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O resto da semana passou mais rápido do que eu pensara e quando esta acabou o alivio passou por toda a minha pessoa.

E quando acordei às 11:30 de sábado um enorme sorriso espalhou-se pela minha cara. Desde que me mudara para Londres e alugara o meu apartamento sozinha que os fim de semanas eram a minha alegria. Vesti umas calças de ganga pretas e uma camisola justa branca com um casaco preto e a minha gola por cima. Comi cereais com fruta e calcei as minhas botinhas pretas antes de pôr o meu gorro e sair de casa. O sol reluzia dando à neve no chão um tom mais claro e fazendo-a brilhar. Sorri para o ceú aberto e entrei no Starbucks. Prendei a confusa Milie com o meu brilhante sorriso enquanto ela me servia do meu chocolate quente. Fui andando pela minha cidade a saborear a minha bebida. É engraçado como aprendi a amar esta cidade e tudo o que há nela. Cada detalhe, cada casa, cada esquilo, cada floco de neve, cada pessoa. Simplesmente aprendi a amar Londres pela magnifica cidade que é, e não me consigo fartar dela. Londres é a minha casa e não queria que fosse de outra forma. Sorri e continuei a andar até à London Bridge, atravessando-a devagar enquanto olhava o rio e apreciava o meu chocolate. O som da cidade atarefada inundava-me os ouvidos e a cabeça e não me importava porque os fins de semana em Londres me faziam feliz.

Parei a meio da ponte, encostando-me nesta. Havia imensos turistas a passar à minha volta e a passagem na ponte estava praticamente impossível. Como todos os fins de semana, este lugar de Londres estava com demasiadas pessoas e eu já me habituara ao movimento em demasia. Acendi um cigarro e inclinei-me olhando para a água. Dei mais um gole no meu chocolate. Era incrivel como a calma de não ter nada dali a umas horas me levava a apreciar o meu chocolate quente com prazer. Levei o meu cigarro aos lábios e puxei um bafo com força, travando e libertando o fumo em seguida. Mandei as cinzas para o rio e sorri. Isto era tão sereno, tão bonito.

"Incrível a forma como estás em todo o lado." olhei para o lado e vi Calum ao meu lado a olhar para o rio e para o meu cigarro. A forma como ele falara à vontade surpreendera-me e fizera-me soltar um riso surpreendido.

"Eu acho que me andas a seguir." eu disse, sorrindo, e depois voltando o meu olhar novamente para a água.

"Sim Sky, é isso." ele disse irónico. Calum parecia à vontade, mas ele era tão estranho.

"Gostas-te do jantar do outro dia?" eu perguntei curiosa pois não falara com ele desde ai.

"Hm hm..." ele assentiu voltando à sua timidez.

"Hey Hood?" eu perguntei tentando chamar a sua atenção.

Ele olhou para mim e abanou a cabeça mostrando que estava a ouvir.

"Porque é que andas sempre sozinho na Universidade?" ele baixou os olhos novamente para o rio.

"Podia fazer-te a mesma pergunta." ele disse baixinho. Ri-me.

"Touché."

Ele levantou os olhos e sorriu.

"Então... E o que é que te traz à movimentada London Bridge?" eu perguntei apagando o meu cigarro no pedaço de metal à minha frente e dando um piparote na beata para longe de mim.

"Talvez ande a seguir-te." ele disse, sem qualquer ironia ou brincadeira na sua voz.

"Hm... Isso é assustador mas porquê?"

Ele encolheu os ombros.

"Quis passear. Eu venho aqui todos os sábados." abri a boca e olhei para ele à procura de um indício de gozo mas este não existia.

"Eu venho aqui todos os sábados! Como é que nunca te vi?"

Ele olhou para mim.

"Sejamos honestos Sky. Eu pareço um chinês. E eles são todos iguais." e pela primeira vez vi Calum Hood desfazer-se em gargalhadas, acabando por me deixar acompanha-lo, no seu riso incessável. A verdade é que estão constantemente a passar asiáticos nesta ponte e Calum... Bem, perde-se um pouco entre eles. Ele é bonito, é mesmo, mas parece um pequeno asiático e apesar de isso parecer adorável nele era um facto. Desencostei-me da barra de metal e fiz sinal a Calum para vir comigo. Ele colocou-se ao meu lado e andou comigo.

