele tinha um semblante sombrio e isso me deixava tenso,mas se está aqui talvez me dê algumas respostas.

— Este lugar é uma realidade paralela. — Ele responde diretamente.

— Não foi muito específico. — Solto um suspiro — Como eu vim parar aqui?.

— Esse lugar é uma falha,uma cópia exata do mundo em que vivemos,pessoas que entram em estado de coma caem aqui e ficam por um tempo indeterminado.

— Coma?. — Questiono — Me diz que isso é uma brincadeira,é um desses jogos de realidade virtual,nada disso aqui é real.

— Eu gostaria muito de poder confimar isso,mas a verdade é que seu outro "eu" está completamente desacordado.

Só ai percebo que aquele acidente foi mais real do que qualquer coisa. Para mim até que fazia sentido,mas não era o suficiente.

— É simples. — O homem explica — Você provavelmente sofreu um acidente e seu espírito caiu aqui. Mantenha-se bem e nada vai te acontecer,caso contrário se morrer lá ficará preso aqui para sempre,se morrer aqui...bom,não vai ficar em nenhum dos lados.

— Quer dizer estou entre a vida e a morte?.

— Sim. — Ele encara o vazio — Esse mundo é muito complexo,ele mexe com a gente.

— Por um momento achei que estivesse na minha casa. — Comento

— Tudo que sei é pelo tempo que passei aqui,a parte mais complicada é explicar isso para um recém chegado. — O homem sorri levemente — Sua alma e seu corpo estão conectados,ao longo do tempo você vai sentir leves arrepios...é um bom sinal.

— E o que eu faço para sair daqui?. — Pergunto.

— Vamos a minha casa,explicarei tudo com mais calma.

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(Continua No Próximo Capítulo)