Capítulo 4

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Notas:

Para aqueles que ainda não leram ou não terminaram a obra original pode haver spoilers.

Utilizarei Mei HanXue para o irmão mais velho e Mei Hanxue para o irmão mais novo.

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Mei Hanxue viu Mengmeng quebrar.

Depois de tantos altos e baixo, de tantos encontros durante a sua vida, ele guardou o melhor e o pior momento deles. Guardava todos. Ele lembra que o sorriso de Ziming é o mais lindo do mundo, mas que poucos tinham o privilégio de ter esse sorriso endereçado a si. Era um meio sorriso na verdade, de lado, meio carregado de arrogância, próprio de uma pessoa com aura dominadora, um sorriso que para Mei Hanxue era completamente charmoso. Ele viu esse sorriso endereçado aos pais do moreno, para Shi Mei e até Mo Ran. Era o sorriso de uma pessoa segura.


Por muito tempo ele apenas desejou que quando seus olhos se encontrassem, esse sorriso estivesse ali pra ele também. Para ele, Ziming guardava apenas as palavras duras, o rosto enfezado e as expressões fofas e confusas de raiva e vergonha após as provocações. Embora estranho, era também maravilhoso! Sua expressão de confusão tentando buscar palavras enquanto oscila entre a raiva e a birra, era algo que ele sempre se esforçaria para ver. Para contemplar e se possível ser a causa. Mas ele também tinha desejos ocultos. Ele também tinha vontades. Conforme seus sentimentos se mostravam, tomando forma mesmo sem perceber, ele se viu ansiando por mais. Ele também queria um sorriso genuíno. Ele queria AQUELE sorriso.


O sorriso grande como o sol de Ziming, ainda mais raro do que seu sorriso charmoso, era apenas para Chu Wanning, seu Shizun. Era um sorriso que sozinho derreteria mil vezes a neve de Kunlun. Tão radiante e caloroso que poderia esquentar até o mais frio dos corações. Era um sorriso tão incrível... tão belo. Começava com olhos brilhantes, com uma animação crescente, com os lábios se curvando graciosamente e terminando com um toque fascinante de doçura e inocência que se estendia aos olhos. Era um sorriso de face completa.


Hanxue era geralmente muito pouco exigente com seus amantes ou com as pequenas flores que passeavam no seu jardim a distrair-lhe o tempo. Gostava de companhias suaves e doces, seus sorrisos afáveis e discretos, às vezes ousado ou às vezes tímido. Mas eram sorrisos que quando voltava pra casa, já tinha esquecido. Mas quando se tratava de Ziming, ele se tornava sombriamente ganancioso. Ele cobiçava cada resquício da atenção dele quando se encontravam, inconscientemente guardando cada palavra, cada gesto, cada provocação e mesmo de longe apreciando o seu sorriso. Ele queria ser a razão dele, que fosse direcionado a ele.


Até que ele quebrou.


Ele e Ge não tiveram o sorriso que aquecia como chamas de lareira em noites de inverno. Eles tiveram as lágrimas. Não tiveram Ziming feliz bebendo em uma taverna enquanto se divertem em algum festival de rua. Tiveram ele destroçado, bebendo para esquecer a injustiça, a ingratidão, sua loucura... suas perdas. Tão recentes que se pudesse ele literalmente choraria lágrimas de sangue. Eles tiveram Ziming bebendo pra não sentir. Para evitar a dor. Bebendo para esquecer. Bebendo pra morrer. Eles não o tiveram correndo de felicidade para encontra-los após uma longa ausência entre amigos. Eles tiveram apenas o abraço do seu desespero.


Ver Ziming triste lhe corroeu a alma tanto quanto a morte precoce da mãe. E apesar de todas as dores, que o sufocavam dia e noite. Em meio a lágrimas e angústias de alma, de soluços e gritos sufocados, algo bom surgiu.

Deveríamos estar aptos a falar abertamente sobre nossos  sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora