Música sobre homenagem, irmandade e o oco luto

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Capítulo Um:

Música sobre homenagem, irmandade e o oco luto


A piscina cheia de velas parecia o céu estrelado. America passou a língua na lágrima que escorreu para sua boca enquanto observava que a falta de luz artificial deixava as estrelas acima mais brilhantes e as velas mais assustadoras, uma beleza terrível. Uma beleza que lembrava muito a mulher que todas conheceram.

America levara um violão ao hotel de Elise e todas sentaram-se por volta da piscina redonda, como se fosse uma fogueira. As músicas começaram afinadas, mas terminaram com palavras arrastadas e muitas risadas soltas devido as bebidas.

— À Celeste — Elise gritou, erguendo um copo. — Que chegou uma vadia arrogante, mas se tornou a nossa vadia fabulosa. — Todas riram, choramingaram e aplaudiram. Talvez fosse verdade, talvez mortos se tornassem santos rapidamente e seus pecados fossem totalmente riscados, mas não importava pois até mesmo na morte Celeste era protagonista.

Já era muito tarde quando May chegou e colocou o cinto de segurança em Ames, como uma mãe. Houve algumas palavras trocadas, onde America se parecia cada vez mais como uma adolescente introvertida e May uma mãe animada e curiosa. Embora seus olhos pesassem e o álcool a deixasse como se flutuando, Meri não queria dormir ainda.

— Você sabe que seus filhos não podem vê-la assim.

— Não?

— Ames?!

— Não podem, então... — America começou, e em seguida se distraiu com os postes na rua e suas luzes tão fortes, como estrelas explodindo. May observou de canto America jogar a cabeça contra o encosto do seu banco e observar o céu.

— Então vamos para meu apartamento tomar muita água. Como uma noite das meninas, mas com você mais rabugenta que uma velha.

— Obrigada.

Então de repente, como uma fonte sendo desentupida e voltando a jorrar, lá estavam elas. Salgadas, mas não pelo luto ou pela bebida ou pela gratidão de May ter ido busca-la, mas tudo junto e mais, muito mais. Como um bebê chorão, eram muitas e cheias de palavras não ditas.

— Oh, Meri — May parou o carro no estacionamento do prédio. Havia permitido a sua irmã aquele momento só por todo o caminho até ali. — Podemos subir se você quiser, mas também podemos ficar aqui. — A mão de May puxou a de America e ambas ficaram ali por longos minutos.

— Me sinto mal — America começou, mas voltou a chorar.

— Eu sei, mas beber água pode ajud-

— Não, não isso. Eu... Celeste morreu, mas só consigo lembrar da rejeição. É a única dor que sinto... Eu sou horrível May, horrível.

— America Singer, você é humana e alguém partiu seu coração, você pode se sentir mal a respeito disso e também pelo luto. Tudo bem se sentir confusa entre essas lembranças, foi uma coisa sobre a outra.

America suspirou, começando a secar as lágrimas com as mangas da sua blusa e manchando o tecido azul de rímel. May abriu a porta e ajudou America sair do carro. No apartamento May fez chá e esperou até que sua irmã tivesse tomado tudo.

— Talvez contar ajude? Quero dizer, eu era nova demais para entender boa parte das coisas... Mas dormir também pode ajudar, e podemos fazer isso agora mesmo.

Não constranger era como um dom milagroso de May e America nunca a amou tanto quanto naquele momento.

— Fazem doze anos hoje — America começou. Era difícil falar com o caroço que se formava na sua garganta, mas May parecia tão concentrada que era injusto parar de repente. May nunca soubera o que aconteceu naquele dia na escolha de Maxon. — Bem, não tive oportunidades de me explicar, e acho que... Bem, eu não tentei. Eu estava irritada por minhas palavras valerem tão pouco e serem tão facilmente descartadas, sabe? Tal-talvez hoje...

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