Pelos versos que eu tomei,eu vou para o inferno
Pelo amor que eu vou fazer,eu vou para o inferno
Sendo carregada pelo diabo
Você pode ouvir os sinos do casamento?
(The pretty reckless - going to hell)
Os mortos sonham? Ou eram apenas lembranças que passavam pela a minha cabeça agora? Porque eu não queria aceitar aquilo? Porque eu nunca tinha controle? Porque eu tinhas esses pensamentos ruins?. Lembro-me de minha mãe me dizer que eu era igual ao meu pai,de ela dizer que sempre rezaria por mim e por ele.
Agora eu entendo.
Meu DNA foi condenado há muito tempo,desde que nasci. Eu nunca conseguiria ser boa,eu nunca teria paz,mas eu não acredito nesse negócio de destino, porque eu fiz o meu próprio destino quando matei a minha própria mãe e me joguei da sacada do nosso prédio. Era como se eu houvesse buscado a morte e a ruína desde que eu nasci. Os pisiquiatras por onde passei me diagnosticaram com transtorno de personalidade e bipolaridade.
Oque eu estava esperando? Eu pensei que poderia ser normal algum dia? Que eu seria... Boa?.
Sorrio.
Eu nunca seria boa,eu não teria de volta as pessoas que eu amava. Como poderia, alguém como eu ter perdão ou ser feliz? Eu já não tinha mais uma vida,eu a tinha arrancado de mim mesma. Eu realmente não tinha como sentir pena de mim. Meus pensamentos voam para alguém que eu havia conhecido como criança e o tanto de carinho que sentia por ele,eu não havia conseguido salvá-lo de seu destino infeliz,ele é um dos motivos de me sentir revoltada com tantas coisas em relação a vida.
"- Ei Alessa?! Vamos brincar!.- O grito alegre do garotinho moreno de olhos cor de mel me chama. Ele corria feliz pelo gramado verde do jardim,ele é meu melhor amigo.
- De pique esconde? - sugiro me deitando na grama.
- Não! Depois,vamos primeiro de futebol?.- Pede fazendo biquinho.
Tinhamos apenas oito anos naquela época. Eu era feliz antes de perdê-lo.
Brincávamos alegremente quando a bola atravessou a rua, não consegui fazer nada quando ele correu feliz atrás da bola.
- Phineas!!! Espere!.- Corri em sua direção não o suficientemente rápido para salvá-lo do carro que surgiu do nada...."
Encolhida na cama de casal que havia no quarto de pedras cinzas,observava o tempo passar devagar,as vezes me levantando da cama e me sentando na cadeira de madeira encostada na parede,eu quase conseguia ver teias de aranhas se formando ao meu redor.
Naquele quarto,eu repetia todas as cenas da minha vida,todas as coisas ruins que fiz,os animaizinhos que torturei sem motivo algum,todas as coisas ruins que disse a minha mãe,a morte dela,a minha morte.
Noite e dia com aquelas lembranças rodopiando pela minha cabeça. Não tinha noção do que era,ou não,real.
Todos os dias eu via a minha mãe ajoelhada no chão a vomitar sangue,de costas pra mim. Eu me encolhia na cama,com medo de que talvez ela fosse se levantar com seus olhos em chamas,e me dizer o quanto sou hedionda e suja de se olhar.
Eu vi Phineas uma vez,ele brincava com um quebra-cabeças no chão,absorto a tudo ao redor.
- vamos brincar Alessa.- Ele havia sussurado sem me olhar,e desaparecido logo em seguida. Me perguntei se, quando ele soubesse no que me transformei,se ele ao menos conseguiria olhar pra mim.
A bailarina, às vezes dançava pra mim no quarto,e eu não fazia ideia de como ela escapava de seu quarto, gostaria de saber qual havia sido seu pecado,porque ela se machucava tantas vezes, repetidamente. Eu não pensava mais em tentar fugir daqui,era perca de tempo.
- Gostou do show?.- Pergunta sentada no chão. Tinham um tique que fazia sua cabeça pender de um lado para o outro.
- Foi um belo show. - Eu dizia e fechava os olhos,tentando desembaralhar os pensamentos que insistiam no contrário. Há algum tempo minha visão vem falhando há algum tempo, não consigo enxergar quase nada.
- É divertido vê-la andar de um lado ao outro.- É a voz de Trent,o carrasco. Minha visão estava embaçando,mas sabia que ele estava ali em algum lugar.
- Porque não me machucou mais?.- Indago,minha garganta se fechando involuntáriamente. Minha visão se tornando ainda mais embaçada.
- Sua tortura é a sua própria mente. Antes a tortura física foi precisa para que abrisse seus olhos e visse o pecado. Tento focar meu olhar mas apenas consigo ver uma mancha escura.
Sinto um toque suave em meus ombros. Me afasto tateando o ar e descendo da cama.
- O que você veio fazer aqui?.
- Te ver pessoalmente, uma última vez. Fiquei impressionado por ter conseguido chegar até aqui sem se tornar parte daquela areia do deserto igual ao seu pai.
- Meu pai?. - Aperto o tecido do meu vestido branco empoeirado.
- Seu pai era como você. Peculiar... Ele não reconheceu o seu pecado, após tanto tempo a queimar no fogo,se transformou em pó.- Parecia estar rindo, enquanto me rodeava.
- O que vai acontecer comigo?.- Pergunto em um sussurro estranho, minha voz sumindo aos poucos.
Sua risada ecoa pelo quarto fazendo eco.
Passo as mãos entre meus cabelos e os sinto cair. Grito pelo susto,mas minha voz não saiu,me sento no chão,sentindo meus ossos se quebrarem um por um.
- Eu espero não vê-la por aqui novamente.- Sua voz saiu distante.
- Mas caso você não tenha aprendido nada. Seu quarto estará bem aqui,reservado para você.
Abro minha boca para falar, mas nada sai. Braços quentes me envolvem enquanto eu lentamente desapareço,eu não sabia oque me aconteceria a seguir. Mas talvez alguém tão miserável como eu, conseguisse obter algum tipo de perdão algum dia.
Sinto as lágrimas escorrerem pelos meus olhos,enquanto meu corpo arde como se estivesse completamente se incendiando.
- não volte nunca.- Sua voz abafada e distante soa.
"Seja feliz,Alessa"
A vozinha de Phineas é a última coisa que ouço antes de tudo ficar em silêncio. Todo esse tempo eu estava presa por ele,pelo meu pecado.
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Acabou por aqui,obrigada❤️
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Presa Por Ele
HorrorAlessa era uma garota de 17 anos e tinha acabado de se mudar pro rio de janeiro. Garota de uma beleza exótica, atraí facilmente a atenção do assassino colecionador de corpos Trent Buckman. Aquele dia na praia foi o seu último, no meio das coisas e...