Eternamente ( INCOMPLETO)

Capítulo 2

Gabe

— É um absurdo tudo isso. Como ele foi capaz de fazer e bem na minha frente? Ele deveria ter medo de ficar sem as bolas dele. Eu faria de bolinha de ping pong com elas. Mas, não, ele ainda foi dar cartão pra você, que aceitou como se o conhecesse há anos. Você não assiste jornal? Pessoas que marcam encontro e morrem. Pois é, isso acontece com mais frequência do que você imagina. Imagino eu, indo no seu velório, que triste. Mesmo assim, eu falaria para todos que eu tinha avisado, mas ninguém me escuta, claro. Nem tenho roupa pra isso.

Falei mesmo. Joguei na mesa o que eu achei dessa barbaridade de convite. Eu achei tudo isso uma falta de respeito comigo, que fiquei segurando não era nem vela, era um castiçal mesmo, e com velas de sete dias.

Ah, mas você sai com outras mulheres e a Emy não pode sair? Pode! Mas eu vi no olhar dos dois que eles se conectaram de alguma forma. Ele ficou de sorrisos pra ela, todo encantado.

— Gabe, já parou de reclamar? As pessoas estão olhando pra gente. – sussurrou.

— Eu não estou nem ai para elas. Eu vou pagar o que vou comer, e tenho o direito de esbravejar o quanto eu quiser. Aliás, se eu quiser, eu posso colocar um divã bem aqui, pagar um psicólogo, e ele escutar toda a mágoa que você deixou em mim. Porque você vai sair com ele? Ele pode ser um louco! – uma lágrima escorreu, e eu fiz a cara de inocente.

Eu não tenho culpa que tinha facilidade para chorar, e usava isso a meu favor, mesmo que seja de vez em quando. Só usava esse método quando realmente fosse preciso, e esse era um caso de muita precisão.

— Você já falou, já dramatizou, e já me falou o que pensa. Será que eu posso falar agora?

— Claro, mas pense nas palavras para não me magoar mais.

— Sem dramas, por favor. – revirei os olhos. — Gabe, porque você está fazendo todo esse show? Por causa de um convite do seu amigo?

— Cliente. – a corrigi.

— Não interessa o que ele seja, Gabe. Eu aceitei sair com ele, porque ele me interessou, do mesmo jeito que você sai com todas aquelas mulheres.

— Mas eu não vou me casar. E eu não olho encantado para elas do mesmo jeito que se olharam.

— Nossa! E quem disse que eu vou me casar com o George? – riu com ironia.

— Era quase isso. Só faltou sair balões de coração, ele ajoelhar e tirar uma aliança da caixinha, porque de resto, teve de tudo. Quase que eu perguntei que hora você iria jogar o buquê.

— Meu Deus, Gabe! Você tem uma imaginação fora do normal. Era uma conversa informal, pelo amor de Deus. – reclamou.

— Eu nem quero entrar em discussão sobre essa tal conversinha, mas o meu coração está com buraquinhos. Eu vi o jeito que ele pra você. Pelo menos, você deveria falar com ele primeiro antes de sair.

Ela riu. Como assim? Ela riu de mim? Eu estava falando de um assunto sério, e ela fica com essa casa, como se eu estivesse contando a piada do ano.

— Vamos mudar de assunto, por favor? Daqui a pouco o nosso jantar chega, e eu não quero falar sobre isso. – disse, mas eu sei que esse assunto não acabou por aqui. — E eu nem sai com ele pra você se estressar desse jeito. Você sabe que esse choro não me comove.

— É, eu sei. Esse choro não funciona com ninguém. – sorri, segurando a sua mão. — Vamos jantar na tranquilidade.

Eu não queria mais falar sobre isso, por agora. Queria comer em paz, na presença da minha melhor amiga, no nosso restaurante favorito, e sem pensar em terceiros. Apenas nós dois, uma bela massa que iríamos comer, e um vinho maravilhoso que estávamos bebendo. Não teríamos o George entre nós naquele momento.