Capítulo 1

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Estou tão feliz e grata com a recepção de O Par Perfeito por aqui, que não resisti...rs... Vou postar o capítulo 1, que já está escrito e com a minha revisão, para vocês irem entrando no clima da história.

Obrigada demais, gente, por tanto apoio e confiança <3

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Tracei a meta mais importante da minha vida aos oito anos. Não, não era ser veterinária, bailarina ou médica. Era encontrar o par perfeito. Muitos dirão: “Onde estavam os pais dessa garotinha que a deixaram se sexualizar em idade tão precoce?”. Pois eu respondo: estavam bem na minha frente beijando-se como se não houvesse amanhã. É. Foi graças a eles que a minha obsessão por encontrar o “príncipe encantado” começou. Foi porque via o amor apaixonado que eles compartilhavam. Parece a coisa mais estranha de se dizer nos dias de hoje, mas meus pais eram tão apaixonados um pelo outro que, às vezes (muitas vezes), esqueciam até mesmo que tinham duas filhas. E, não raro, deparávamos com os dois entregues à imensa paixão, para não dizer fogo, que os consumia.

            Hoje, quando olho para trás, penso que talvez fosse melhor se eles tivessem compartilhado brigas e o desfecho clássico: o divórcio. Assim, aos 26 anos, eu seria uma desencantada do amor; quem sabe tão descrente que a obsessão por encontrar o cara perfeito cedesse espaço para a obsessão pela profissão perfeita.

            Eu sei. Estou sendo egoísta.

            Quantas pessoas não sonham em viver num lar harmonioso como eu vivi. Além disso, calafrios percorrem todo o meu corpo só de pensar em me tornar uma pessoa cínica, com uma pedrinha de gelo pulsando no lugar do coração. Prefiro continuar a ver coraçõezinhos flechados dentro de balõezinhos em cada esquina que atravesso. E fora o fato de minha irmã, Diana, criada pelos mesmos pais, ser o oposto de mim. Os coraçõezinhos dela estão mais para soldados marchando em fila e batendo continência sempre que ela pede.

            Sobre a questão da profissão, se eu fosse obcecada por ela, era bem capaz de eu ter testado todas as carreiras do guia do estudante e, ainda assim, não ter encontrado nenhuma que me satisfizesse plenamente. Sem me preocupar muito com esse campo da minha vida, eu já passei pelas áreas de Pedagogia, Turismo, vendas, eventos, top model...

            Mas... bem, a questão é outra. Eu estou tentando entender por que, se me empenhei tanto em viver um grande amor, daqueles de “felizes para sempre”, nunca encontrei o cara que me proporcionasse isso. O que estou fazendo de errado? O que eles estão fazendo de errado?

            Não. A resposta para a última pergunta eu sei. E daria uma lista. Não! Daria um livro.

            Só que não tenho tempo de enumerar as falhas de meus ex-namorados agora. Porque agora estou tomando outro fora. E logo outro ex se juntará àqueles que me fizeram amargar uma ressaca amorosa horrível. Pelo menos, esse foi rápido. Não deu tempo de me apegar muito. Desde que nos encontramos na seleção para trabalhar num evento até hoje, levou apenas 30 dias para ele se dar conta de que não está preparado para um relacionamento sério. E é o que acabou de me dizer, sentado à minha frente, num barzinho na Vila Madalena.

Deposito minha Heineken sobre a mesa. Deixo Dudu (foi como ele disse que gostava de ser chamado quando nos conhecemos) mergulhado um pouco mais no suspense. Deixo que ele tema que a qualquer segundo eu vá jogar a cerveja em sua cara ou me levantar e dar escândalo em pleno bar lotado. Ele bem que merece. O coitado está suando dentro da camisa xadrez que insiste em usar. Não estarei inventando nenhuma mentira se disser que é a mesma de todos os encontros que tivemos. E nem tenho certeza se ele a tirou nos últimos 30 dias para lavar. O que vi no Eduardo Aparecido, vulgo Dudu, mesmo? Ah, acho que tudo começou porque ele abriu a porta para eu entrar no elevador do prédio onde haveria o recrutamento para o tal evento. Foi isso. Fiquei encantada com o cavalheirismo dele. E quando olhei em seus olhos, então! Vi os olhos verdes mais verdes que algum dia coloquei meus próprios olhos de cor indefinida (eles ainda não se decidiram se são verdes ou azuis). Saímos, logo após a entrevista, para comemorar com um café numa confeitaria ao lado. Nós dois pegamos o trabalho. O evento era uma feira agropecuária. Pelo menos, era trabalho sério. Nesse mundo de eventos, a coisa nem sempre é “séria”. O papo fluiu tão bem! Está certo que amo conversar. Como diria minha irmã, falo mais do que papagaio de pirata. Mas sou assim mesmo. Adoro falar, rir, dançar. Faço tudo meio que exageradamente. E também tenho dificuldade de focar numa coisa só. É, acho isso que já deu para perceber.

O Par Perfeito (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora