Prólogo

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       Eu odiava a guerra mais que tudo nessa vida, ver meus piratas morrendo um a um era excruciante

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       Eu odiava a guerra mais que tudo nessa vida, ver meus piratas morrendo um a um era excruciante. Sentir que poderíamos perder era doloroso e eu não conseguia fazer nada para aquele núcleo do poder da ligação entre eu e Neureu se reconstituísse.
       Apesar de tudo eu ainda acreditava, não posso, por nenhum segundo, perder as esperanças de conseguir avançar contra os exércitos reais. Mas também não poderia descartar a cogitação de o núcleo do mar enfraquecer e o rei se apossar do cetro — assim, dominando o mar e suas criaturas.
       Não me agrado de imaginar o que ele faria se o possuísse.
       Então eu faria aquele acordo.
       Apesar de eu comandar todo aquele extenso e infinito oceano, eu não poderia simplesmente ordenar aquilo que estava prestes a fazer. Exercer acordos com os Sirens era inevitável, uma espécie de regra natural.
       Olhei para o cetro dourado reluzente com uma pedra de água marinha no topo sendo envolvida por vinhas, também douradas, onde pedras de âmbar se fincavam no cume de cada vinha.
        Emergi para a superfície do mar calmo, como não via a semanas, em minha forma de deusa elementar.
      Moléculas de água visíveis me envolviam.
       Disparei mais rápido que pude até a Ilha de Neregit, para que eu não encontrasse com alguma tripulação da guarda real. — Demoraria dias se estivesse navegando.
      Todo o tempo era um tesouro.
      Chegando na costa da ilha, tomei minha forma humana. — As moléculas que me envolviam substituídas por uma pele humana brozeada de sol, os cabelos escuros azulados antes totalmente soltos, agora estavam em uma trança única longa. E usava meus trajes piratas de costume: Meu chapéu tricórnio, cinturão prateado, botas pontiagudas e sem contar minhas jóias que sempre me acompanhavam.

        A Ilha estava escura — mesmo com o sol brilhando — o cetro em minha mão, a areia cinzenta grudava em minhas botas conforme dava passos pesados até…
       A Caverna de Neregit. Estava da mesma forma de quando vim a última vez.
       Pousei minhas mãos no contorno da pedra fria da entrada e olhei para o fundo, além das escadas pedrosas que me levariam até uma enorme piscina natural.
       Adentrei. Desci e desci.
       Antes de pisar no último degrau, pude ver diversos Sirens em volta da grande piscina onde a água cintilava. Com belezas distintas. Humanos encantadoramente lindos da cintura para cima e uma singular calda de peixe da cintura para baixo.
       Quando notaram minha presença, pude perceber alguns corpos enrijecerem, e todos direcionarem uma leve referência a mim:
       — Quero falar com a superior de vocês. — não foi um pedido.
       Uma Siren agitou sua calda na água que eu sabia que ligava até o oceano, causando algum tipo de efeito na pedra que se abriu atrás de nós, com um som grave insuportável.
       Entrei. E da escuridão que predominava, ela se destacava com a luz azul vinda da água em que se encontrava. Pouco a pouco, a luz me atingiu também, até iluminar todo o projeto de sala aquática.
       — Olá Dione. — cumprimentei a Siren de pele negra reluzente e longos cabelos vermelhos dançando vários tons. Uma calda branca espinhosa — assustadora eu diria. — Sua coroa de pérolas lhe envolvia a cabeça.
       Uma beleza arrebatadora.
       — Talassa… — fez uma reverência exagerada e a água farfalhou. — O que devo a honra de minha grande deusa?
       — O cetro. — o levantei — Chegou o momento.
       — Você irá mesmo desativa-lo… — afirmou para si mesma. — É arriscado demais! — seu tom aumentou.
       — É o certo a se fazer. O núcleo da ligação entre mim e Neureu está enfraquecido… — abaixei o olhar — Eu não o reconheço mais.
       — Ele se ligou a um humano, a uma humana.
      Matou a charada.
       — E há o fato de que é o mais inteligente a se fazer, se o rei colocar as mão neste cetro em funcionamento… — engoli em seco — Estaremos perdidos.
       Ela assentiu.
       — Está bem. — começou — Mas saiba que; se o rei Josanff apossar deste cetro, você ficará presa em seu corpo humano e irá reativar quando as quatro peças forem unidas. Seja unidas por você, ou por eles.
       — É um preço a ser pago. — respondi por fim.
       — Então, que inicie o ritual! — exclamou.

        Após entregar o cetro para Dione, ela o pós em uma espécie de trono que surgiu das águas

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        Após entregar o cetro para Dione, ela o pós em uma espécie de trono que surgiu das águas. Todas as Sirens fêmeas que estavam na outra sala da caverna, apareceram e se colocaram em volta do que eu identificara, como trono.
       Água jorrava, luz faíscava, fogo evaporava. Tudo isso onde o cetro estava.   

       Tempo

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       Tempo. Passará tempo demais durante aquele encontro de feitiços, cujo objetivo era desativar o cetro caso mãos humanas o encontrasse.
       Eu observava tudo aquilo com atenção. Até que aquelas faíscas de elementais se cessaram.
       — A Pérola Dourada, A Alga Sagrada do Instituidor. — indicou-os na pedra ao lado — Todos eles encontrarão seu caminho.
       — Você disse apenas dois, quais são os outros? — franzi a testa.
       Ela sorriu de leve. Não expressava delicadeza.
       — O terceiro está no futuro, Talassa.— avisou.
       — Como assim… no futuro? — minha expressão era de confusão.
       — No futuro. Você verá. — gesticulou com a calda. — Isso não irá atrapalhar o desativamento. — avisou.
       Passei a mão pelo cinturão.
       — E o último?
       — O último, querida Deusa. — a Siren tinha uma voz suave e rouca — É o sangue do mar.
       Eu sabia o que era.
       Era o meu sangue, o sangue de Neureu.

        Era o meu sangue, o sangue de Neureu

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Amor Entre Espadas - Segredos Do Fundo Do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora