O homem na esquina.

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Certa vez, meu pai me disse:
"Beni, ninguém pode destruir você, mas no momento em que você destruir alguém..."
Esqueci o resto da frase.
Daqui a pouco, eu lembro.

Meu pai é o cara mais sábio que eu já conheci.
Eu vim pra América só pra procurar por ele, mas parece que ele não quer ser encontrado por mim.

Eu sei que você quer saber como eu matei (ou não) os três caras, mas me deixe fazer uma breve descrição do Borracho pub.
Um belo lugar; apesar do cheiro de mofo e a clientela antipática.
Uns 20 metros quadrados, 6 mesas e 7 banquetas no balcão.
Eu gostei daquela porta de vidro dupla e alta.
Talvez porque consegui ver o meu reflexo nela e me lembrei dos filmes do Drácula (os clássicos, não aquela série ridícula).

Feita a descrição, vamos a ação:
O do meio tentou me dar um soco, me esquivei dobrando o corpo pra trás.
Um outro pegou uma banqueta, enquanto outro dobrou o braço com punho cerrado.
Desviei da banquetada, dei uma gravata nele com o braço esquerdo, segurei o braço dele e o fiz colocar a banqueta para o outro soca-la.
Como foi bom ouvir aqueles dedos quebrando.

Eles pararam de tentar me acertar.
Inteligentes.

Me olhavam como se eu fosse uma mistura de Bruce Lee com Balboa.

- Vamos embora, Paco!- gritou a mulher. - Ele está poseído!-

Depois, traduzi essa palavra no Google e não gostei nem um pouco.

Foram saindo; o de camisa xadrez queria ficar apontando o dedo pra minha cara, mas a morena puxou ele dizendo que eu não valia a pena.

Uma noite comigo faria ela mudar de idéia.

Vi a porta fechar e pensei na taça de vinho.

Me virei para o bartender me apontando uma pistola.

Uma Glock 45.

- Você espantou meus clientes. Vai morrer por isso!-

- Dannazione! - Por favor, nunca traduza essa palavra. - Isso é o que eu chamo de "proteger o empreendimento"!-

- Você é da gangue "Los valientes"?-

-Quê? -

-A tatuagem.-

Ele apontou com a arma para a minha mão esquerda, onde eu tenho uma tatuagem em forma de "V" preta.

-Não.-

-Então o que significa esse "V"?-

Eu sorri.

-Significa "voe até a porta"!-

Então, agarrei ele pela camisa e atirei o corpo como uma pedra na porta.

KRRRASH!

Cacos se espalharam pela calçada, ele rolou até o asfalto.
Ficou encolhido, gemendo de dor.

Não me olhe assim; eu sei que foi meio rude, mas convenhamos, aquelas perguntas estavam enchendo o saco.

Além do mais, ele ia atirar.

Ou não ia?

Joguei o resto do vinho goela abaixa de uma vez só.

Caminhei até a porta; pisei com força na pistola, inutilizando-a.

Joguei alguns dólares em cima do garoto gemedor e segui o rumo da calçada.

À propósito; lembrei o resto da frase do meu pai.

É: "Beni, ninguém pode destruir você, mas no momento em que você destruir alguém... começará a se destruir."

No final da longa esquina; assim que eu virei pra esquerda, tinha um cara encostado na parede.
Usava uma camisa branca, aberta até o peito e parecia um dono de boate ou cafetão (algo assim).
Ele me olhou e me chamou:
-Beni?-

-Eu te conheço? -

-Ainda não. -Ele me estendeu a mão, mas eu me recusei a tirar a minha do bolso da jaqueta.
- Sou Fox.-

-Prazer, Fox- Continuei andando e ele veio atrás. -... mas eu não uso drogas.-

-Você tem dois motivos para ser meu amigo, Beni.-

-Como assim?- Estaquei e o encarei com impaciência no rosto.

Não gosto destes jogos.

- Primeiro motivo, sua performance no Borracho foi filmada e a polícia deve estar chegando- Ele me mostrou o dedo indicador na vertical gesticulando a contagem.
-... e eu posso te ajudar porque sou do governo.-

-Nenhum desses dois me convenceu, então...-

Girei para frente de novo e voltei a caminhar.

-Na verdade, Beni- Só eu que achei ele chato?
-... este era um motivo só... o segundo é que eu posso te levar até o seu pai.-

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⏰ Última atualização: Aug 18, 2020 ⏰

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