Capítulo 5.

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Eu pensava no que estava acontecendo e tentava processar tudo,fecho os olhos e tento me tranquilizar. Mundo invertido ou não eu tinha que arranjar um jeito de sair daqui,mas sem transporte seria quase impossível.

Sentado na beira da cama eu não pensava em descansar. Caminho até a janela e passo a observar o lado de fora,segundos depois uma criatura aparece em meio a neblina. Era mediano,sua pele era escura como uma sombra e os olhos eram brancos luminosos.

O ser mantem o olhar fixo em mim,ele não expressava nenhuma reação e tão pouco parecia querer vir me atacar. De repente escurece do nada,a criatura desaparece...gritos,rugidos e vários tipos de sons começam a ecoar por toda parte.

O barulho foi tão intenso que tampo os ouvidos. Lá fora criaturas começam a surgir,todas caminhavam pela rua totalmente sem rumo,a iluminação que vinha dos postes de luz era bastante fraca e a neblina deixava tudo ainda mais tenebroso.

— Jhonatan?.

...com susto olho imediatamente para trás...

— Não olhe para fora,é perigoso. — Diz Epaminondas.

— Você viu?. — Questiono.

— Sim,esses demônios fazem isso toda noite,saem de seus esconderijos e ficam vagando pela rua até a noite acabar.

— E aquela criatura negra de olhos brancos?.

— Sua aparição representa a chegada da noite,é um aviso para os desavisados buscarem abrigo. — Explica o homem — Ele não nos ataca e sempre sua aparição é breve.

— A noite aqui é realmente perigosa. — Comento.

— Bom,de qualquer forma,eu vim avisar que o jantar está pronto.

— Eu irei daqui a pouco.

— Ótimo. — Ele sorri.

Epaminondas sai do quarto,eu permaneço ali com meus pensamentos,dou uma última olhada lá fora e meu olhar fixa no tipo parado bem em frente a casa. Era o mesmo rapaz que vi anteriormente,ao perceber que eu o obsevava se distancia e desaparece entre as criaturas.

— Que esquisito. — Digo para mim mesmo.

...

Ando pela casa um pouco apreensivo,eu ainda não tinha reparado no seu interior e nem em como o lugar tinha um aspecto sombrio. Fora a coloração cinza e os móveis velhos a parede do corredor estava cheia de imagens de divindades,uma em específico mostra Jesus com uma expressão séria e antipática.

...ao chegar na sala de jantar sento em silêncio,Epaminondas me serve a comida,mas por um momento algo soa estranho...

— Sua casa é repleta de imagens. — Comento.

— É sim. — Ele responde — Jhonatan,caso não tenha reparado eu sou um padre.

— Na verdade eu reparei agora. — Sorrio.

— Já pensou em como vai sair daqui?.

— Sim. — Falo — Vou me sentir melhor se estiver na minha casa,eu só tenho que evitar as criaturas,pela manhã saio bem cedo.

— Jovem,você não precisa ir tão longe,pode fazer isso aqui.

— Eu agradeço a hospitalidade,mas não posso ficar.

— ERRADO. — Ele altera o tom — Quero dizer,lá fora não é seguro,os demônios vão te atormentar...confie em mim.

...essa frase não me pareceu convincente...

— Eu confio. — Falo sem expressar reação.

— Filho,não fique olhando para o prato,coma de uma vez...mas antes uma oração,abaixe a cabeça e feche os olhos.

— Nada contra,mas eu não...

— VAMOS.

Estranho,mas sem questionar faço o que o homem pede. Eu deixei de acompanhar a religião durante muito tempo,eu até acredito em algo,mas não do jeito tóxico como algumas pessoas fazem.

— Amém... — Finaliza o homem em voz alta.

— ... — Permaneço em silêncio.

— Ainda pensa em ir embora?

— Sim,se é para ter lembranças positivas prefiro fazer isso estando na minha casa. — Respondo — Algum problema nisso?.

— Nada,aproveite a comida.

Eu devo admitir,estava morrendo de fome,as primeiras colheradas foram bem fartas. Do nada minha visão começa a ficar turva,a tontura vem em seguida da fraqueza,meus olhos insistiam em fechar e sem forças vou adormecendo aos poucos onde a última coisa que vejo é Epaminondas comendo como se nada tivesse acontecendo.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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