— O réu presente diante desse júri, está absorvido de todas as acusações. — O som do martelo às vezes não consigo ouvir, pois meu coração está batendo tão acelerado que eu apenas escuto ele.O acusado estava sendo julgado por um crime que aconteceu há 45km de distância de onde se encontrava, mas por sua cor e local onde morava, na periferia da grande Vitória, foi taxado de assassino sem ao menos ir ao tribunal, foi tratado como criminoso sem ter evidências concretas que era ele o culpado. Diante da injustiça, a doutora Gizelly Bicalho, pegou o caso, sem quaisquer custos ao seu cliente, e como uma excelente advogada, livrou um jovem preto de uma vida na prisão, e para a doutora não havia sensação melhor do que ajudar e buscar a justiça.
— Doutora, eu não sei como posso lhe agradecer! — O jovem com lágrimas nos olhos abraçou a advogada, como um gesto de gratidão e recebeu em troca um abraço mais forte ainda.
— Olhe pra mim... Você não tem que me agradecer, apenas continua sua vida, não pare por nada, lute até o fim, e jamais abaixe sua cabeça para aqueles que te insulta.
— Sim, senhora. Doutora Bicalho.
POV GIZELLY
Passei por várias situações na minha vida, mas a sensação de paz quando a justiça não falha, quando um cidadão favelado é livrado de um destino horrível, por um crime que não cometeu, é a melhor sensação de dever comprido.
— Excelente defesa doutora Bicalho!
— Obrigada, Nanda! — Fernanda Keulla, essa mulher me apavora com tanta beleza!
Eu e Nanda trabalhamos juntas, com mais duas advogadas, Tais Dadalto e Letícia Bortolotti, decidimos abrir nosso próprio escritório e cada uma tem sua jurisdição, mas hoje Tais e Letícia estão em outra cidade fazendo o que ambas fazem melhor, advocacia.
Me lembro até hoje como foi difícil para me tornar advogada, o preconceito com mulheres nessa área, como em praticamente em todas, é nível hard, enfim, consegui me consagrar e hoje nós quatro somos a mais requisitadas no estado. Me orgulho de tudo que conquistei, com pessoas com quem me sinto protegida e amada, amigas que levarei pro resto da minha existência.
Desde muito nova já era a louca, que se intrometia quando via uma injustiça acontecendo, mas eu penso que se a maioria da população toda agisse de acordo com que prega, muitas coisas não passariam despercebidas, e muitas pessoas por aí tampam os olhos, pois quando acontece algo e não fazem parte do seu ciclo de amizade ou parentesco, não movem um dedo. Apesar que intervinha, não consegui evitar que meu pai maltratasse minha mãe, aquilo para mim era o mais assustador, não poder fazer nada. Hoje como advogada tento dar meu máximo para que situações como essa não se repitam. Dizia a meu pai que iria pôr ele na cadeia, e ele dizia que eu não seria ninguém, igual a minha mãe, se ele soubesse que essa fala dele me trouxe mais gana e força para ser o que sou hoje, eu até o agradeceria, mas faleceu antes que eu pudesse dizer, que ele era o responsável pelo o que sou hoje e claro pelo apoio de minha mãe.— Boa tarde Giovanna!
— Doutora Bicalho! aaa.. boa tarde. Achei que não a veria hoje no escritório depois da audiência.
— Realmente não era meu plano vir até aqui, mas esqueci alguns papéis que preciso revisar.
— A senhora deseja alguma coisa? — Giovanna sempre atenciosa.
— Um café, por favor.
Gizelly Bicalho, uma advogada que não tinha limite de tempo para se dedicar ao trabalho, a sua admiração pela profissão se tornou algo tão forte, quando ainda era criança, que via em casa o mal do machismo, mais o foco no trabalho se tornou seu refúgio, já que emocionalmente se tratando de relacionamentos a advogada era o oposto do que é em seu trabalho, um total fracasso. E de tantos tombos com a cara no chão, resolveu que amor não era para ela e que sua profissão era seu ápice de alegria. Gigi é uma mulher romântica, a base de clichê, mas era iludida com um simples "bom dia", Gizelly sempre muito sonhadora que gostaria de viver um amor diferenciado, e criava expectativas que não vinham com o tempo e acabará com o mal hábito de se inferiorizar. Se doava demais em amores rasos, que chegou ao ponto de não acreditar que pudesse ter um amor para chamar de seu.
toc toc ''''
— Com licença, Dra. Bicalho.
— Entre.
— Eu trouxe seu café e tenho um recado urgente para a senhora.
— Urgente? Então diga! — Giovanna deixou o café sobre a mesa e contou que Manu Gavassi falou em prantos que ligasse imediatamente à ela. Gizelly que imagina mil situações já se preocupou com a amiga, que conheceu em Noronha, quando estava a comemorar sua formatura de advocacia.
— Manu, pelo amor de Deus! O que aconteceu? Não me esconda nada!
— Oi titchelinha. A Gio ainda está aí? — Gizelly sem entender diz que sim, com a voz mansa — Agradeça a ela por mim, porque eu pedi a ela que falasse que era urgente, se não a vossa doutora não me atenderia, né dona Gizelly! — Gigi é uma excelente amiga, mas estava deixando a desejar, principalmente quando estava em algum processo, e ela encadeava seguidos processos.
— Giovanna, ela está te agradecendo por ter lá a ajudado.
— Meu Deus! Diga... diga a ela que eu sou muito fã dela.
— Pode deixar, direi a ela. Agora a senhorita pode me dar licença?
— Claro Senhora. Com sua licença. — depois que a secretária saiu....
— Por que você fez minha secretária mentir para mim, Gavassi? Aliás ela é muito a sua fã.
— Não é mentira Titchela, é urgente!
— Não precisava disso, Manu. Eu quase tive um troço! — Gizelly contou a amiga como a secretária lhe disse o recado e Manu ficou impressionada com a desenvoltura da garota, pois Gi era difícil de convencer. — Agora já pode tá falando, o que aconteceu?
— Preciso que você venha a São Paulo, me defender de um processo!
— Outro, Manu Gavassi?
— Não Gizelly! É sobre aquele que não deve ser nomeado.
— Ainda é o caso do Vitor Hugo?
— Aí não fala o nome dele, trás azar.
— Desculpa bebê!
— ain te amo! Ok vamos parar com esse melodramático e sim amiga, acabou dando uma reviravolta e eu não confio em mais ninguém.
— Tá bom, quando posso estar indo?
— Quarta feira, e esteja aqui cedo, pois vamos ao shopping!
— O que vou fazer no shopping, Manu?
Gizelly não sabia que tudo era armação de Manu e Giovanna, para que a doutora aparecesse na festa de 10 anos do primeiro álbum da amiga, e Manu sabia que a advogada estava fugindo de qualquer lugar que não fosse o escritório ou algo relacionado ao trabalho.
— Giovanna, cancele tudo para a próxima semana, nós iremos a São Paulo, quarta, compre duas passagens, pois a senhorita irá me acompanhar. — Giovanna assentiu muito alegre pois era fã da pequena prodígio. — Não fique tão alegrinha , nós iremos a trabalho.
— Sim, as senhora que manda!
Gizelly em seu local de trabalho era extremamente profissional, mas fora dali, ela era o que ela quisesse ser. O seu jeito genuíno e espontâneo cativava as pessoas por onde passava, sempre muito educada e humilde, com seu olhar sedutor e seu corpo escultural era fácil arranjar pretendentes, mas era difícil alguém estar a "altura de Gizelly" e pelo valor de seu carácter e transparência em suas emoções tão puras e verdadeiras, ela era alta demais. Mas como uma mulher tão cheia de virtudes se sentia tão menosprezada? Sim, ela se sentia, sentia que precisava de um elo, de alguém, mas ao decorrer de fracassos no amor, Gi aprendeu o valioso amor próprio, que não precisava de alguém para se sentir amada, pois percebeu que não precisaria de ninguém além dela mesma.
Aeroporto de Guarulhos, São Paulo.
— Bem vinda a São Paulo, Titchela! Quero te apresentar uma pessoa, super maravilhosa e que vocês serão best friend. Gizelly, essa é Rafa Kalimann.
Oieee, espero que tenham gostado desse capítulo, é meu tudinho Gigi, e Ginu é fofo demais 💕🤧
Pra quem tá gostando, curti e comente, e próximo capítulo tem encontro GIRAFA 🤩
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O Amor que sempre Sonhei
FanfictionSe perder, não em um lugar, mas sim, se perder em alguém, é como sentir o universo em conspiração, é o ímã te puxando para aquela pessoa, é o oxigênio faltando em seu pulmão, é a temperatura caindo na palma das mãos, é o coração acelerando em segund...