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Inicio minha sina descendo pelas imensas escadarias que cada vez se aprofundam mais num abismo sem fim, o calor sobe a cada degrau que desço e, à medida que caminho, a escadaria fica cada vez mais estreita, o menor desequilíbrio resultará numa queda mortal ao mar de lava que circunda o precário caminho. Em volta, diversos demônios me atacam, seres voadores cospem fogo na minha direção, almas penadas vêm ao meu encontro tentando sugar a minha vida, me derrubar da escada, resisto e continuo a minha jornada. Finalmente chego ao fim da imensa escadaria, o final é previsível, o encontro com o Diabo em pessoa, o Barão do Inferno. Porém, esse gigantesco demônio parece ter saído de algum filme de ficção científica, pois é uma mescla de diabo com chifres e rabo com um robô cibernético apresentando partes metálicas e chips que se fundem com suas veias. Ao invés de um tridente nas mãos, pior, empunha um imenso canhão formando uma extensão de seu asqueroso braço. O Demônio, ao perceber a minha presença, soltou uma ecoante risada, mais se parecendo com um urro que, de tão ensurdecedor, quase me estoura os tímpanos. Estupefato, mal tenho tempo de desviar das bombas que ele lança incessantemente em minha direção, mas se sobrevivi até aqui, não irei morrer nas mãos dessa terrível besta. Encaro-a e, após uma longa batalha, vejo seu corpo explodir numa imensa bolha de sangue, enfim, a vitória. Da poça de sangue onde jaz o Diabo, vejo surgir uma luz branca que se destaca na penumbra antes apenas iluminada pelas imensas labaredas do inferno, por ali será minha saída. Lanço-me na luz e sou tomado por uma estranha sensação de leveza, como se meu corpo estivesse sendo transportado pelo ar por mãos invisíveis, fecho os olhos e penso – será que meu tão aliviado e merecido descanso chegou?

Quando eu pensava que finalmente estava dormindo, que estava desfrutando de meu devido descanso após o dever cumprido, percebo que existe uma pessoa ao meu lado, uma mulher. Antes que eu pudesse imaginar que ela era o meu anjo da guarda, ouvi a sua voz:

- Parabéns soldado, a sua vitória possibilitou a raça humana sobreviver – disse ela.
- Louvado seja Deus! – disse aliviado.
- Calma, soldado. Ainda não é tempo para comemorarmos, os alienígenas não estão completamente derrotados, agora temos que combatê-los diretamente em sua origem.
- Aonde? – pergunto apreensivo.
- No seu planeta natal, localizado numa galáxia remota nos confins do espaço.
- Mas como chegaremos lá?
- Usaremos o mesmo caminho que eles usaram para chegar até aqui, um teletransporte – me elucidou ela. - Não há tempo a perder, vamos embora, soldado! – percebi que o meu pesadelo ainda continuava.

Pelo teletransporte, segui a mulher junto com outros soldados para uma construção alienígena, longe, muito longe da Terra. Lá, estranhos seres, que mais pareciam máquinas concebidas para a guerra, revelaram-se monstros poderosíssimos que tinham ácido nas veias e se multiplicavam no ventre dos seres humanos. Felizmente estávamos bem armados e conseguimos derrotá-los, só então fiquei sabendo que a mulher que me levou para mais essa batalha era a única sobrevivente de uma nave espacial tomada por esse mesmo monstro alienígena que matou seus seis companheiros, somente ela sobreviveu para contar a história e liderar nossa missão ao espaço.

A Longa Jornada de uma Noite Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora