Capítulo 1: Brianna Stewart

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Já passava da meia-noite e eu ainda estava na clínica, sentada atrás da recepção com Carolina, a recepcionista que trabalhava no turno da noite. Contando os mosquitos que passavam na minha frente, essa iria ser mais uma noite longa sem clientes, era assim que ultimamente estava a ser.

— Vai dormir aí nessa cadeira! — Carolina falou a passar na minha frente e sentando ao meu lado com dois copos de café.

— Obrigado Lina. — Peguei o copo da sua mão bocejando.

— Fiquei a saber que sua prima está de volta?

— Sim, ela vai passar um mês de férias aqui.

— E como ela está? Dizem que a cidade grande faz a pessoa mudar. — Parei para pensar um pouco em Jhon, para mim ela continuava a mesma.

— Não notei nada de diferente nela, Jhon está um pouco avoada, deve ter um homem na parada, ou não, ela tem uns problemas ai. — Até pensei que ela tinha um namorado, mas desde que se separou nunca mais se envolveu com ninguém.

— E complicado, depois do que Daniel fez com ela.

A cidade inteira ficou a saber da traição da parte de Daniel, o que mais me revoltou nessa história toda foi o povo passando a mão na cabeça dele, a sorte e que ele não se atravessava na minha frente.

— Pois, eu torço muito por ela. – Falei a esticar as pernas e sentindo uma leve fisgada nos ossos.

Depois daquele fatídico dia as minhas pernas nunca mas foram as mesmas, a recuperação foi dolorosa. Fiquei oito meses de molho com pinos nas pernas até o osso voltar ao lugar, e depois foi mais dois meses de fisioterapia para voltar a andar. Fora a terapia que me obrigaram a fazer devido ao grande trauma.

Os meus pais pegaram sete anos de prisão, descobriram muitas coisas sobre eles, e a cada descoberta era uma sentença a mais. Aqueles que eu tanto confiava, possuíam segredos obscuros, eu havia notado papai diferente naquela época, pensei que era coisa da minha cabeça, ledo engano o meu. O meu pai com a sua obsessão em ganhar dinheiro fácil acabou a meter os pés pela cabeça levando a minha mãe junto. Foram presos por se envolver com traficantes perigosos.

A minha mãe iria denunciar eles depois que acabasse o festival. Mas foi tudo por água abaixo, o líder do grupo ficou a saber do plano de mamãe. Mandou disparar aquele tiro na minha apresentação, o tiro era para ter acertado em mim, Trovão salvou a minha vida sacrificando a sua. Foi um alerta para eles ficarem calados, ou aqueles homens iriam tomar outras medidas. Depois daquele dia os dois assumiram tudo que lhes foi sentenciado.

Uma vez a cada quinze dias eu ia visitá-los na cadeia, no início ninguém aprovou isso, mas depois viram que era perda de tempo, pois eu já era de maior na época, estava recuperada das minhas pernas e fugia escondido.

A noite se arrastou até amanhecer, eu cochilava na cadeira, estava numa soneca tão gostava, até que recebi um chacoalhada, acordei assustada:

— Mas que diabos! — Falei irritada.

— Queria ver se fosse seu João que a pegasse assim. — Caio o outro veterinário que começava pela manhã, ria da minha reação.

— Já era tempo de ter chegado. — Levantei da cadeira com uma baita dor nas costas, pegando a minha bolsa.

— Qual é, estou no meu horário. — Falou presunçoso, de todos que trabalhavam aqui Caio era o mais egocêntrico, ele acreditava que só porque trabalhava a mais tempo aqui podia fazer o que quisesse.

— Aproveite o seu horário então. — Falei indo embora.

Despedi de Carolina que também estava a trocar de turno com a outra menina. Bati o meu cartão e andei até o estacionando, entrando na minha velha picape, porém ela ainda andava, era o que dava para o momento. Liguei e parti em direção de casa.

SEDUZIDA PELO SEGURANÇA (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora