Capítulo Dois.

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"Eu quero te acorrentar
Eu quero te amarrar
Sou apenas um otário atraído pela dor [...]
Tenho o esquadrão tatuado dos pés ao pescoço
A pressão dos homens fez com que nos rebelássemos
Nós vamos para guerra, é, não vamos falhar."
sucker for pain - imagine dragons

Narrador.

O cheiro sutil da fumaça ainda estava instalado nas narinas de Jade enquanto acordava aos poucos, com os olhos fechados, pesados e o corpo dolorido, bem como sua mente estava lenta demais para conseguir mover as pálpebras afim de encarar qualquer coisa. Havia um silêncio que ela não sabia discernir se era de sua cabeça ou do ambiente. Por um momento, pensou que tudo tinha sido apenas um sonho, um assombroso pesadelo. Mas vieram forças de seu corpo para mover os dedos e sentir um tecido debaixo de si. Era como se estivesse em um colchão duro demais para entender se era de fato um colchão.

Tentou mover o corpo, mas não conseguia, estava pesado com seu próprio peso, tanto que fez uma força absurda para abrir os olhos lentamente. Apesar do esforço, sua visão estava embaçada, sentindo-se como se estivesse debaixo d'água, mas absolutamente não estava. Soltou o ar de seus pulmões devagar enquanto piscava vagarosamente para ver se a visão voltava ao normal para que aos poucos, com seu interior agitado e seu corpo parado, conseguia enxergar adiante.

Era uma sala pequena, suja e escura demais. Sempre fora acostumada com muita iluminação, aquele lugar era difícil de decifrar mais detalhadamente por conta da falta de iluminação. Mas havia um feixe de luz vinda de algum lugar no qual ela tentava mover a cabeça, com muito esforço, para seguir aquela luz. Havia uma janela, pequena e bem no alto que proporcionava a luz branca para dentro do ambiente. Jade estava com a mente confusa apesar de lenta, e seus sentidos do corpo estavam voltando com os longos segundos que se passavam. Seu nariz começou a voltar ao normal após alguns minutos, e logo o cheiro do local foi bem notado.

Poeira, mofo e coisas velhas. Se assemelhava a um porão de coisas antigas. Era um local abafado e com o ar seco. E apesar de todas essas características, Jade não fazia ideia que tipo de ambiente era aquele, mas com certeza a agitou um pouco mais ao ponto de consegui criar forças para mover seus braços. Ela de fato estava em uma cama. Uma cama velha, de ferro branco e dura. Com dificuldade, ergueu seu corpo tentando ficar sentada, mas falhou caindo umas quatro vezes antes de conseguir pegar firmeza.

Quando se sentou, colocou a mão na cabeça por conta da pontada de dor que invadia não só ali, mas seu corpo inteiro. Ela não conseguia voltar para realidade, nem mesmo conseguia perceber a lentidão de como seu corpo estava funcionando, por isso piscou novamente mais vezes e forte para olhar em volta.

A sala era pequena demais, muito pequena. Só tinha aquela cama, uma mesa de madeira em um canto e ao seu lado um pequeno portal que não tinha porta para um banheiro estreito. Ela olhou com as sobrancelhas juntas concluindo com si mesma que era um lugar horrível e deplorável.

Como uma rajada de luz em sua cabeça, a coisas que aconteceram a momentos antes no Palácio, começaram a vir em sua mente lentamente e drasticamente. Seu coração acelerou ao lembrar que havia sido atacada, dentro do elevador ao lado de seu segurança. Seus lábios abriram sutilmente relembrando de como tudo aconteceu, de como estava assustada, aterrorizada e fraca conforme a fumaça naquele ambiente caía sobre ela, e tomava seus pulmões. Sua respiração pesou quando se deu conta que estava presa em algum lugar completamente desconhecido, em um lugar que provavelmente foi projetado por aquelas três pessoas que viu, que derrubaram ela e seu segurança.

Jade se levantou, então, em um pulo se desequilibrando e caindo pelo chão sentindo os ossos doerem novamente, mas se levantou de novo, dessa vez mais devagar. O corpo agitou com adrenalina, com o medo e o pavor olhando em volta pelo ambiente de novo, desesperada e confusa.

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