Capítulo 2

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A primeira mudança no comportamento de Xiao Xingchen não foi exatamente boa, Xue Yang percebeu, ele se tornou mais retraído do que o normal.

Não com o doutor, ele não mudou nada com ele. Mas as vezes que ele saia do quarto, que já eram raras, se tornaram nulas. Ele dizia que não havia necessidade de sair, ou que não estava se sentindo muito bem.

No terceiro dia o psiquiatra o persuadiu a sair, dizendo que só iria comer se fosse na sala de lazer. Então os dois foram juntos, e Xue Yang prestou atenção em cada ação do paciente.

Ele parecia nervoso, não assustado, como era normal nos pacientes que evitam aglomeração, estava mais para preocupado, com algo que não estava lá.

Os dois estavam comendo em silêncio, não havia muita gente no local já que era horário de almoço e a maioria estava na cantina comendo.

Xingchen não levantava os olhos da bandeja, e pela primeira vez em tempos, Xue Yang se irritou com o silêncio. Estava pensando em algo para falar, algo relacionado aos quadros para que o paciente se sentisse mais à vontade, mas antes que encontrasse um assunto uma voz calma ao seu lado soou, o tom usado parecia tão frio que poderia cortar qualquer um que ousasse lhe interromper.

- Quando era jovem, já fez algo que se arrependeu, Doutor?

Ao ouvir a pergunta tão pessoal, o psiquiatra parou de mastigar e travou todos os seus membros, memórias confusas vieram uma atrás da outra e sua cabeça doía.

Uma bagunça de sombras e sons passava por sua mente, ficou um tempo sem raciocinar direito até ouvir a voz do outro novamente, o mesmo tom, agora com um sorriso que lembrava um cacoete.

-Você já matou alguma pessoa, Doutor?

Dessa vez as palavras assustaram o psiquaitra, ele levantou exasperado, a bandeja em seu colo caiu no chão e espalhou comida por todo o local.

O barulho e a bagunça fez o psiquiatra voltar a si, um estalo em sua mente e seus pensamentos estavam organizados, memórias e cenas que antes lhe pertubavam haviam ido embora.

-Doutor, está tudo bem?

Xue Yang respirou fundo, acenou com a cabeça e pediu desculpas para os cuidadores que vieram limpar a bagunça.

Xiao Xingchen havia terminado de comer e voltado a sua expressão apática e silêncio de antes, o psiquiatra ficou receoso um momento enquanto olhava para ele.

Lembrava do tom e do sorriso do outro quando lhe fez as perguntas, não parecia a mesma pessoa, definitivamente aquilo havia mexido com o psiquiatra, apesar de nem ele saber o porquê.

Não queria que outras pessoas notassem que algo estava errado, então ele voltou a sua expressão normal e chamou o paciente para voltar para o quarto.

Apesar do ocorrido, não queria voltar a dar os remédios para o paciente, e vendo que quem perdeu a noção foi ele e que Xingchen não havia feito nada demais, ele continuou como se nada tivesse acontecido.

Fora esse incidente e o aumento da infantilidade de Xingchen, o resto da semana ocorreu normal. Bom, o mais normal possível dentro de um manicômio.

No sábado, pouco antes do horário de Xue Yang ir embora houve um incidente.

Xiao Xingchen tinha saído do quarto por vontade própria, ele estava com suas tintas e pincéis na área de lazer, os enfermeiros que estavam no local disseram que ele ficou um tempo parado olhando pra fora antes de começar a pintar as janelas.

Ele não estava ouvindo ninguém e apenas pintava e pintava, sem querer recorrer a força bruta para tirá-lo, acabaram chamando Xue Yang para conversar com ele.

Minhas cores, suas dores.Onde histórias criam vida. Descubra agora