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Apaguei o meu cigarro e subi as escadas devagar indo em direção à minha porta. Era sábado de manhã e o sono estava a consumir-me. Suspirei e abri a porta rodando a chave e dando o pequeno jeito necessário e deixei-me cair no sofá. Este sábado não me apeteceu ir ao centro. Era raro isso acontecer mas acontecia e portanto, limitei-me a ficar em casa a aproveitar até à hora de ir trabalhar. Virei-me de barriga para cima no sofá e encarei o teto.

"Mike pára!" eu gritei, obrigando Michael a parar de me fazer cócegas. Este soltou uma gargalhada e agarrou-me na cintura dando-me um beijo apaixonado. Sorri para ele e retribui com um pequeno beijo.
"Ugh deixem-se de mel" a voz de Ashton fez-se soar ao nosso lado fazendo-me lembrar da sua presença. Olhei para ele e vi a sua cara enrugada com a ofensa, e acabei por soltar uma gargalhada.
"Desculpa Ash." eu ri-me. Michael riu-se também. Roubei uma batata frita do pequeno pacote de Ash molhando-a no ketchup e levando-a à boca.
"Então... Estava a pensar mudar-me." eles levantaram os olhos rápido e assustados.
"Mudar-te para onde?" a voz de Mike soou, um pouco assustada. Encolhi os ombros.
"Não sei, já tenho 18 anos. Gostava de ir para outro sítio." Ashton abriu a boca e voltou a fechá-la, olhando a minha expressão e tentando decifrá-la.
"Mas tens tantas opurtunidades aqui, Sky." ele disse meio que tentando sorrir com encorajamento, meio que a convencer-se a ele próprio. Voltei a encolher os ombros.
"E posso ter outras tantos em qualquer local do mundo." Michael encolheu os ombros e deu-me um beijo na bochecha, claramente não acreditando no que eu lhes estava a dizer.
"Oh doce, doce Sky. Tu podes fazer o que tu quiseres." ele disse com um sorriso no rosto e uma mão na minha cintura acabando assim com a conversa.

Esfreguei a cara, tentando esquecer esta memórias. "Podes fazer o que tu quiseres" Michael dissera-me um dia. E era verdade. Eu podia fazer tudo o que quisesse, e neste momento eu queria estar aqui, a olhar para o teto e a pensar no significado da vida. E foi nesse momento que me lembrei das palavras do meu tio. Eu vim para Londres para ser escritora, esse sempre foi o meu único objetivo e eu nem se quer tenho perdido tempo a escrever. Não estou a fazer nada agora, por isso porque não aproveitar? Levantei-me e fui buscar o meu caderno, pondo-o em cima da pequena mesa de centro, assim como uma esferográfica preta. Pus um cinzeiro ao lado do caderno assim como o meu maço de cigarros e sentei-me com o caderno ao colo.

Escrevinhei umas quantas coisas enquanto fumava, acabando por fumar uns 5 cigarros e escrever durante 3 horas. Quando achei que tinha o que precisava fechei o caderno e pousei a caneta ao lado dele em cima da mesa.

Ouvi um som do outro lado da minha porta. Levantei-me e fui abri-la, dando de caras com um rapaz loiro de olhos azuis, estupidamente alto e todo vestido de preto. Um piercing no seu lábio chamou a minha atenção.

"Hm... Olá... Esta é a casa do Calum Hood?" ele perguntou envergonhado, com os olhos pousados nas mãos. Neguei silenciosamente com a cabeça.

"Nope, casa da Sky Mattis. O Calum vive noutro quarteirão." ele assentiu com a cabeça e levantou os olhos para mim estendendo a mão.

"Sou o... Hm... Luke. E desculpa ter incomodado. Tu... Sabes a morada do Calum ou assim?"

Apertei-lhe a mão e entrei em casa. Arranquei uma folha de um caderno e escrevinhei a morada nesta entregando-a a Luke. Olhei o loiro uma última vez enquanto ele agradecia baixo "Hm, Luke?" eu chamei-o antes de se ele ir embora. Ele virou-se. "Diz ao Cal que eu disse olá" ele assentiu com a cabeça e foi-se embora, descendo as escadas calmamente.

Voltei a fechar a minha porta e deitei-me no sofá, ligando a telvisão onde estava a dar um episódio de Californication e deixei-me estar assim até serem horas de trabalhar, quando me levantei, vesti e desci as escadas indo devagar até ao local onde me conpetia fazer algo útil.

(...)

Dizer que a noite fora longa era um eufismo. Como este era o último sabádo antes das férias de Natal os alunos iam à Pizzaria festejar, os pais iam aproveitar os seus ordenados de ínicio de mês e os outros iam lá porque não tinham um verdadeiro motivo.

Eu, como sempre, fora obrigada a correr de um lado para o outro e a servir as pessoas mais e menos exigentes com a mesma cara sorridente.

Portanto, quando cheguei a casa e vi Calum sentado nos meus degraus a minha linha de pensamento foi obviamente lenta e muito rude.

"O que é que estás aqui a fazer Hood?" eu disse. Okay, talvez demasiado seca, mas era 01:30 da manhã e eu tinha tido a noite mais movimentada da minha vida.

"Desculpa, Sky a sério." a sua voz saia meio que arrependido meio que assustada e desiludida, e verdadeiramente pela primeira vez, pensei o que é que se poderia ter passado na pobre vida do moreno para ele estar sentado nas minhas escadas à uma e meia da manhã. Sentei-me ao seu lado e suspirei, deixando os meus obros cair.

"Desculpa porquê Cal?" eu disse, a minha voz saiu num respiro rápido.

"Por estar aqui a esta hora, e pelo que te vou pedir a seguir." ele disse, a sua voz pouco confiante mas sem gaguejar, uma mania que o estava a ver a perder lentamente.

"O que é que aconteceu para estares aqui a estas horas e para me pedires o que vais pedir a seguir?" eu perguntei, repetindo tudo o que ele dissera anteriormente.

"Sabes o rapaz loiro que veio aqui hoje à tarde?" ele perguntou virando a cabeça para mim. Acenei com a cabeça "o Luke, o teu amigo, certo?" ele acenou afirmativamente e negativamente a seguir fazendo-me prestar a minha máxima atenção às palavras que sairiam da sua boca a seguir.

"Pois... Ele não é bem 'meu amigo', quer dizer eu não acho." franzi uma sobrancelha.

"O Luke é um antigo colega meu, nós tipo conhecemo-nos desde miúdos, mas bem, eu sou capaz de ter feito umas coisas. Okay ele também é capaz de ter feito umas coisas... Pronto, resumindo nós não gostamos lá muito um do outro, e ele, hm... Bem existe a pequena possibilidade de se ter trancado dentro de minha casa sem me deixar entrar (?)" ele disse enquanto coçava o pescoço meio embaraçado, mas ao mesmo tempo como se estivesse a rir-se da situação e ainda magoado.

Sorri fracamente para ele sentindo-me mal por ter dado a morada de Calum a um rapaz que não conhecia de lado nenhum, eu não o deveria ter feito.

"Desculpa Cal..." eu disse num sussurro. Ele sorriu fracamete para mim.

"Não faz mal Sky..." agarrei-lhe o braço com força.

"Ficas em minha casa, anda." eu disse levantando-me e subindo os poucos degraus que havia até à porta da minha casa abrindo-a e deixando Calum entrar.

Sky ☆Where stories live. Discover now