Combatida mais uma fonte alienígena, finalmente pude voltar para a Terra e, enfim, ter o meu tão sonhado descanso, utilizei-me da mesma tecnologia utilizada pelos próprios alienígenas para chegar o mais rápido possível para meu planeta natal, o teletransporte. Em apenas um segundo, já estava de volta a Terra. Mas, quando pensei que iria relaxar, percebi que algo havia dado errado em meu teletransporte, havia voltado para uma realidade diferente, não estava mais no mundo moderno, percebi que estava perdido no tempo em alguma época medieval, pois o mundo a minha volta era algo rudimentar, sem a tecnologia habitual ao qual estava acostumado.
Não sei se esta época que me deparei era a famosa idade das trevas, só sei que o que vi a minha volta era um pesadelo que tomou forma de tenebrosos seres diabólicos travestidos em um visual antigo: arqueiros negros, múmias, estátuas de pedra vivas que faziam o chão tremer ao caminhar como se fossem imensos dinossauros e, como se já houvesse me habituado, pequenos demônios voadores, seres diabólicos que devoravam as pessoas e destruíam tudo que encontravam. Consegui me refugiar em um castelo subterrâneo e me vi a salvo – por hora - dessas abomináveis criaturas. Neste local encontrei um homem – um velho senhor vestido com uma estranha túnica que, assim como eu, estava terrivelmente assustado com os fatos que se desenrolavam a nossa volta, ele me explicou o que estava acontecendo:
- Homem, o que está acontecendo? Que lugar terrível é este? – indaguei-o, porém o velho parecia meio enlouquecido com a situação e sua resposta soava como as preces de um padre.
- Deus castigou o homem... – disse o velho. – Nos mandou quatro cavaleiros para dominar a Terra, quatro seres para perpetuar o mal, são os quatro cavaleiros do apocalipse.
- Que estais a dizer, pobre criatura? – disse-lhe atônito.
- A prova final do homem – continuou ele a recitar - somente um escolhido irá vencer esses quatro maléficos seres, irá libertar a raça humana da eterna perdição - em seguida começou a recitar palavras num incompreensível idioma.Logo percebi que não era a toa que o teletransporte havia me trazido para este estranho mundo, era meu o dever de combater esses quatro operários do mal. Por sorte, o velho era na verdade um clérigo que dominava as artes da magia e da guerra, e me ensinou técnicas para combater esses seres que usavam mágica como arma, com seus feitiços obtive os meios necessários para lutar contra essas novas forças do mal.
Pronto para a batalha, segui minha sina e atravessei diferentes mundos na caça aos cavaleiros do apocalipse, passei por pirâmides, castelos, labirintos e imensas arenas em que combati os mais diferentes espécimes de monstros e seres maquiavélicos até, enfim, conseguir a derrubada dos quatro cavaleiros do apocalipse e a redenção da humanidade, mais uma vez eu era o herói.
Logo após a vitória, uma estranha luz começou a irradiar do meu corpo, e mais uma vez senti uma gentil leveza, que estava sendo transportado por algum limbo energético. Um brevíssimo intervalo de paz e, quando voltei à realidade, estava de volta ao meu quarto.
Subitamente ouvi uma sirene muito forte - Meu Deus o que será agora? Mais um alarme me convocando para alguma guerra sombria? - Girei o olhar em torno para descobrir a fonte de origem da sirene, logo percebi que vinha do rádio-relógio na cabeceira da minha cama, já passava das seis da manhã, o alarme estava despertando. Hora de desligar o videogame e ir trabalhar, sendo que nem dormi ainda – agora sim meu verdadeiro pesadelo está começando.
Sem fim.
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A Longa Jornada de uma Noite Sem Fim
Short StoryUma pequena crônica de uma noite inspirada em muitas noites varadas sem sono mas com muita aventura. Texto produzido por Pedroom Lanne - o humano que eu, Noll Quanticus, aduzi - em 2005 para uma antologia sobre o sono. Um conto que também faz parte...