#5 Big frog

160 24 2
                                    

Assim que ela ouviu minhas palavras, seus olhos soltaram para fora, ela piscou diversas vezes surpresa com minha última fala.

— Any isso é uma coisa extremamente séria, não tem como decidir assim de supetão.

— Moly me disse com um receio na voz, e entendo ela.

— Moly posso te afirmar com toda certeza que não, é algo precipitado, revirei a noite com algo dentro de mim. E desta vez entendi o que era, você já deve ter escutado o que as mães sentem antes de adotar ou entrar nesse pedido. Não, é algo que você escolhe; eles encolhem você

— É realmente, muitas já me falaram isso. Bom então vou ter que te explicar todo o procedimento — ela me encaminhou até seu escritório — Sente-se.

— Ok. — Moly apontou para cadeira então assim fiz.

— Eu sempre falo isso aqui. Eu não posso nomear ou colocar em ordem como vai ser este processo, pois, cada caso é um caso entende? — afirmei e ela prosseguiu com cuidado.

— Preparação psicológica é primordial nesses processos, a paciência será sua amiga, mas muitas das vezes sua inimiga. Ainda mais se for uma adoção individual você é solteira?

— Sim seria individual.

— Então o cuidado tem que ser dobrado, como a mãe esta respondendo por abandono a guarda dela é da justiça que determinou nós as guardiãs legais, eu e minha prima somos responsáveis por ela agora então teria todo esse processo de avaliação a você e sua vida e depois o processo da guarda — ela respirou fundo de tanto falar e era eu que tinha o ar preso sem ao menos perceber.

— Bom é bem demorado, mas eu vou fechar a fila aqui no seu nome como primeira e você vai iniciar o processo de avaliação, já que não tem ninguém com você na fila, e bom se tudo der certo, esperamos que sim, você inicia o longo esperado processo de adoção, agora se não tiver apta você poderá voltar a lista, mas com algumas pessoas junto a você ok? — assenti nervosamente e assinei o papel em que ela mandou tentando parar de tremer com toda aquela situação.

— Ok Any agora é seguir os passos ter muita calma, paciência e o resto a gente conversa.

— Eu posso, vim visitar ela? — perguntei com um certo receio, Moly foi me levando até a porta.

— Às terças, quintas e sábados são nossos dias de visita. Então se quiser, será muito bem-vinda.

(...)

— Quero todos ocupando os espaços do palco — a diretora Kiara esbravejou em quanto iniciamos o ensaio de teatro do dia.

Tinha chegado em casa em plena exaustão de tanto brincar com as crianças do abrigo, e também emocionalmente por saber de tudo que terei que enfrentar a partir de minha última decisão. Pensei e repensei em contar para Yonta, mas aquela séria uma longa e difícil conversa; ela sempre me apoiou em tudo que fiz até hoje, mas aquilo era diferente. Minha carreira não estava formada exatamente, eu tinha um contrato, porém, ele acabaria no próximo ano o que estava perto de acontecer, mas simplesmente chegar e jogar uma bomba deste tamanho que era a minha decisão de ser mãe, seria demais para aquele dia, então passei o final de semana inteiro pensando e repensando a melhor maneira de contar para ela e quem sabe o pior de todos; meus pais.

Apesar de todas as coisas meus pais ainda estão juntos. Infelizmente, digo de passagem, meu pai independente de suas condutas e o machismo escancarado, em seu ser. Ele sempre se mostrou preocupado e se importou comigo, ao contrário de minha mãe, que sempre foi bem fria em nossa relação.

Meu pai é conservador, mas tenho a plena convicção de que ele me ama. Pois, o mesmo sempre deixa bem claro o quanto seu sonho de ter sua garotinha foi realizado com a gravidez de minha mãe. O problema é que o sonho e essa vontade de ter uma filha era somente dele.

Um amor por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora