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Acordo com o bip do celular anunciando que mais um dia estava começando. Eram seis horas da manhã e eu com toda a preguiça do mundo me levantei desejando aos céus que o dia fosse tranquilo.

Vesti a roupa separada na noite anterior, tomei uma vitamina e com a mochila que guardava todas as trocas de roupas, refeições e materiais que precisaria até o fim do dia, pilotei até a academia que estava sendo aberta naquele horário apenas para a lindona aqui malhar o corpinho de avestruz- essa era uma das vantagens de ser amiga da dona.

- Eu ainda não acredito que você me faz abrir a academia a essas horas da madrugada, Olívia. - Diz Amanda com a voz ainda rouca e cheia de preguiça. Assim como eu, a dona de todos esses equipamentos de musculação não era lá muito matinal.

-Você faz de tudo pela sua melhor cliente. - Dei uma piscadela e Amanda riu.

Nunca gostei de nenhum tipo de esporte, esse tipo de atividade para mim deveria ser realizado apenas em questão de saúde. E para o meu azar, como todo trabalhador proletariado não detentor dos meios de produção a única coisa que herdei da minha família foram doenças hereditárias como uma possível diabetes, hipertensão e artrose.

Após todo aquele treino pesado e aquela coisa chata de ficar erguendo peso segui para a cidade vizinha, onde trabalho e faço faculdade. Pela graça do meu bom Deus, logo no começo da faculdade consegui uma boa vaga como assistente de um dos melhores advogados aqui da região e o salário também era ótimo, considerando que eu ainda estava no terceiro período de direito.

Eu gostava de deixar para tomar meu café da manhã no escritório, pois sempre chegava mais cedo. A vista que a copa tinha para a cidade era maravilhosa e não era tão cedo para que eu passasse mal com o alimento. Foi no momento em que eu tomei meu primeiro gole de café daquela manhã que quase engasguei. Eu tinha o costume de rolar o feed do meu Facebook enquanto comia, mas eu não esperava por uma notícia daquela. Eu definitivamente não esperava ver uma publicação do meu paquera de infância- talvez nem tão de infância- namorando.

Naquele momento eu senti um leve aperto no peito. Mas por quê? Nós nunca tivemos nada além de uns miseráveis 'flertes' há meses. Eu juro que tentei ficar feliz e desejar tudo de bom para o mais novo casal, contudo eu sabia que não era totalmente verdade, eu não estava feliz.

Como uma ridícula garota da minha idade que produzia muita dopamina e oxitocina, eu nutria sentimentos pelo garoto com quem estudei na quinta série. Eu sabia que era irracional, afinal quem em sã consciência gostava de alguém que mal conhecia? Eu gostava. Tudo veio a tona quando recebi seu convite de amizade no Facebook e solicitação para seguir no instagram e só piorava conforme ele respondia meus stories. Mas não importava mais, ele estava namorando e eu teria que esquecê-lo. Quem me dera se na prática as coisas fossem tão simples como na teoria.

E o resto do dia o aperto no peito continuava e a notícia não saia da minha cabeça. Eu só não entendia o porquê eu me importava tanto.

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