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Há uma hora atrás

Finn tinha seus cabelos esvoaçantes para trás, aproveitando o frescor que apenas a brisa causada pelo táxi em movimento podia refrescar-lhe no calor infernal do verão de Los Angeles. Aproveitava também a tranquilidade do sul da cidade, muito diferente do ambiente universitário que estava há pouco tempo atrás.

Havia acabado de sair da Universidade de La Verne, onde cursava fotografia e como toda segunda, quarta e sexta-feira, voltava para sua moradia em Los Angeles em uma viagem curta de apenas trinta minutos se trajada pelo Condado que interligava as cidades. Porém naquela manhã de quarta algo quebrava o seu caminho rotineiro.

Na noite passada, Finn recebeu uma repentina ligação de um número desconhecido, dizendo ser um rapaz que adorou o trabalho do jovem publicado nas suas redes sociais e que queria contratá-lo para fazer algumas fotos promocionais de sua banda. Wolfhard não havia conseguido um estágio ainda, e estava doido para ganhar algum dinheiro, o quão pouco que fosse. Obviamente não negou um encontro com o homem, qualquer oportunidade de trabalho era muito bem vida.

E agora ele saía do táxi, pagando-o e dizendo que não precisaria que o esperasse. Checou no seu celular o endereço da cafeteria indicada novamente, só para ter certeza se era o edifício de cor caramelo e paredes cobertas por trepadeiras floridas duas quadras à sua frente.

Ele caminhou pela calçada enquanto tentava guardar na sua mochila os materiais que não havia dado tempo de guardar quando o sinal da universidade bateu indicando o término das aulas, e também esqueceu completamente disso durante a corrida de táxi. Quando finalmente pisou na esquina do quarteirão do seu destino, ouviu um "Psiu" lhe chamar. Olhou para o lado e viu que estava diante de um beco numa rua sem saída ao lado da cafeteria, onde mais ao fundo provavelmente ficava a porta de saída dos cozinheiros. Atrás de uma gigante caçamba de lixo, havia um homem encarando-o.

"Será que foi pra mim?" – perguntou mentalmente. Finn apontou com o indicador para si mesmo com uma expressão de interrogação, recebendo uma confirmação com a cabeça do cara escondido.

Mas mesmo assim ele ficou estático. Se estranhos te chamam num beco sem saída do repente, o mais óbvio seria sair correndo, não é?

— Ei Finn! Vem logo aqui - ele insistiu. Sua voz era bem semelhante ao de Hernandez, nome dado pelo cliente do telefonema. E sabia o seu nome, provavelmente conhecia-o.

Finn ficou menos tenso, mas mesmo assim receoso. Ele olhou para suas mãos e viu o compasso que faltava ser guardado. Bom, se fosse uma emboscada, ele poderia espetar a face do homem, não é?

— O-oi. Você é o Hernandez da banda que queria fotos promocionais que ligou ontem, não é? – perguntou com a voz trêmula e um sorriso forçado ao se aproximar.

— Sou o cara da ligação sim, mas Hernandez é o escambau. Olha aqui, vou direto ao assunto: eu sei que foi você quem tirou as fotos de Aidan Gallagher, e quero te fazer uma proposta.

Wolfhard não sabia se tinha uma briga interna consigo mesmo por se achar inepto o suficiente por acreditar que uma ligação tão estranha como a de ontem era real, ou se apenas tremia de medo da informação que o rapaz sabia e o que pretendia fazer com ela.

— Não sei do que está falando.

— Não se faça de besta, Finn Wolfhard. Sabemos que o The Sun pagou um monte pra você tirar aquelas fotos e derrubar ele. Confesso que eles foram inteligentes de pegar um estudante qualquer pra isso e o seu trabalho foi ótimo, ninguém nem desconfia de quem seja o autor das fotos, a não ser a gente.

𝐅𝐋𝐀𝐒𝐇𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓𝐒,  𝗳𝗮𝗰𝗸Onde histórias criam vida. Descubra agora