Tão Doce Quanto Açúcar || ZhuiYi

sweet night

Jingyi havia terminado de copiar cem vezes as regras principais do clã, como punição por ter saído do Recanto da Nuvens sem permissão e por ter contestado o líder ao receber a punição.

Sizhui estava ali na biblioteca, lendo e fazendo companhia para o melhor amigo de novo. Não era a primeira vez que isso acontecia.

O Lan mais velho não havia dito ao outro que teria terminado de copiar as regras, pois se distraiu o observando ler tão serenamente.
Aos olhos de Jingyi, Sizhui era tão... Único. Amava o observar secretamente todos os dias e as noites quando ele ia dormir. Já havia decorado cada traço do garoto e amava cada um deles.
Para Jingyi, Sizhui era doce, tão doce quanto açúcar. E ele amava esse detalhe. A forma que ele agia e pensava o impressionava, a forma que ele era tão... Não haviam palavras para descrever Sizhui, ele era o significado de perfeição para Jingyi, mas perfeição ainda parecia pequeno perto dele.

O mais velho apoiou a cabeça na mão e o cotovelo na mesa, observando ainda o outro ler. Sorriu sem perceber.

Ele nunca havia dado atenção para como isso poderia ser um tanto estranho, era estranho o fato de apenas o olhar ou melhor, apenas pensar no garoto, fazia seu coração vacilar e ele suspirar profundamente. Todas as vezes eram assim e ele pensava no garoto praticamente o dia todo. Mas ele ignorava que isso poderia ser algo sério, talvez por medo de ser rejeitado.
Ele sabia que o amava, só não havia admitido em voz alta ainda.

- Jingyi? - o garoto o chamou, fazendo ele piscar algumas vezes para acordar de seu pequeno transe. - Já terminou?

Sem responder Jingyi se impressionou mais uma vez. Sizhui falava de uma maneira... Que até isso ele amava.
Cada movimento, fala, ação, tudo vindo de Sizhui, era como uma poesia doce para ele.

- Jingyi? O que foi? - perguntou se levantando e novamente, ele saiu de seu transe.

- Terminei. - se levantou também pegando as cópias.

- Você tava estranho... No que tanto pensava?

Você.

- Algo importante, mas não se preocupe. - sorriu para ele e saiu da biblioteca.

O mais novo o seguiu e esperou Jingyi entregar as cópias ao líder. Levou dois minuto para ele voltar.

- Você fez tudo até que rápido. - Sizhui comentou.

- Eu queria terminar logo.

- Por quê?

- Porque queria fazer a coisa que mais gosto.

- Dormir? - Sizhui perguntou com um sorriso pequeno nos lábios.

- Essa não é a coisa que mais gosto! É uma das...

- Então o que era?

- Depois eu te conto. - e novamente ele adiou aquela conversa.

Os dois voltaram para o quarto em que dividiam e depois de trocarem suas roupas se deitaram em suas devidas camas que eram lado a lado, porém distantes.

Sizhui estava deitado olhando para o teto e com as mãos sobre o peito. Por algum motivo não conseguia dormir.
Jingyi estava olhando para Sizhui como de costume, mas o outro estava tão imerso em seus pensamentos que nem notou o olhar do amigo.

- Sizhui. - chamou.

- Hm?

- Não consegue dormir?

- É...

- O que aconteceu?

- Nada eu acho... Minha mente deve estar agitada.

- Entendi. - então o silêncio voltou.

- Jingyi. - agora ele quem chamou.

- O quê?

- Por que você tá tão calmo hoje? Passou o dia estranho... Eu te fiz algo que não gostou?

Então era isso que ele estava pensando.

- Impossível.

- O que é impossível?

- Você fazer algo que eu não gosto. - ele se sentou na cama.

- Ah... Então o que aconteceu? - resolveu se sentar também, o olhando melhor.

- Eu fiquei pensando em algo o dia todo. Não que eu não fique pensando nisso os outros dias, mas hoje eu resolvi só pensar em silêncio...

- O que tanto pensa?

- Em alguém. - o Lan mais velho disse.

- Alguém? - Jingyi não conseguia decifrar a expressão de Sizhui agora, ele parecia triste, mas não um triste normal.

- A-Yuan, se você tivesse alguém especial. Iria contar à pessoa?

- Bom... Eu não sei, porque depende da situação... - Yuan pensou nele.

- Situação? Ah entendo.

- Mas você tem alguém especial?

- Tenho.

- Quem?

Você.

- A-ah...

- Você deveria dizer a esse alguém que gosta dele.

- Mas como?

- Hm... Você é especial pra mim, eu gosto de você. - falou sincero que nem notou. - Algo assim.

- Você é especial pra mim, eu gosto de você.

- Dessa forma! - sorriu e se deitou. - Espera. - se sentou novamente. - O que disse?

- Sizhui... - levantou-se indo até ele. - Quão estranho isso pode ser, eu não sei, mas... Você é esse alguém pra mim.

- T-tem certeza do que tá falando?

- Absoluta. - segurou os o rosto do mais novo com as duas mãos.

- Mas Jingyi... - murmurou tão baixo, já não tinha mais ar para sua voz sair, não tinha força para empurrar Jingyi e nem queria. Provavelmente suas bochechas tomaram um rubor maior, mas ele estava tão hipnotizado com os olhos do mais velho que não ousou se mover.

A noite era estranha, ela estava diferente das outras, como se o universo tivesse preparado especialmente para os dois. Ela era calma e o dia foi igualmente calmo, Jingyi tinha sua alma calma como um lago, por mais que seu coração batesse tão forte. Sizhui não se encontrava diferente.

Jingyi se inclinou um pouco para que finalmente seus lábios tocassem os de Sizhui. Eram sensações novas, sentimentos novos para os dois.  Com o toque simples os corações dos dois se acalmaram, era como se estivessem ansiosos para fazer isso. E eles estavam.

Jingyi se afastou dele, mas não tanto, apenas o suficiente para voltar a observa-lo.

- Eu... - o mais velho iniciou, mas não conseguiu terminar.

- Eu também. - Sizhui disse dando um sorriso tímido.

Em silêncio os dois se deitaram na cama de Sizhui e ficaram de frente para o outro, apenas se olhando.
Os olhos de Jingyi não tinham pena, eles capturavam a atenção de qualquer um e o prendia, às vezes Sizhui pensava que essa era a única prisão boa no mundo.

O mais novo pegou na roupa de Jingyi e se aconchegou em seu peito, feito um gatinho bebê.  Jingyi sorriu com a ação, pois realmente parecia um filhotinho de gato, então o envolveu em um abraço e começou a fazer carinhos em seus fios longos.

- Você pode ser meu? - Jingyi perguntou. - Quero tanto que seja meu.

- Eu já sou seu... - Sizhui respondeu sonolento pelo carinho e as batidas de Jingyi vacilaram ao escutar isso.

- Boa noite, meu Sizhui.

- Boa noite... - respondeu dando um último sorriso e adormeceu.