Um sol escaldante foi o que recebi quando sai para o lado de fora da pior prisão de segurança máxima: localizada no estado americano do Colorado. Meu primeiro dia fora depois de dez anos na obscuridade infernal daquela sepultura. Vi que nunca apreciei realmente o cheiro da liberdade; mas aquele era o meu dia.Eu Clarence Anglin, com trinta e nove anos, bem distribuídos em um corpo moreno de pura masculinidade, cheio de tatuagens frutos das horas ociosas em que passei naquele lugar, com os cabelos raspados no zero e com dez mortes nas costas por uma chacina nos meus tempos de chefia na Máfia, finalmente ganhava a liberdade.
Não esperava encontrar nos portões daquele monstro que me deixou enjaulado por anos. Ela, me esperando em um conversível chamativo e caro com o motor ligado. Minha musa, a mulher que povoou meus sonhos nas noites mal dormidas, aqueles sonhos que me deixavam duro, mesmo antes de imaginar suas pernas.
Era a cópia perfeita da atriz Megan fox, com seu corpo magro, sua pele bronzeada pelo deserto, cabelos negros lisos como a noite, olhos verdes e sua boca vermelha umedecida. Eu paralisei no ato de pisar com o pé direito e atravessar a linha que me separava da prisão para a liberdade.
Encostada no conversível vermelho como aquelas garotas propagandas da TV, era a mina mas gata que já tive a chance de ver na vida, me dando as boas vindas mesmo sem merecer, meu corpo ansiou a foder bem ali mesmo, naquelas pradarias como um ato de rebeldia, por todos anos que me ausentei, sem poder recuperar o tempo perdido.
De volta na estrada, hoje é a comemoração de que Clarence finalmente está nas ruas e a mulher que ele pagava um pau do caralho, ainda não havia desistido dele. Demos uma parada num posto de combustível e lá comprei um maço de cigarros e uma garrafa de gin, era a primeira vez depois de muito tempo que provava daquilo que me fez tanta falta.
No inferno não tinha regalias, o máximo que se conseguia era uísque de batatas feitos artesanalmente pelos outros prisioneiros e era ruim pra porra! Não se igualava a esse, o cigarro também era só fumo, nada do Lucky Strike, marca que se botava respeito e que a fumaça corria como adrenalina nas veias. Entrando na cidade minha musa no volante com seus lábios escorrendo mel estacionou e disse:
----"Espera aqui por mim".----
Notei uma movimentação estranha e o som de tiroteios, não me movi; até me acostumar com essa vida de liberdade levaria tempo, vislumbrei quando um saco de dinheiro voou no banco de trás e ela com suas pernas bronzeadas pulou por cima, caindo por de trás do volante, ligando rapidamente o carro, agora são mais de duas horas sem pisar no freio, tanque cheio, pé embaixo, não me pega.
Brincar de pega-pega com a polícia é a minha diversão favorita. Olhei para ela com a respiração ofegante, o rosto moreno banhado em suor e os cabelos desalinhados, mas em seus lábios pairava um sorriso, essa era minha garota.
Esse destino que de novo me enganou; meu primeiro dia livre, começou comigo em fuga, outra vez! O vento lanhando nossos rostos no deserto escaldante, o asfalto se desenrolando como pergaminho aos nossos pés, à adrenalina escorrendo como heroína na nossa veias, eu só tinha um pensamento e as lembranças povoaram a minha mente.
Foi numa mesa de bar que a conheci. Bem no meio do saloon me apaixonei. E logo na manhã seguinte eu descobri que com ela eu não consigo mais viver dentro da lei. Tanto tempo tinha que eu não via um pôr-do-sol, melhor seria sem tanta sirene atrás de mim.
Há muito tempo que eu não via a confusão, ficando feia assim, mas isso para mim era música. E toda hora entra mais um na perseguição. Há quase quatro dias dirigindo sem dormir. E mesmo com a estrada bloqueada. Ela não para de sorrir, eu no volante à observo com as mãos para fora do carro com os cabelos ao vento sorrindo faço um pedido:
----Deixa eu ser seu Coringa minha louca Arlequina?----
Passando pelo posto de gasolina, em meio a um vazamento na tubulação de gás, o destino nos pregou uma peça. Eu vou sentir saudades desses olhos de menina... Enquanto você com os lábios confessava que me amava, quebrando o bloqueio do posto: A ponta de um cigarro acesa voa lá pra trás.
O meu relógio no minuto em que parou, foi achado tão longe de onde estou com ela em paz. Foi numa mesa de bar que a conheci. Bem no meio do saloon me apaixonei. E logo na manhã seguinte eu descobri, com ela eu não consigo mais viver dentro da lei. Amor bandido é o nosso, que não consigo viver, sem as loucuras da minha Arlequina.
Portanto só me resta uma coisa, e a lei nunca foi meu caminho. Faço hoje essa promessa diante do corpo da minha amada e a cumprirei: Seu Coringa ainda vai jogar sua última cartada... E a vingarei, para juntos eternamente sermos foras da lei nas pradarias celestiais do céu sem fim.
FIM
{867}Palavras.
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Tales of Love.
Short StoryCONTOS DE AMOR E DIVERSOS Vê como erra perdida em sonhos, pensativa, como te vence, Amor, e te aprisiona em flores; vê como a relva estende a seus pés um mantéu. Vê dos olhos brotar-lhe a primavera viva; vê como em profusão suas chamas de amores emb...