"Então Hood... Calculo que hoje te vá pagar o almoço também?" eu sorri para ele com as minhas mãos atrás das costas e um olhar convidativo. Podia não estar bem monetariamente, mas Calum era a única pessoa com quem falava em meses que não me desse dinheiro ou mo pedisse.

Ele sorriu. "Acho que hoje é a minha vez Sky" inclinei a cabeça para o lado. O Calum sorridente e menos tímido era uma ótima companhia e gostava de passar tempo com ele.

"Mas Cal, eu assim fico a dever-te uma outra vez" olhei para ele meio receosa para ver se ele aceitava o pequeno diminutivo adorável. Ele pareceu não reparar porque olhou para mim com uma expressão neutra "Então se calhar é suposto ficares eternamente a dever-me uma." ele sorriu e eu andei ao lado dele, deixando-o escolher onde íamos almoçar. Ele acabou por escolher um restaurante qualquer dos anos 50, onde as empregadas andavam de patins a servir às mesas. Ele pediu um hambúrguer simples e eu uma salada com salmão enquanto a empregada olhava Calum num olhar atento, fazendo-lhe olhinhos. Revirei os olhos e mais uma vez veio-me à mente o facto de um rapaz como ele estar sempre sozinho. Ele era bonito, e era muito simpático quando não estava escondido atrás da sua mascára de vergonha.

"Então... Cal... És de onde mesmo?" eu perguntei querendo saber mais do menino moreno à minha frente.

"Hm... Sidney... Austrália..." sorri assentido que sabia o local. "E tu?" ele perguntou.

"O que é que tu achas?" eu disse franzido uma sobrancelha.

"Hm... Tu és definitivamente americana." ele disse avaliando-me um pouco. Voltei a franzir a sobrancelha. "Porque dizes isso?"

Ele levantou a mão.

"Em primeiro lugar" estendeu o dedo indicador "tens um sotaque americano que se topa a quilómetros, em segundo" estendeu o dedo do meio ficando com dois dedos estendidos no ar "tu andas demasiado sozinha para uma Inglesa aceite pela sociedade" sorriu e levantou o dedo anelar, agora com três dedos "e terceiro, és demasiado morena para uma inglesa." ele baixou a mão e sorriu.

Ri-me acenando com a cabeça para lhe dar razão. Eu não era definitivamente Inglesa, mas também não era completamente americana. Nada me definia, porque eu era apenas Sky. Ele sorriu e a empregada apareceu com os nossos pedidos. Estávamos a meio da refeição quando uma morena com um vestido vermelho justo, umas botas de salto alto pretas e um casaco de peles se chegou perto de nós.

"Olá Calum" ela disse com um tom cínico na voz. Oh boa, já vinha dai confusão. Calum pareceu desconfortável.

"Hm... Olá Carly..." ele disse com uma mão no pescoço. Ela olhou para mim.

"Quem é esta?" ela apontou o seu dedo com uma unha perfeitamente pintada de vermelho à minha pessoa. Revirei os olhos e comi uma garfada da minha salada com um sorriso cínico para ela.

"Hm... É a Sky..." ela revirou os olhos e cruzou os braços.

"Fantástico Calum, agora andas com esta de um lado para o outro. Vê se ganhas vergonha nessa cara!" e com isto saiu da sala. Engoli a minha salada e olhei para Calum que fitava o seu hambúrguer como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

"Uma ex-namorada?" eu perguntei, levando uma garfada aos lábios.

Ele dera uma dentada no seu hambúrguer e engasgou-se quando eu fiz esta pergunta.

"Não! Oh meu deus não!" tossiu mais um pouco "ela é, hm... A minha madrasta"

Abri os olhos em surpresa. Apontei para o sítio de onde a mulher tinha vindo. "Aquela é a tua madrasta? Oh meu deus eu dava-lhe 20 anos nas mais loucas probabilidades!" ele encolheu os ombros.

"É, o meu pai precisava de alguma coisa que... Bem tu entendes, e a Carly tem 46 e bem umas plásticas não aleijam ninguém, pelo menos é o que ela diz..." ri-me.

"Bem, Cal, foi um prazer conhecê-la."

Ele sorriu embaraçado "Ela é um bocado cabra." soltei uma gargalhada.

"Deu para perceber" ele sorriu e acabámos a nossa refeição saindo do restaurante.

Sky ☆Where stories live. Discover now