#4 Please

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Acordei com os flashes de luzes contra o meu rosto, minha cabeça doía anunciando o efeito das bebidas de ontem, pisquei algumas vezes e pude vê Yonta abrindo todas as cortinas e bufei. Ela acordava animada como aquelas princesas da Disney, se um dia eu acordasse e pegasse a mesma cantando com pássaros nos dedos e animais em volta felizes, não iria estranhar nem um pouco.
Lembro que quando era pequena, tinha a plena convicção de que ela era uma princesa de verdade. Mas ela era a minha princesa, aquelas que não tinham o padrão de beleza esperado, pelo contrário cabelos iguais os meus e aparência.
Penso que esse era um dos maiores motivos para sempre julgarem que ela era minha mãe biológica, mas independente de tudo comecei a considera-la como tal, pois, ela foi e sempre será minha maior inspiração.

— Yonta é sábado! — resmunguei e ela deu de ombros

— Sim e quero companhia para o café da manhã — Antes que eu pudesse dizer algo ela saiu do quarto e levou meu cobertor junto.

Me arrastei até a ponta da cama, respirei fundo assim que levantei, me preparando para um grande dia tedioso de leitura das minhas falas e
face time com Savannah e Joalin.
Fui até o banheiro, e novamente se iniciou aquele mesmo sentimento em mim, era como um incômodo, só que mais intenso, uma coisa que não podia ser nomeada exatamente.

Se eu pudesse descrever esse sentimento seria como, um pressentimento. Algo que você está esperando acontecer, mas não sabe o que é exatamente, era meio que isso, eu sentia que precisava fazer algo em relação àquela criança. Mas meu consciente via a tamanha loucura que tudo isso era, porém, eu sentia eu ansiava saber como aquela pequena estava. Precisava! Tinha necessidade em saber.

Tudo dentro de mim, me dizia para entrar na história da vida daquela bebezinha, mas mesmo com tudo isso, para mim, parecia a maior idiotice que eu já me martirizei na minha vida, tudo isso estava me deixando em uma confusão sufocante, então para tentar me libertar desta angústia, disfarçada de pressentimento. Pedi para Sina me mandar notícias fotos qualquer coisa possível da criança. Ela me disse que a pequena tinha ficado em observação e que amanhã provavelmente ia para um abrigo.
E foi exatamente isso que fez minha noite ser péssima, não consegui imaginar um bebê tão pequeno em um lar que não fosse com pessoas que a amassem, não consegui dormir com a ideia de que ela podia crescer lá, com dúvidas, frustrada
emocionalmente, pensei naquela menina assustada a noite, do mesmo jeito que eu ficava quando era uma pequena assim como ela, porém, tive sorte de ter Yonta comigo. Mas e ela?
Ela encontraria alguém? Se sentiria amada pelo menos por uma pessoa?

Tudo aquilo tirou o meu sono, fiquei por boa parte da noite com pensamentos pairando a minha cabeça, vi o amanhecer e depois acabei pegando no sono. E ali olhando meu reflexo no espelho, com meu rosto revelando minha noite mal dormida, me fez lembrar de todas aquelas preocupações.

Respirei fundo como se todas aquelas coisas que me afligem fossem desaparecer magicamente. Mas obviamente elas não desapareceram, pelo contrário, elas só cresciam a cada momento só de pensar que agora ou daqui a horas a bebê ia ser levada para um lugar que poderia definir o destino dela. Olhei para o espelho novamente, observando minha expressão confusa e cansada. Meu celular começou a tocar notificando uma nova mensagem; era a Sina.

Ela me enviou uma foto da bebê, ao ver aquela foto eu me derreti, senti calma pela primeira vez naquela manhã, ali observando aquela fotinha, não entendi o porque ela tinha mexido tanto comigo.
Nunca fui de ser sensível desta maneira, lidava bem com a maioria dessas coisas, já que minha infância não foi uma das melhores.
Mas algo estava a me puxar para um poço de indecisões, curiosidade, e tantas incertezas.
Pois, mesmo que tentando esquece-la e fingir que nada, aconteceu algo me puxava para beira do poço de confusão novamente, me fazendo voltar a estaca zero, estava sendo uma missão impossível.

Um amor por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora