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Como a mulher que sou quis passar o resto da tarde em compras. Calum não se importou e acompanhou-me pelas várias lojas que íamos encontrando apesar de não me ajudar com opiniões e coisas do género. Ao fim de cerca de 3 horas e mais uma data de sweatshirts e jeans pretas depois lá acabei por abandonar aquela rua e ir para casa com Calum. Ele acompanhou-me até casa, apontado depois a casa dele, cerca de um quarteirão ao lado da minha. Despedi-me dele com um aceno de mão e subi as minhas escadas, abrindo a porta. Eram agora 17:48 e já estava a ficar de noite. Sentei-me no meu sofá e respirei fundo largando os sacos ao meu lado. Sorri com a lembraça do meu ótimo e divertido dia e fui vestir o meu uniforme antes de descer tudo a correr outra vez e preparar-me para mais uma noite atarefada na pizzaria.

Eram 09:18 de Domingo quando acordei sobresaltada com o toque do meu telemóvel.

"Sim?..." a minha voz saiu rouca e entrecortada.

"Bom dia Sky." franzi uma sobrancelha e pousei a cabeça na mão.

"Hm... Bom dia... Com quem é que estou a falar?" uma gargalhada foi ouvida do outro lado do telefone. Normalmente o meu telemóvel não toca com frequência portanto o facto de alguém que não faço ideia quem é me estar ligar é minimamente estranho.

"Não te lembras da minha voz Sky?" voltei a carregar a sobrancelha e fechei os olhos com força.

"Não..." eu acabei por dizer com uma voz de quem estava chocada.

"Sou o Michael." mexi as sobrancelhas e os olhos para o lado tentado lembrar-me de algum Michael. Da Universidade, do trabalho... Nenhum Michael me vinha à cabeça por isso acabei por soltar um suapiro desistente.

"Michael quê?" ele riu-se. A sua voz não me era estranha, eu acho mas não o conseguia ligar a nenhuma cara ou a ninguém.

"Clifford." o meu coração parou em segundos. Os meus olhos abriram-se e a minha respiração ficou irregular enquanto o meu estomago se contorcia.

"M-Mike?" a minha voz saiu num múrmurio mais do que baixo. Gaguejei porque não acreditava que era Mike. Mike era um dos amigos que deixei para trás em Nova York. Aliás, ele não era só meu amigo. Havia a remota possibilidade de ele ser meu namorado quando fui embora. Eu não me despedi de ninguém, eu simplesmente fui embora e disse à minha irmã para dizer isso se alguém perguntasse por mim. Os meus "amigos" chegaram a mandar mails e mensagens no facebook e twitter, algumas para saber se eu estava bem, outras para dizer que eu tinha agido mal em deixá-los para trás sem uma despedida se quer. Michael não. Michael manteve-se no silêncio, sem me mandar uma mensagem, telefonar ou dizer a mínima coisa. Algumas das mensagens que me enviaram diziam que Michael estava a sofrer, o que me apertava o coração, mas eu tive que fazer o que estava certo.

E agora, um ano depois de eu ter partido, ele está do outro lado do telefone.

"Sim, Sky sou eu." ele disse, percebi que estava a sorri do outro lado do telemóvel. Deixei cair a cabeça na almofada.

"Não acredito nisto..." deixei escapar baixinho. Pelos visto não foi baixinho o suficiente porque ele conseguiu ouvir.

"Acredita Sky. Sou eu. Desculpa só te dizer alguma coisa agora, mas eu... Não sei, não estava pronto para te ligar." suspirei. Eu deixei-o à um ano sem despedidas, sem o avisar, sem nada, e ele é que pede desculpa?

"Desculpa eu Michael, eu devia ter-te dito que me ia embora" eu disse suspirando. Ele respirou fundo do outro lado do telefone.

"Sim, isso foi doloroso." um aperto tocou-me no coração e tentei sorrir constrangida mesmo sem ele conseguir ver.

"Descula Micky..." eu deixei escapar juntamente com o meu suspiro.

"Não faz mal Sky, é passado de qualquer das formas. Então e como é que estás?" sorri. Michael sempre fora assim. Perdoava facilmente as pessoas, era super simpático, e punha sempre, mas sempre os outros e os seus sentimentos à frente dele. Tinha-me custado deixá-lo, mas com o tempo fui percebendo que não erámos feitos um para o outro e que o melhor era mesmo afastar-me.

Sky ☆Where stories live. Discover now