Um amor por acaso

#10 Terapia

Nervosismo era uma palavra simples para meus sentimentos agora, toda aquela sala de espera azul, já estava me cegando, borboletas enfeitavam a parede dando a tudo um toque exagerado ao consultório. Pelo menos o sofá era bem confortável, me esparramei por ele tentando aliviar as tensões do meu corpo, a sala também possuíam incensos que certamente tinham a função de acalmar o ambiente, mas o efeito para mim veio como contrario.

Tentei focar no som calmo que a sala fornecia mas eram tentativas ridículas para alguém que receberia um resultado psicologico para saber se estava apta a cuidar de uma criança pelo resto de minha vida, como disse; assustador. Respirei pesadamente fitando teto de cor vanilla. 

Já estava quase arrancando todas as peles finas de meus lábios, quando ouvi meu nome ser chamado.

— Any Gabrielly. Vamos lá?— Meredith sorriu abertamente para mim, talvez essa seja a maneira dela me confortar com o que vai dizer.

Pensamentos positivos Any.

Uma vozinha sussurrou em minha cabeça e tentei segui-la. Entrei em sua sala com ela me dando passagem, adentrei sentindo mais um dos cheiros insuportáveis vindo as minha narinas.

Ótimo. Mais incensos. 

— De tanto vim aqui passei a repelir qualquer tipo de cheiro vindo desses frascos— Apontei para o incenso de lavanda em cima de sua mesa.  

— Sinto muito. Isso costuma deixar os pacientes mais relaxados, mas vejo que a senhorita é especial. — Ela se sentou pegando uma papelada e guardando em sua gaveta. 

— Não sei ao certo se especial seria a palavra mas... — Sentei-me na cadeira já próxima dela, que ainda tinha a atenção voltada a os papeis. — Por curiosidade, alguns desses papeis tem a avaliação de Josh Beauchamp? — Ela me olhou com uma expressão falsa de raiva cerrando os olhos para mim.

— Boa tentativa Any — Cantarolou guardando o resto dos papeis — Só fique tranquila sem se preocupar com nomes, ou todo esse processo estressante e apenas comece a falar. — Ela puxou a cadeira de rodinhas mais para mesa entrelaçando seus dedos o colocando sobre a mesa em uma postura calma. Arqueei minhas sobrancelhas em uma expressão confusa.

— Como assim falar? Minhas sessões já acabaram — Cruzei os braços já podendo sentir meus ombros tensionados. Meredith apontou para eles me fazendo relaxa-los

— Pois é Any mas você é especial. — Ok eu a adoro, mas agora estou com vontade de soca-la. — Apenas fale o que está fazendo você ficar desse jeito. — Gesticulou apontado para meu rosto.

Ela esta querendo dizer que estou com cara de acabada? 

— Não se preocupe com o que vai ser dito, trate isso como uma conversa entre amigas — Ela cruzou as pernas e me fitou intensamente, com seus olhos que pareciam poder observar minha alma.

— Sabe de uma coisa... — Comecei fazendo a mesma me olhar atentamente — Eu odeio terapeutas! — Exclamei tirando uma risada alta dela

— Eu ouço muito isso — Pegou um pote de balas de goma me oferecendo, peguei algumas, precisava mascar algo. —Mas nunca entendi realmente o porquê desse frequente elogio, sorriu mastigando uma das balinhas 

— Vocês são... Estranhos — Me tremi como se sentisse calafrios em minha fala, e ela pareceu mais interessada — Olham para nós como se soubessem todos nossos pecados, é como se confessar para um padre com os olhos julgadores, mas sem ter que rezar o pai nosso trezentas vezes. 

— Não estou aqui para te julgar Any. — Ela se levantou se aproximando de mim.

— Por que nessa ultima consulta simplesmente não começamos a falar de suas experiências e eu digo se concordo ou não? — Sugeri descaradamente para mulher que simplesmente me ignorou por alguns segundos.