Capítulo 1

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            O significado da palavra justiça se repetia várias e várias vezes em meu pensamento naqueles poucos minutos

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       O significado da palavra justiça se repetia várias e várias vezes em meu pensamento naqueles poucos minutos.
      De acordo com os diversos dicionários na nossa biblioteca, justiça é um conceito que se refere a um estado ideal de interação social em que há um equilíbrio, que por si só, deve ser razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social. A justiça deve buscar a igualdade entre os cidadãos. Mas parece que meu pai não entrou muito em contato com esses conceitos e criou uma nova versão dos mesmos.
      O espartilho e as infinitas saias e anáguas do vestido azul marinho que Lizz havia sugerido de manhã me sufocavam, assim como aquela situação estava me sufocando. Eu ainda não estava conformada que meu pai, o rei de Submerchia, iria mesmo me obrigar assistir a um de seus espetáculos — chamado por ele — de justiça.
     Estávamos em um pátio, localizado depois das árvores já alaranjadas pelo outono que se enraízavam nos fundos do jardim do castelo, um espaço de tamanho relativamente grande em comparação com a antiga.
     As paredes eram de pedras repletas de musgos em suas frestas com pequenas janelas arredondadas, onde fracos raios de sol invadiam o espaço.

     — Pai… — o chamei com uma voz mais baixa do que pretendia.
     — Eu não vou repensar sobre isso Adelline! — me acertou com o olhar. Que diferente do meu azul esverdeado, eram escuros. — Isso irá  ensina-lo a não colocar seus pés onde pouso os meus, e ensinará a você a não sair perambulando pelos cantos do reino se passando por uma plebeia qualquer.
     Os dedos dos meus pés estavam inquietos.
     — Tragam o infeliz! — ele ordenou aos soldados.
     Seguravam os braços do pirata com tamanha força que poderiam os ter quebrado se quisessem.
     O rapaz um pouco mais à minha frente, com seus cabelos longos e crespos presos para trás, estava ofegante e suor corria por sua testa. E percebi que a minha também suava.
     Ele me olhava com tanta profundidade que podia ouvir um  "me ajude!" ecoando, como se realmente gritasse. Por minha culpa e por minha rebeldia aquele rapaz iria perder a vida, não veria mais a luz do sol senão aqueles feixes de luz vindo das janelas.
    Por minha culpa.
     — Ele não cometeu nenhum ato criminoso, não merece a morte. — tentei mais uma vez o olhando com suplica. Mesmo tendo a quase certeza de que não adiantaria de nada.
     — Ele é um pirata! Um bárbaro! — aproximou-se de mim — Eles são perigosos e podem lhe matar para conseguir o que querem, não permita ser manipulada por seus charmes. — seu tom era ríspido. Não ousei retrucar.
     Olhei para o chão.    
     — Eu não gosto que tenha que presenciar isso Adelline, mas é necessário. — ele suspirou.
     — Pai, não é bem essa a questão. — supliquei uma última vez.
     — Está decidido, querida. — disse com tanta delicadeza dessa vez que poderia ser muito bem um carinho.
     Mas me golpeava como uma espada.
     — Qual será a da vez homens? — perguntou para ninguém em específico.
     — Decapitação, senhor. — um deles respondeu e um machado surgiu em suas mãos.
     — Então estamos esperando o que?
O soldado com o machado caminhou com suas botas de couro com um brilho impecável passo a passo, até o banco onde se encontrava o pirata.
      A ferramenta encravou em sua cabeça.
     Meus corpo se enrijeceu e meus olhos se fecharam automaticamente.

Amor Entre Espadas - Segredos Do Fundo Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora